ITATIBA

Zooparque faz reprodução inédita de ave ameaçada

Filhotes de pato-mergulhão nascidos em parque ajudam a recompor população nativa do Brasil Central; ovos foram capturados na natureza em Patrocínio (MG)

Rogério Verzignasse
09/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:06
Presença do pato-mergulhão indica equilíbrio ambiental ( Divulgação)

Presença do pato-mergulhão indica equilíbrio ambiental ( Divulgação)

O Zooparque Itatiba faz parte de um projeto nacional para a preservação do pato-mergulhão, ave que corre o risco de desaparecer por causa da poluição dos rios e do desmatamento. Com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o zoológico promove a reprodução da espécie em cativeiro a partir da coleta de ovos na região de Patrocínio, em Minas Gerais. E o trabalho dá frutos.Hoje, o zoo já conta com dois jovens machos: um nasceu no próprio parque e outro foi resgatado após ser abandonado pelos pais.   A captura dos ovos, em julho do ano passado, foi coordenada por Alexandre Netto Armando, responsável técnico pelo Departamento Veterinário do zoo, que também atua como consultor do projeto junto ao governo federal. Ele conta que a expedição pelos rios da Serra da Canastra conseguiram coletar apenas dois ovos, já que a espécie faz ninhos em locais de difícil acesso, como covas de rochas, troncos de árvores e barrancos.   Apenas um vingou   Dos ovos trazidos para Itatiba, apenas um vingou. Mas isso bastou encher o veterinário de orgulho. “Nunca tinha nascido um pato-mergulhão em cativeiro”, fala.A meta do projeto é criar dez patos reprodutores. A médio prazo, se pretende promover o aumento populacional da espécie, que hoje se resume a apenas 250 indivíduos. A assistência especializada garante a sobrevivência dos filhotes para que, em seguida, eles possam ser soltos na natureza.   Em junho, equipes do Zooparque e ambientalistas de organizações não governamentais (ONGs) do Tocantins vão vasculhar os rios do Jalapão à procura de mais ovos. Os filhotes que crescem no parque são mantidos em recinto especial, protegido da ação de possíveis predadores. O acesso é aberto ao público.   Em nenhum momento, afirma Netto, se pensou em trazer um casal adulto para o zoo. “Seria muito baixa a chance de sobrevivência no cativeiro de um pato-mergulhão adulto, tirado da natureza”, diz. Presença da espécie indica equilíbrio ambientalO pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) tem bico longo serrilhado, cabeça e pescoço negros. O resto do corpo tem diferentes tons de cinza. A espécie vive em rios de pouca profundidade e correnteza rápida. A Chapada dos Veadeiros (GO), o Jalapão (TO) e a Serra da Canastra (MG), regiões do Centro-Sul do Brasil, concentram quase a totalidade dos exemplares notificados. A espécie se alimenta, basicamente, de pequenos peixes. O mergulhão é um indicador efetivo da qualidade das águas, pois sobrevive apenas em ecossistemas ambientalmente equilibrados, com cursos d’água limpos e transparentes. A sua presença indica ótimo estado de preservação do ambiente. A degradação do meio ambiente coloca a ave em sério risco de extinção.   A qualidade dos rios cai em decorrência da destruição das matas ciliares, uso de pesticidas nas lavouras ribeirinhas, mineração, construção de barragens a atividades esportivas inadequadas, que modificam os ambientes aquáticos.   Maior zoológico particular O Zooparque Itatiba, maior zoológico particular do Brasil, foi fundado em 1989 e nunca recebeu subsídio público para se manter. São 500 mil metros quadrados de área verde, que no passado eram tomados por cafezais. São cerca de mil animais de 180 diferentes espécies, entre elas algumas ameaçadas de extinção.O Zooparque desenvolve com os visitantes os conceitos de educação, pesquisa e conservação. O visitante pode apreciar uma grande biodiversidade de aves, mamíferos, répteis e anfíbios. Também há rinocerontes brancos, elefantes, hipopótamos e girafas, em recintos que reproduzem variados ecossistemas espalhados pelo planeta.O Zooparque Itatiba fica a 35 quilômetros de Campinas, no km 95,5 da Rodovia D.Pedro I, e funciona diariamente das 9h às 17h. De segunda a sexta-feira, os ingressos custam R$ 30,00 para adultos e R$ 10,00 para crianças de 3 a 11 anos. Os preços sobem para R$ 35,00 e R$ 18,00 nos finais de semana. O estacionamento custa R$ 10,00.O site Zooparque é rico em imagens e informações detalhadas sobre os animais expostos à visitação. Contatos podem ser feitos pelo telefone (11) 4487.8883 ou pelo e-mail [email protected].

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