ESC NDALO NA C MARA

Zé Carlos voltará ao trabalho para pedir novo afastamento

Vereador suspeito de corrupção teve assessores exonerados por Debora Palermo

Rodrigo Piomonte
21/10/2022 às 17:26.
Atualizado em 21/10/2022 às 17:26
Investigado por suspeita de corrupção e prática de rachadinha, o vereador e presidente afastado da Câmara, Zé Carlos, reassumirá o cargo apenas para cumprir o regimento interno (Kamá Ribeiro)

Investigado por suspeita de corrupção e prática de rachadinha, o vereador e presidente afastado da Câmara, Zé Carlos, reassumirá o cargo apenas para cumprir o regimento interno (Kamá Ribeiro)

Personagem central de um dos maiores escândalos de corrupção dos 200 anos de história da Câmara Municipal de Campinas, o vereador e presidente afastado do Legislativo, Zé Carlos (PSB), vai reassumir a cadeira assim que vencer a licença de 30 dias pedida na ocasião da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar a denúncia de pedido de propina por parte do parlamentar. O retorno ao trabalho está previsto para o dia 31 de outubro em meio a um clima turbulento. Dois assessores comissionados ligados a Zé Carlos foram exonerados pela vereadora Debora Palermo (PSC), que assumiu a direção da Casa após o seu afastamento. Um deles é suspeito de ligação com o caso das "rachadinhas", quando o assessor divide com o parlamentar parte do salário, alvo de investigação do Ministério Público.

A expectativa da volta do parlamentar inclusive movimentou a última reunião da CPI da Propina. Os vereadores preocupados com o retorno de Zé Carlos à presidência da Casa avaliaram pedir ao MP que o vereador investigado permanecesse afastado enquanto durar os trabalhos da comissão. O retorno de Zé Carlos à Câmara vai ocorrer para que o parlamentar possa pedir um novo afastamento. Pelo rito, Zé Carlos reassume e no mesmo dia deixa a presidência da Câmara pela segunda vez, "em respeito às investigações em andamento", afirma a defesa do vereador. 

Zé Carlos enfrenta denúncias de pedido de vantagens indevidas para prorrogar contratos terceirizados ligados ao Legislativo. As denúncias motivaram a instalação da CPI na Casa após áudios de conversas entre Zé Carlos com um empresário responsável pelo contrato da TV Câmara serem divulgados. O diálogo gravado sugere que o vereador negocia o pagamento de propina em troca da renovação do contrato. A defesa do vereador nega.

A partir do novo afastamento de Zé Carlos da presidência da Câmara, a vereadora Debora Palermo, atual presidente em exercício, deve se manter à frente da mesa diretora. Debora demitiu Eneisa Martins, que exercia o cargo de subsecretária de Assuntos Estratégicos, e Rogério Eduardo Sandoval, chefe de gabinete da Presidência. Sandoval era responsável por dirigir o veículo usado por Zé Carlos. Na ocasião do roubo do carro da presidência da Câmara era o assessor que estava ao volante.

Sandoval também é um dos assessores de Zé Carlos investigado no caso das 'rachadinhas'. Sob ele pesa a suspeita de movimentações atípicas em sua conta corrente. Num primeiro momento, ele recusou a mostrar os extratos bancários de sua conta ao Ministério Público, mas depois decidiu entregar a documentação ao promotor Angelo Carvalhaes, que investiga a retenção de dinheiro de assessores por parte de vereadores na Câmara de Campinas.

"Depois que os autos do inquérito civil retornaram do Conselho Superior do Ministério Público, negando provimento ao recurso interposto pelo vereador José Carlos Silva, retomamos as investigações. E a defesa do vereador apresentou os extratos bancários dos assessores do gabinete e também de dois da presidência, os quais no início haviam se recusado a apresentá-los. O Rogério Sandoval é um deles. Neiza eu não ouvi ainda em audiência, nem lhe pedi os extratos bancários", disse o promotor.

Ainda segundo o promotor, na última segunda-feira, dia 17, foram ouvidos em audiências virtuais, novamente, o subprefeito de Nova Aparecida, Nilton Cesar de Souza, e dois servidores comissionados da mesma subprefeitura, para esclarecimentos sobre lançamentos atípicos em seus extratos bancários apresentados anteriormente. O promotor esclarece que esses três não haviam recusado a entrega dos extratos.

Nas oitivas, o promotor informou que o subprefeito tentou justificar os vários depósitos em sua conta bancária provenientes do chefe de gabinete Rogério Sandoval, bem como dos outros dois servidores da subprefeitura ouvidos um pouco antes. 

O advogado Ralph Tórtima Junior, que defende o vereador Zé Carlos na investigação do MP que apura as denúncias de 'rachadinha', informou que foram analisados todos os extratos do assessores do vereador, tendo ficado evidente a inexistência da chamada "rachadinha". "Acredito que também será essa a conclusão do Ministério Público, pois é o que revelam os extratos", disse a defesa.

Sobre a demissão dos assessores ligados ao vereador Zé Carlos às vésperas de vencer o período de 30 dias de afastamento do cargo de presidente, a assessoria de imprensa da Câmara esclarece que a vereadora Debora Palermo exerceu um direito da presidência de, com todo o respeito aos envolvidos, exonerar as duas pessoas comissionadas nos cargos de confiança em questão. Em nota a assessoria informa que a presidente está avaliando possíveis substitutos para ambos os cargos.

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