ABASTECIMENTO

Volume do Cantareira afasta uso da reserva técnica

O Sistema está chegando ao final de maio com um volume de água três vezes maior que há um ano, quando os reservatórios ainda operavam na faixa do chamado volume morto

Maria Teresa Costa
28/05/2016 às 19:50.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:15
Represa do Sistema Cantareira, em Nazaré Paulista, apresenta volume de água três vezes maior que há um ano, quando os reservatórios operavam na faixa do volume morto: chuva superou a média histórica de maio (Leandro Ferreira/ AAN)

Represa do Sistema Cantareira, em Nazaré Paulista, apresenta volume de água três vezes maior que há um ano, quando os reservatórios operavam na faixa do volume morto: chuva superou a média histórica de maio (Leandro Ferreira/ AAN)

O Sistema Cantareira está chegando ao final de maio com um volume de água três vezes maior que há um ano, quando os reservatórios ainda operavam na faixa do chamado volume morto — quantidade de água existente abaixo das comportas das represas. Com o atual volume armazenado, de 650 bilhões de litros, o sistema não voltará a operar no volume morto este ano, mesmo se a seca de 2014 se repetir nos próximos meses, informa estudo da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp), operadora do sistema. Nesse cenário, o Cantareira chegará ao final do ano com 3% de volume útil. Situação que não traz tranquilidade, alerta o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Esse nível indica que o risco de racionamento será grande e que a região de Campinas já estará dentro das regras de restrição, que começaram a valer em janeiro de 2015 e que entram em ação quando os reservatórios estiverem operando abaixo dos 5%. “As regras obrigam as empresas de saneamento, a indústria e a agricultura a reduzirem a retirada de água nos mananciais. Se os rios estiverem com baixa vazão, o risco de cortes no fornecimento será grande”, disse o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad. Essas regras estabelecem cotas de corte de captação de 20% para abastecimento humano e 30% para uso industrial e irrigação nas cidades que se abastecem dos rios Piracicaba, Camanducaia e Jaguari e passam a valer quando os reservatórios estão abaixo de 5% e rios atingirem cotas de vazão pré-definidas em vários pontos da bacia. Saad lembra que a situação atual é melhor que a do ano passado por causa das chuvas abundantes no Verão e pelas regras operativas adotadas no sistema que reduziram muito o envio de água para as regiões de Campinas e de São Paulo. Elas permitiram segurar água dos reservatórios, enquanto os rios estão com boa vazão. “Mas ainda corremos risco de uma seca como a de 2014 se repetir. O fato é que não é possível saber o que vai ocorrer nos próximos meses e o que temos são cenários traçados diante de diferentes volumes de entrada e saída de água dos reservatórios”, disse. Chuva Mesmo com a redução da chuva em maio, mas ainda acima da media histórica do mês, o volume armazenado vem subindo. “A grande vantagem que temos é que a chuva de Verão permitiu a recuperação do sistema e deu uma recarga no lençol freático, nos mananciais. Os rios estão com boa vazão agora, mesmo com a redução de chuvas”, afirmou. Segundo Saad, se a chuva cair com regularidade dentro da média histórica, a região conseguirá passar a estiagem e chegar ao final de setembro sem usar o volume morto e possivelmente operando na faixa de 25% a 30%. Mas se a seca vier como em 2014, aí a situação será crítica. Se o cenário de 2015 se repetir, informa o estudo da Sabesp, o Cantareira chegará ao final do ano operando com 7,8% do volume útil, ainda assim abaixo da faixa de segurança estipulada em 20% pelos gestores do sistema. Reservatórios operavam no sábado (28) com 36% da capacidade O Sistema Cantareira operou no sábado em 36% da capacidade — se considerar o volume morto, o nível de operação sobe para 66,2%. Há um ano, os reservatórios estavam trabalhando com 19,6%, mas dentro da cota do volume morto. O volume de chuva que está caindo este mês já superou a média histórica de maio, de 78,2 milímetros (mm). Até ontem havia chovido 87,1mm. Os reservatórios estão segurando quase toda a água que deveria ser destinada às Bacias PCJ, porque o nível dos rios está satisfatório e garante com tranquilidade o abastecimento das cidades. Ontem, o Cantareira enviou apenas 0,4 metro cúbico por segundo (m3/s) para a região de Campinas, sendo metade da vazão no Rio Jaguari e metade no Atibaia. Ainda assim, o principal manancial de Campinas, o Rio Atibaia, que abastece 95% da cidade, registrou vazão de 31,4 m3/s, volume sete vezes maior que aquele que a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) está autorizada a retirar do rio para o abastecimento público.

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