Vitória de filho de Edson Moura no TSE é celebrada nas ruas, mas também mobiliza opositores
O vice de Moura Jr., Francisco Almeida Bonavita, comemora a vitória no TSE com aliados em bar de Paulínia: início de articulações (Elcio Alves/ AAN )
No dia seguinte à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — que considerou válida a candidatura de Edson Moura Júnior (PMDB) e o devolveu ao cargo de prefeito de Paulínia — o clima na cidade foi o de fim de eleição.
Durante todo o dia, carros trafegaram pelas principais ruas com bandeiras usadas na campanha eleitoral. Fogos de artifícios, que começaram a ser disparados na madrugada, seguiram durante toda a tarde.
Um grupo de pessoas ligadas à família Moura também comemorou com um churrasco em um bar próximo ao Centro, ao som do jingle que fez parte da campanha publicitária da candidatura do pai de Moura Júnior, o ex-prefeito Edson Moura (PMDB).
Por outro lado, indignado com a decisão, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral promete encaminhar um abaixo-assinado em protesto a Brasília. Em nota, o atual chefe do Executivo, que ficou em segundo lugar nas eleições, José Pavan Júnior (PSB), informou que vai recorrer da decisão. Seu pedido será apreciado pelos mesmos ministros que decidiram a favor de Moura Júnior — foram cinco votos a um a favor de seu mandato. Não há data para a posse do novo prefeito.
Em nota, Pavan declarou que acredita na Justiça e disse que “não pode mais aceitar manobras políticas”. Em seguida afirmou que seus “adversários foram flagrados por compra de votos e estão com processo movido pelo próprio Ministério Público”.
Edson Moura saiu da disputa na véspera da eleição para não correr o risco de ganhar e não poder assumir, uma vez que responde processo pela Lei da Ficha Limpa. Em uma articulação, a poucas horas do pleito, colocou em seu lugar o próprio filho. O caso foi parar na Justiça e a decisão do TSE foi proferida anteontem — o tribunal entendeu que a manobra feita pelo candidato não feriu a legislação.
Até o final da tarde de ontem, pai e filho ainda estavam em Brasília. Eles acompanharam de lá o julgamento do processo, que chegou a ser retirado várias vezes da pauta para análise dos ministros, adiando a decisão.
Nas comemorações em um bar da cidade, o vice de Moura Júnior, Francisco Almeida Bonavita (PTB), acompanhava aliados. Segundo ele, até que o novo prefeito tome posse, o grupo se articulará para montar sua equipe de governo e consolidar a base de apoio na Câmara.
Posse
De acordo com o TSE, não há previsão para que Moura Júnior assuma o comando de Paulínia. Pavan terá o prazo de três dias para entrar com recurso após a publicação do acórdão, mas não há data que isso ocorra.
Ele poderá entrar com um embargo de declaração e, mais tarde, se sair derrotado novamente, com um recurso extraordinário que será encaminhado diretamente à ministra Carmem Lúcia, que votou pela validade da candidatura de Moura Júnior.
Só depois de serem cumpridas essas fases é que o processo volta para as mãos da Justiça Eleitoral de Paulínia, que validará a sua vitória nas urnas. O filho de Edson Moura foi eleito com 44,01% dos votos. Pavan, que disputou a reeleição, conseguiu 34,99% dos votos.
Nas ruas
Durante o dia de ontem em Paulínia, a mudança do prefeito foi o assunto mais comentado nas ruas. Muita gente acompanhou a votação transmitida pela TV Justiça na noite de anteontem. O taxista Valdeval Mariano, de 38 anos, disse que as pessoas estavam ansiosas pela decisão. “A verdade é que ninguém se lembra que ele (Moura) é ficha-suja. Está todo mundo eufórico com a decisão.”
Um dos argumentos do Ministério Público para pedir que a candidatura de Moura Júnior fosse cassada foi a de que ele havia agido de má-fé ao sair da disputa na noite que antecedeu a eleição, o que fez com que os eleitores não tivessem tempo de ser informados e votassem no filho acreditando ser o pai — já que sua foto foi a que constou nas urnas. A lei permite a substituição até a véspera do pleito.
A desempregada Richelen Evelin Araújo, de 17 anos, disse que votou em Moura Júnior sabendo da substituição, mas que muita gente foi enganada. “Saiu na rádio, mas a gente acredita que ele seguirá os mesmos planos do pai dele. Quem votou no pai, votaria no filho”, disse.