CENTRO DE CAMPINAS

Vizinhos vão à Justiça contra degradação do Viaduto Cury

Comerciantes e profissionais liberais da região do viaduto cobram da Prefeitura de Campinas a revitalização da área

Rogério Verzignasse
01/07/2013 às 07:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:56

Os comerciantes e profissionais liberais estabelecidos na primeira quadra da Avenida João Jorge, quase debaixo do Viaduto Cury, na região central de Campinas, pretendem recorrer à Justiça para exigir, da Prefeitura, a revitalização do trecho, que se transformou em um beco abandonado há quase duas décadas. No período, o refeitório desativado da guarda-mirim (que funcionava debaixo do viaduto) virou um esconderijo para mendigos, drogaditos e assaltantes. Incomodados com a degradação (e com os crimes corriqueiros), os cidadãos construíram uma parede de blocos para impedir o acesso de desocupados ao interior do antigo refeitório. Mas, do lado de fora, a situação nunca mudou. O lixo e as fezes se espalham pela calçada e pelo asfalto. A boca de lobo entupiu e a lâmpada do único poste queimou.A construção do cinquentenário viaduto, na verdade, transformou a quadra em um ponto deserto. Todos os motoristas que circulam pela João Jorge em direção ao Centro acessam o viaduto. E os 80 metros restantes da avenida (entre a Rua Francisco Teodoro e o muro da via férrea) só serve de estacionamento para quem trabalha nas imediações. Quem dirige por ali se espanta com a cena. Há galpões abandonados e imóveis tomados por pichações. As grades fechadas, os cadeados e câmeras de segurança denunciam que o risco de assaltos é imenso.Quem representa os comerciantes estabelecidos por ali é o advogado Fernando Salvador Neto, português de 57 anos, estabelecido na quadra há pouco mais de uma década. Ele (que já foi assaltado) tirou dinheiro do próprio bolso para comprar blocos, pagar pedreiros e bloquear o acesso público ao velho refeitório. Ele também esteve à frente do grupo de cidadãos que, por conta própria, taparam rombos e aumentaram a altura do muro da via férrea. Conseguiu, ao menos, impedir a fuga de pequenos assaltantes que atacavam suas vítimas e se enfiavam no matagal, na beira da linha.Até hoje, quem tinha seu negócio por ali se conformava com a falta de atenção do poder público e com o visual decadente da quadra. A mobilização atual dos vizinhos, no entanto, tem uma explicação. O antigo refeitório — que toma mil metros quadrados — se tornou opção (supostamente debatida pelo poder público) para novas instalações da Casa da Cidadania, hoje localizada do outro lado do viaduto. Apesar da importância do serviço prestado (que acolhe e alimenta moradores de ruas), os comerciantes da região — historicamente — reclamam que a casa serve de reduto para muita gente que, definitivamente, não precisa de ajuda. “Há, sim, pessoas pobres que precisam de amparo. Mas a casa é frequentada por muita gente que passa o dia se drogando e cometendo delitos. A casa os alimenta. E eles nunca vão sair dali”, afirma o advogado. A Casa da Cidadania , de fato, preocupa os prefeitos que se sucedem no Palácio dos Jequitibás. A transferência do serviço para outro ponto seria uma medida eficaz para a sonhada revitalização do trecho do Centro degradado pela prostituição, pelo tráfico de drogas e pelo comércio informal descontrolado.A instalação da Casa da Cidadania no antigo refeitório da guardinha só serviria, segundo o advogado, para mudar o problema de lugar. O imóvel, que contava com dormitórios e banheiros, poderia, a seu ver, ser reformado e transformado em uma creche, por exemplo. Os vizinhos já organizam um abaixo-assinado para protestar contra a hipotética transferência da Casa da Cidadania para o beco. E o documento vai ser um instrumento importante na prometida ação judicial contra a Prefeitura.Prefeitura não confirma mudançaA Prefeitura de Campinas admitiu nesta quarta-feira que, de fato, a Casa da Cidadania vai deixar suas instalações atuais, dentro de proposta de revitalização do entorno do Viaduto Cury. Mas a secretaria municipal de Assistência, Cidadania e Inclusão Social, Janete Valente, informou por meio da assessoria de imprensa que ainda não existe qualquer definição sobre a localização da nova sede. A indignação do grupo representado pelo advogado Salvador Neto (alarmado com a suposta transferência para o antigo refeitório da guardinha) revela, sim, uma preocupação de empresários e profissionais liberais com a “higienização” do Centro. Mas a ação social, segundo a secretária, vai muito além da remoção dos moradores de rua. O poder público quer aprimorar o serviço prestado a moradores de rua e usuários de crack, que precisam ser acolhidos, identificados, cadastrados, tratados e encaminhados.  MovimentoAs pessoas interessadas em fazer parte do movimento dos empreendedores pela revitalização da Avenida João Jorge podem entrar em contato com o advogado Fernando Salvador Neto pelo e-mail [email protected].

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