ABANDONO

Vítimas denunciam Cometa por falta de assistência

Analista de comunicação, acidentada em outubro, aguarda contato da empresa há seis meses

Inaê Miranda
03/04/2013 às 08:14.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:02
Raquel Torres mostra raio X da fratura que teve na perna esquerda no acidente com ônibus da Cometa em outubro: sem assistência (Antonio Trivelin/ Gazeta de Piracicaba )

Raquel Torres mostra raio X da fratura que teve na perna esquerda no acidente com ônibus da Cometa em outubro: sem assistência (Antonio Trivelin/ Gazeta de Piracicaba )

Além dos traumas físicos e psicológicos, as vítimas dos dois últimos acidentes envolvendo ônibus da Viação Cometa, que faziam o itinerário Campinas-São Paulo-Campinas, reclamam do descaso e da falta de assistência da empresa para a cobertura das despesas com procedimentos médicos. Um dos acidentes ocorreu no dia 8 de outubro de 2012.

O ônibus, que saiu de Campinas e seguia para a Capital com 46 passageiros, bateu na traseira de um caminhão. Sete pessoas ficaram feridas. Uma das vítimas morreu um mês após o acidente devido a complicações decorrentes do acidente e, segundo os familiares, não houve assistência da empresa sequer para o funeral.

A analista de comunicação Raquel Motan Torres, de 30 anos, continua aguardando o contato da empresa para receber assistência seis meses após o acidente. Raquel teve fratura na perna esquerda e lesões de ligamentos na perna direita. Por conta disso, precisou ficar com as duas pernas imobilizadas por dois meses.

As cirurgias, a fisioterapia e os curativos ficaram por conta do seu convênio médico. Para as outras despesas, ela foi obrigada a tirar os recursos do próprio bolso. “Precisei comprar cadeira de banho, andador, tive de contratar enfermeira, comprar remédios, pagar a ambulância todas as vezes que precisei ir ao médico porque o convênio não cobria. O gasto foi grande e a assistência da Cometa nenhuma”, afirmou.

Diene da Silva Simplício, de 30 anos, sofreu fratura no fêmur e passou por cirurgia, mas no dia 3 de novembro morreu devido a complicações. Diene deixou a filha Vitória, de 7 anos, e o marido, Juliano Simplício. Segundo os familiares faltou assistência da empresa de ônibus até para o funeral.

“Ela teve alta do Centro Médico, em seguida, precisou de cadeira de banho, transporte, mas precisamos arcar sozinhos com isso. Minha sobrinha precisou de apoio psicológico, devido ao trauma da morte da mãe, mas em nenhum momento a empresa se dispôs a ajudar”, afirma a cunhada, Luana de Freitas Simplício.

Outra vítima do acidente, Mariana Aparecida da Silva, de 27 anos, que teve fraturas nos tornozelos, disse que só conseguiu algum apoio da empresa depois de insistir muito. “Fiz a primeira cirurgia pelo SUS e as outras três a empresa cobriu os custos, além da fisioterapia. Mas isso, porque ficamos em cima desde o começo”, disse.

No último acidente, no dia 29 de março, o ônibus, que fazia a linha São Paulo-Campinas transportava 33 passageiros, além do motorista. O acidente foi provocado por um passageiro que puxou o volante do veículo. Pelo menos 25 foram socorridas a hospitais da região com algum ferimento e três pessoas morreram. Cinco pessoas da família do vendedor Jonatan Messias Leite estavam no ônibus, entre elas a filha Heloísa, de 2 anos.

Mas a situação mais grave é a da sua tia, Clarice Messias, de 48 anos, que teve fratura em duas costelas. Ela teve alta, mas está com complicações. “Está com muita falta de ar e dor. Estamos comprando remédios no cartão de crédito”, afirmou Messias.

A Cometa

Em nota, a Cometa disse que o envio de assistência social para o local de um acidente é a primeira providência desencadeada para garantir o apoio a passageiros e familiares.

Também ressaltou que solicitou à corretora de seguros que refaça contato com os passageiros e familiares cadastrados e atenda as solicitações pertinentes às consequências do acidente.

Procon alerta

A diretora do Procon de Campinas, Lúcia Helena Magalhães, ressalta que a empresa tem a responsabilidade objetiva de reparar os danos causados às vítimas independentemente da existência de culpa.

A assistência implica em transporte de vítimas e familiares que estejam no apoio das pessoas internadas, pagamento de todas as despesas hospitalares e de medicamentos, além de alimentação para que as pessoas tenham perfeitas condições de se reestabelecer.

“Ela também pode requerer em juízo indenização por danos materiais e morais relacionados aos prejuízos sofridos por afastamento das atividades laborais em função do dano causado”, disse.

No caso de valor líquido a requerer (de passagens, gasto com assistência médica), as vítimas podem acionar o Procon. Se tiver que ser arbitrado um valor por dano moral ou material, a vítima deve recorrer ao poder judiciário.

A vítima também pode acionar o seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), que indeniza vítimas de acidentes de trânsito, sem apuração de culpa, seja motorista, passageiro ou pedestre.

O DPVAT oferece coberturas para três naturezas de danos: morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares.

Os recursos são financiados pelos proprietários de veículos, por meio de pagamento anual. Mais informações pelo telefone 0800 022 12 04 ou no site: www.dpvatsegurodotransito.com.br

Informou que a corretora, responsável por esse atendimento, disponibiliza um número que deve ser utilizado pelo passageiro atingido ou familiar: 0800-709-6777.

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