Vítima espera 12h para registrar BO na 2ª seccional de Campinas

O pedreiro R.S., de 53 anos, passou por um teste de paciência na noite da última quinta-feira (10) ao registrar um boletim de ocorrência do roubo de sua bicicleta na 2ª Delegacia Seccional de Campinas. O crime foi cometido pela manhã. Ele chegou à delegacia por volta das 11h30, mas só deixou o local 12 horas depois. A demora pôs em evidência os problemas estruturais que afetam o pleno funcionamento da unidade policial, que deveria ter 240 funcionários (entre plantão e delegacias especializadas, que ainda não foram inauguradas) e hoje tem apenas 36, operando só com o plantão para registro de ocorrências. No dia em que o crime foi registrado, outros flagrantes foram feitos e havia um delegado de plantão, quando deveriam ser dois. O segundo está em férias e não houve substituição.O roubo foi na Rua Dom Avelar Brandão Vilela, na Vila Padre Anchieta. O assaltante, identificado como Jhonatan Lopes Soares, de 23 anos, foi preso em flagrante. Ele fingiu estar armado para roubar a bicicleta e foi preso pela Polícia Militar, que fazia patrulhamento pelo bairro e suspeitou da atitude de Soares, que tentou fugir quando viu a viatura.Após ser detido, ele e a vítima foram conduzidos para a 2 Delegacia Seccional de Campinas, onde chegaram por volta das 11h30.“Quando eu cheguei falaram que ia demorar porque estavam ocupados. Mas não achei que ia demorar tanto assim. Achei que fosse mais fácil. Só por causa de uma bicicleta”, disse Santos, que passou o dia com um lanche que fez em uma padaria do bairro na hora do almoço. O crime só foi registrado pela equipe que assumiu o plantão das 20h. A ocorrência começou a ser lavrada quase às 21h e terminou por volta das 23h30. “Quando eu cheguei em casa, já era quase meia-noite, sem jantar. Não tinha nada a ver ficar esse tempo todo. Não é comum isso.” Acúmulo]A reportagem fez um levantamento do número de ocorrências registradas na delegacia naquele dia. O acúmulo começou no dia anterior, na quarta-feira, quando foram registradas seis ocorrências em flagrante, o que demanda um trabalho diferenciado das equipes de investigação. Por causa do excesso de atividades, duas dessas ocorrências foram registradas no plantão que começou às 20h, e foram concluídas apenas na manhã do dia seguinte. Neste dia, pela manhã, uma outra ocorrência grave ocorreu no DIC 4, quando um agente penitenciário reagiu a um assalto e houve tiroteio. Um dos suspeitos morreu.Ainda conforme apurou a reportagem, o delegado de plantão teve que ir até o local e ouviu cerca de 20 testemunhas do crime na delegacia, atrasando o registros de outros crimes naquela dia, inclusive flagrantes, como ocorreu no caso do pedreiro que teve a bicicleta roubada. MedidasEm nota, o diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter 2), Kleber Altale, disse que “medidas estão sendo tomadas para adequar, estruturar e tornar mais rápido o atendimento da 2 Seccional.” Informou que, para evitar que volte a ocorrer situação semelhante, os delegados estão orientados a direcionar o caso a outra unidade, “permitindo que a vítima e a PM sejam liberadas o mais breve possível”. Altale afirmou que uma das preocupação da nova gestão do Deinter é agilizar e melhorar o atendimento nas unidades policiais.Sobre a falta das delegacias especializadas na 2ª Seccional (da Mulher, Entorpecentes e Investigações Gerais), a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que não há prazo para inauguração.