BATE-BOCA

Vistoria em hospital gera confronto na Câmara

Aliados e oposição se enfrentam pela 1ª vez por causa do governo

Milene Moreto
25/04/2013 às 07:44.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:52
O líder de governo, Rafa Zimbaldi (PP), reagiu e fez críticas à vistoria: visita feita na "surdina" (Cedoc/RAC)

O líder de governo, Rafa Zimbaldi (PP), reagiu e fez críticas à vistoria: visita feita na "surdina" (Cedoc/RAC)

A vistoria surpresa feita na terça-feira (23) pelo Sindicato dos Médicos de Campinas (Sindimed) e por dois vereadores da bancada do PT ao Pronto-Socorro Infantil do hospital Mário Gatti provocou o primeiro grande embate entre a base governista e a oposição na Câmara. Os parlamentares da situação criticaram os petistas por terem feito a diligência na “surdina" sem comunicar a Casa e atacaram diretamente o partido ao dizer que parte dos problemas é uma “herança” de gestões petistas anteriores. Em contrapartida, os vereadores do Partido dos Trabalhadores disseram que têm o dever de fiscalizar e vão continuar a cobrar do Executivo as ações para melhorar o serviço de Saúde da cidade.

A presença do sindicato na visita à unidade de saúde também foi motivo de críticas por parte da situação. Jorge Schneider (PTB) disse que o presidente da entidade, Casemiro dos Reis, é ligado ao PT e, portanto, trabalharia para criticar a gestão de Jonas Donizette (PSB). “Quer dizer, é um senhor que procura os defeitos do próximo para fazer seu partido crescer. Quer jogar a população contra um governo que vai acertar”, afirmou o petebista.

A discussão começou quando o vereador Pedro Tourinho (PT) pregou na tribuna que existe hoje uma situação de caos na Saúde em Campinas e disse o que viu na visita feita ao Mário Gatti, que também contou com a presença de Angelo Barreto (PT). Tourinho é médico e atuou na rede pública de Campinas.

O líder de governo, Rafa Zimbaldi (PP), reagiu e fez críticas à forma como a vistoria foi feita. “Na diligência, não houve contato com a presidência do hospital Mário Gatti ou com a Secretaria de Saúde. Não houve pedido de explicação ou de sugestão. O que houve foi apenas uma manifestação junto à imprensa”, afirmou.

O pepista disse ainda que as ações não deveriam gerar apenas críticas. A visita dos petistas ao hospital, segundo o líder de governo, deveria contribuir com ações que resolvam o problema. Tourinho rebateu Zimbaldi e disse que vai promover discussões sobre áreas sensíveis da cidade. “Quero deixar claro que nossa intenção não é atuar numa lógica de crítica. É exatamente por esse motivo que nosso mandato promove o debate”, afirmou o petista.

Política

O tema então passou a ser o foco central da discussão entre os parlamentares. As falas de Schneider foram as que renderam o maior número de críticas dos opositores. O petebista disse que os vereadores não poderiam utilizar a Saúde para fazer política e criticou o fato de só os parlamentares do PT terem acompanhado a vistoria. Outra pontuação da base governista foi o fato de os integrantes da Comissão de Saúde da Câmara não terem sido comunicados ou convidados a participar da diligência. “Nós não podemos fazer política em cima da saúde da população. Se chegarmos a esse ponto, realmente estamos no caminho errado. Convidaram alguém que não era do PT para ir? Não. Fizeram uma coisa partidária”, disse o petebista.

Tourinho e Barreto rebateram as críticas e disseram ontem que vão continuar a promover a discussão sobre a Saúde. “Cobrar faz parte do papel da oposição. Quero cobrar o governo, não quero atacar os vereadores”, afirmou Barreto. Paulo Bufalo (PSOL) engrossou o coro da oposição e fez críticas ao processo de privatização da saúde.

Coube então à base governista enaltecer as ações de Jonas no setor e dizer que a cidade ainda depende de um aumento de repasse de recursos do governo federal e investimentos para conseguir dar conta da demanda.

Vistoria

Correio acompanhou a vistoria do sindicato e constatou a situação caótica no pronto-socorro. Pelo menos quatro salas que deveriam servir para atendimento clínico têm crianças internadas. Onze pacientes estavam em macas nos corredores e cinco menores, que deveriam estar na UTI, recebiam tratamento em leitos comuns. A ala de observação e retaguarda, onde as crianças não poderiam ficar mais de dois dias, também serve como espaço de internação.

Depois da visita dos parlamentares e dos líderes sindicais, o diretor-técnico do Mário Gatti, Mário Sérgio Rolim Zaidan, afirmou que a situação “caótica” do pronto-socorro infantil foi relatada em janeiro para a nova Administração e, desde então, várias medidas foram tomadas para sanar os problemas. De acordo com o diretor, o hospital fez uma compra de R$ 1 milhão em equipamentos, que também serão destinados à pediatria.

O secretário de Saúde, Cármino Antônio de Souza, informou, na ocasião, que as doenças respiratórias, a epidemia de dengue e a falta de leitos são as causas da superlotação do pronto-socorro infantil. Ainda de acordo com Souza, a secretaria irá marcar uma reunião com a direção do Hospital de Clínicas da Unicamp e com o Hospital e Maternidade Celso Pierro, da PUC-Campinas, para que residentes sejam aproveitados na pediatria do Mário Gatti.

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