Visitar a Mata de Santa Genebra é sempre um momento de surpresa. Uma grande árvore, o som de pássaros, borboletas que passam perto de visitantes, um macaco que pula de galho em galho. Nesse domingo não foi diferente. Um grupo de 80 pessoas fez uma visita monitorada a esse tesouro de Campinas e vítima constante da pressão urbana. Foram duas horas para percorrer cinco quilômetros, tirar muitas fotografias, observar a fauna e a flora, ouvir história e ao final do passeio, a floresta acabou ganhando mais 80 defensores.“Temos que fazer tudo para preservar essa mata. Já são poucas as áreas nativas que restaram e se não cuidarmos dela, logo também desaparecerá”, disse o aposentado Jair Rodrigues de Souza, que pela primeira vez visitou a reserva florestal. A maioria dos visitantes do domingo foi ao passeio para poder conhecer a mata. “Eu só tinha ouvido falar dela, mas nem tinha ideia de como era. Estou encantada com o que estou vendo”, afirmou Esmeralda Machado, de 71 anos. “Viemos caminhar e, se conseguirmos ver algum animal, será lucro”, disse Nilsa Machado de Campos.O professor Edson da Cruz Maria conheceu a mata em 1982, na época em que foi doada para Campinas por Jandira Pamplona, dona da Fazenda de Santa Genebra. Logo que chegou, ontem, macacos apareceram nas árvores, na entrada da reserva. Além de rever a área, se atualizar sobre problemas e ganhos ao longo desses anos, Cruz Maria foi fazer uma espécie de “test drive” na caminhada, com a intenção de, na próxima visita guiada, levar seus alunos.A Mata de Santa Genebra, com 2,7 milhões de metros quadrados, é tombada como patrimônio. Em 2004, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) tombou dois fragmentos de mata na porção sul. Esses fragmentos são definidos como floresta hidrófila ou matas de brejo e no passado fizeram parte de um maciço contínuo de vegetação, que permitia o livre acesso da fauna da Mata de Santa Genebra aos mananciais que existem no fundo do vale, formando um rico complexo de matas, brejos e pequenos lagos.Com o processo de ocupação do entorno da reserva ocorrido nos últimos 30 anos, o maciço vegetal foi fragmentado, sofrendo intensa degradação. Essas áreas deverão ser ligadas futuramente à mata, através de recuperação e plantio de vegetação nativa, gerando corredores ecológicos para que a fauna possa circular entre as áreas sem risco de exposição, preservando a biodiversidade. AprendizadoA visita monitorada, que ocorre no último domingo do mês — neste domingo (3) foi uma exceção, por causa do feriado — inclui uma palestra, na sede da Fundação José Pedro de Oliveira, em que pesquisadores apresentam a instituição, contam a história do local, explicam sobre o trabalho desenvolvido naquele bioma, como o de recuperação, o que é a unidade de conservação, o manejo e as ações promovidas.Depois da palestra, é a hora de adentrar a mata e percorrer a chamada Trilha Leste, na qual os visitantes, orientados pelos pesquisadores, poderão compreender detalhes da floresta. Tradicionalmente, o passeio também inclui uma visita ao Borboletário, mas dessa vez não ocorreu, porque ele está desativado e passa atualmente por um processo de adaptação. Os projetos da Mata de Santa Genebra têm o objetivo de informar, educar e mobilizar toda a sociedade sobre a importância dessa área protegida e dos benefícios econômicos, sociais e ambientais. É uma das maiores reservas de floresta tropical em área urbana do Brasil.