UM DIA DEPOIS

Visita de Lula acirra os ânimos e movimenta as redes sociais

Lulistas e bolsonaristas travam um ‘duelo’ de vídeos, memes e insultos on-line

Rodrigo Piomonte
07/05/2022 às 09:51.
Atualizado em 07/05/2022 às 10:36

Pela manhã, Lula enfrentou os protestos de bolsonaristas em frente ao condomínio do físico Cerqueira Leite; à noite o petista foi acolhido por correligionários em ato na Unicamp (Ricardo Lima)

A campanha eleitoral ainda não começou oficialmente, mas o clima nas redes sociais é de intenso acirramento entre os simpatizantes da esquerda e direita. Logo após a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Campinas, vídeos, comentários e memes contra e a favor do petista passaram a ser compartilhados demonstrando um pouco o tom que promete ser a polarização da disputa ao Palácio do Planalto até outubro pela internet. Na quinta-feira, Lula e sua equipe foram hostilizados em frente ao condomínio onde mora o físico Rogério César Cerqueira Leite, onde o pré-candidato foi almoçar. Um grupo gritava palavras de ordem como "Fora PT" e "Lula Lixo". À noite, o ex-presidente foi afagado por correligionários em ato na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Lula foi o primeiro pré-candidato à Presidência da República a visitar a região. Ele esteve anteontem na Vila Soma, em Sumaré, depois visitou Cerqueira Leite, seu amigo de longa data. Posteriormente, participou de um evento organizado por apoiadores na Unicamp. Essas três agendas repercutiram ontem em milhares de postagens nas redes sociais, como WhatsApp, Twitter, Facebook e Instagram, tanto pelo lado dos simpatizantes do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), seu adversário político e também pré-candidato à reeleição, quanto de apoiadores do petista. Entre os bolsonaristas, repercutiam os vídeos da manifestação que ocorreu em frente ao condomínio em que Lula participou de um almoço. 

Nos vídeos antipetistas, um grupo aos gritos de "Fora PT" cercou o carro em que estava o ex-presidente. Outro mostrava um dos seguranças de Lula, armado, fazendo a escolta do pré-candidato. Um terceiro circulou mostrando outro guarda-costas arrancando uma faixa onde estava escrito "Lula Lixo" e o automóvel que levava o petista saindo em arrancada. Do lado do petista, circularam postagens do encontro, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, e foi considerado por participantes um "fato histórico" dentro da universidade.

Dos dois lados, houve uma enxurrada de comentários e golpes abaixo da linha da cintura, numa espécie de "vale tudo" instantâneo de postagens. Para o professor e coordenador do curso de Comunicação e Design do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden, Luiz Carlos Ferreira Martins Corrêa, esse fenômeno e cenário vieram para ficar.

O professor ressalta, no entanto, que os usuários devem ficar atentos ao que e como compartilham as informações que julgam ser importantes. "Não tem como escapar desse universo. É lamentável apenas a forma como a polarização política tomou conta de uma ferramenta que serve também para aproximar as pessoas, como pode ser observado durante a fase mais crítica da pandemia", disse.

A falta de embasamento e contexto no qual as opiniões e conteúdos tomam ao serem expressadas e compartilhadas também é um ponto de atenção, afirma o especialista. "Geralmente são compartilhados conteúdos e comentários sobre aquilo que a pessoa tem como verdade para ela. Não como uma forma de debate. No aspecto político isso ainda ocorre de uma forma desrespeitosa por ambos os lados", acrescenta.

O professor de ciências políticas Vitor Barletta Machado da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), comenta que a intensa repercussão nas redes sociais de conteúdos sobre a visita de Lula a Campinas entre apoiadores e não apoiadores do petista é só uma amostra do que será a campanha eleitoral para a presidência este ano pela internet. "A campanha ainda não começou, mas nas redes já está a todo vapor", disse.

Ele comenta também sobre o volume de informações e a temperatura acirrada provocada pela polarização política que o país vivencia. "Todo o processo eleitoral é organizado para se ter um mínimo de equilíbrio. Mas nas redes sociais isso se perde totalmente, inclusive com emprego financeiro que não se pode mensurar. Ninguém sabe o que é autêntico e o que não é. Se está sendo impulsionado ou não, o que é manipulado ou não", disse.

Para ele, os debates são importantes e enriquecedores, mas o fato deles ocorrerem em um ambiente de internet e com um hiperdimensionamento e polarização representam riscos que ninguém ainda consegue ao certo medir", disse.

Pesquisa reforça polarização nas eleições

Uma pesquisa do Ipespe contratada pela XP Investimentos divulgada ontem evidencia a polarização da campanha eleitoral para presidente entre Lula e Bolsonaro. Pela pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece à frente da corrida pela Presidência com 44% das intenções de voto. Em busca da reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar, com 31%.

A pesquisa estimulada foi realizada no período de 2 a 4 de maio. Nela foi apresentada a lista de nomes dos pré-candidatos. Com margem de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, a pesquisa entrevistou 1 mil eleitores por telefone.

Em terceiro lugar, de acordo com o levantamento, aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 8%, seguido pelo ex-governador de São Paulo, João Dória (PSDB), com 3%. O deputado federal André Janones (Avante) aparece com 2% e a senadora Simone Tebet (MDB) tem 1%. Vera Lúcia (PSTU), Eymael (DC) e Luciano Bivar (União Brasil) não pontuaram.

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