Violência e vandalismo após a folia

Agressões, brigas, furtos e arrastões foram registrados durante e após o pré-carnaval de Campinas, no último sábado, quando o tradicional bloco City Banda reuniu, segundo estimativa da Guarda Municipal (GM), aproximadamente 30 mil foliões na Praça Arautos da Paz, no Taquaral. Comerciantes da região também relataram depredações. O evento foi aberto ao público — exceto a estrutura fechada com banheiros e open bar, que necessitava de convites. L.F.M., estudante de 19 anos, morador do Jardim Nova Europa, registrou Boletim de Ocorrência no plantão do 1º DP ainda no sábado. O documento policial descreve que o jovem foi abordado por um grupo de cinco ou seis pessoas. Ao recusar passar seus pertences, foi agredido com chutes, socos e levou uma garrafada, que atingiu e cortou seu braço esquerdo. "Ele foi socorrido por colegas para o Hospital Irmãos Penteado, onde levou cerca de 15 pontos no braço", detalha o texto. Dele, levaram um cartão bancário, celular, óculos de sol e relógio. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram diversas pessoas espancando dois homens com paus de cavaletes da sinalização da Emdec. Mesmo depois da dupla cair, os agressores seguiram surrando as vítimas. Após alguns minutos, o grupo vai embora. Em seguida, algumas pessoas se aproximam para ajudar. Outra confusão foi registrada em vídeo. Nesta, foi possível determinar que o fato ocorreu na Avenida Doutor Armando Sales de Oliveira, na região do Taquaral. A gravação foi feita por clientes que se protegeram em um bar. Diversos jovens avançaram para cima de um rapaz, que chegou a cair em meio às agressões. Segundo testemunhas, crianças ficaram escondidas nos fundos do estabelecimento. A GM foi acionada. Porta-voz da Associação Cultural City Banda, organizadora do evento, Paulo Lima frisou que a maioria dos incidentes foi depois do encerramento do evento. Na estrutura fechada, garantiu, não houve problemas. Para um evento dessa magnitude, julgou o número de ocorrências pequeno. Lima ressaltou que foram tomadas as providências possíveis para minimizar esse tipo de violência, com ciência de todos os órgãos necessários, inclusive Prefeitura e Polícia Militar. "Analiso que se tratam de pessoas sem educação e despreparadas para participar desse evento que acontece há 26 anos", finalizou. A Prefeitura de Campinas informou, em nota, que a GM atuou no patrulhamento da área interna, onde ocorreu a concentração. A corporação realizou a dispersão de conflitos e não registrou feridos. O texto detalha que pessoas foram detidas por uso de entorpecentes e que suspeitos passaram por averiguações. Na parte externa, a ronda foi realizada pela Polícia Militar (PM). A Secretaria de Segurança Pública (SSP), também em nota, informou que a Polícia Civil investiga dois roubos ocorridos na noite de sábado no Jardim Novo Cambuí. Duas jovens, de 17 e 19 anos, e um jovem, de 20, tiveram os celulares, dinheiro e documentos roubados por um grupo de rapazes. Impactos Renato Rodrigues, de 38 anos, proprietário da Distribuidora Limpa + Campinas, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, no Taquaral, teve um prejuízo de pelo menos R$ 1 mil. Ao chegar para trabalhar na manhã de ontem, percebeu que tentaram arrombar a porta de ferro do seu estabelecimento, provavelmente com um pé de cabra. Duas fechaduras se quebraram e foi necessário a intervenção de um serralheiro para conseguir abrir o comércio. Além disso, lamentou, teve que limpar o local repleto de "pinos", geralmente utilizados para o tráfico de cocaína, fezes e urina. A loja conta com câmeras de segurança. Porém, não há imagens da ação porque o sistema só armazena as últimas 24 horas de gravação. Ele vai registrar um B.O. no 4º DP, no Taquaral. O empresário, entretanto, comemorou que não conseguiram invadir sua firma. O prejuízo, projeta, poderia ter sido muito maior. Em 2019, perdeu cerca de R$ 2 mil no evento. Na ocasião, ladrões estouraram a caixa de força, hoje blindada, e roubaram a fiação de cobre. "O comercial é muito legal, mas os comerciantes não podem ser lesados", afirmou. A.D.S, chaveiro de 36 anos, que tem um ponto na Avenida Nossa Senhora de Fátima, próximo à unidade do Dalben, fez vigília para evitar prejuízos. Ele e mais 10 amigos ficaram na frente do estabelecimento até as 21h de sábado, protegendo o espaço. Atendente da Avion Sports, Danila Silveira informou que a loja de uniformes ituada na Rua Vital Brasil, no Jardim Bela Vista, em frente à Praça Arautos das Paz, não teve expediente no sábado devido ao evento. O estabelecimento ficou fechado para evitar transtornos com o público do bloco. Moradora do bairro, Talita Barbosa, dona de casa de 32 anos, elogiou a edição 2020 da City Banda, apesar do enteado de 16 anos ter sido furtado no evento. O isolamento da região e uma menor intensidade do som asseguraram mais tranquilidade para a vizinhança. "Terminou cedo", comentou. "Em anos anteriores, as janelas da residência chegavam a trepidar", afirmou. Ela e a família, incluindo as filhas de 1 e 9 anos não se ausentaram do imóvel durante o pré-carnaval. "Não ficou nem sujeira acumulada. No sábado à noite, passaram limpando as ruas", encerrou. Dupla é detida com réplica de arma na Vila Industrial Próximo ao cruzamento das ruas São Carlos e Dr. Sales de Oliveira, domingo, onde ocorria outro evento pré-carnaval com trio elétrico, a GM aprendeu uma imitação de arma de fogo. Após uma denúncia, os guardas chegaram até M.S.V., desempregado de 19 anos, morador da Vila João Jorge. A réplica de pistola estava escondida na cintura do jovem. Ele argumentou que portava o item porque já foi ameaçado em eventos anteriores. Junto dele, estava o também desempregado E.A.S.F., de 21 anos, morador do Jardim Monte Cristo. A dupla negou ter cometido algum crime e foi liberada. Confira os vídeos das agressões: 1                                       2