TRANSPORTE

Violência atinge frota de aplicativos

Empresas passam a emitir alerta para que motoristas ampliem cuidados ou até bloqueiem viagem

Alenita Ramirez
alenita.jesus@rac.com.br
10/03/2018 às 19:49.
Atualizado em 23/04/2022 às 05:34

Motoristas de aplicativos são alvo dos ladrões que buscam dinheiro, celulares e o próprio veículo: apreensão (Leandro Ferreira/AAN)

A violência urbana já reflete até mesmo entre as empresas que prestam serviços de transportes de passageiros individual por aplicativos de celulares. Devido ao número excessivo de roubos a motoristas, assim como os Correios e Telégrafos que não entregam mais correspondências e encomendas em regiões de risco, duas das três empresas por aplicativos que atuam em Campinas adotaram um sistema de segurança de alerta e advertência. A Cabify, por exemplo, bloqueia a viagem quando detecta que o pedido partiu ou tem como destino uma região considerada de risco. O 99POP envia uma mensagem informando que o endereço é de uma área de risco e aí caberá o motorista decidir fazer ou não a corrida. A polêmica maior está entre os motoristas da Uber, que se dizem desprotegidos pela empresa e garantem que não recebem nenhum alerta de região perigosa. “O problema é o destino da viagem, pois na chamada conhecemos o local onde o passageiro está, mas o destino a gente só conhece quando pegamos o cliente e então não podemos desistir da corrida no caminho, mesmo que se trate de uma região perigosa”, disse um motorista que já foi vítima de assaltos quando foi pegar clientes em uma área considerada de risco pela polícia. Segundo os motoristas, caso desistam da corrida são punidos. A penalidade vai desde um bloqueio de 48 horas a uma exclusão do cadastro. Tudo vai depender do índice de aceitação do motorista em relação a avaliação feita pelo passageiro. “Se o motorista cancela muito é penalizado virtualmente, pois ele terá uma avaliação que desconta em sua pontuação. Se ele tem muitos descontos, consequentemente terá uma certa rejeição resultando em uma nota baixa”, explicou o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Campinas e Região (Amacre) Vandilson da Costa Lopes. “A taxa de avaliação é importante tanto para o motorista como o passageiro, mas ela prejudica quando é aplicada em regiões de risco. Existem muitos assaltos sim contra motoristas, especialmente em regiões periféricas. Infelizmente não temos como saber se o passageiro é um ladrão ou não e arriscamos”, acrescentou. A Cabify, por exemplo, cujo sistema só aceita pagamento em cartão de crédito para segurança dos colaboradores, está centralizada em Campinas, mas não atende chamados que partem dos distritos do Campo Grande e Ouro verde e de locais apontados como “perigosos. No entanto, os motoristas ficam sujeitos à insegurança quando aceitam chamados na região aceitável, mas o destino do passageiro é área de risco. “Eu já fui assalto várias vezes por falsos passageiros que pedem uma corrida no Centro, por exemplo, e tem destino em bairros periféricos”, contou um motorista. O atendimento do 99POP abrange Campinas e algumas cidades da região e o sistema de pagamento é tanto por cartão como por dinheiro, mas há opção de o motorista aceitar pagamentos somente por cartão. Segundos os motoristas, a empresa faz alertas de áreas de risco. A Uber dá a opção de o cliente pagar a viagem tanto com dinheiro como com cartão, mas não deixa o motorista fazer a opção de atendimento somente por cartão magnético. O atendimento é livre em Campinas. A maior parte dos prestadores de serviços no segmento de aplicativos optam por trabalhar para mais de uma empresa, já que podem atender em locais onde uma das empresas não operam. Investigação Apesar de não haver uma estatística específica, a Polícia Civil confirma o alto número de roubos contra motoristas de aplicativos, especialmente da Uber, e a maioria ocorrido em áreas periféricas como exemplo Campo Belo, São José, San Martin, região do aeroporto de Viracopos, CDHU, São Marcos e São Fernando. Na maioria dos casos, os assaltos acontecem à noite e o alvo é dinheiro e objetos de valor das vítimas. Em boa parte dos crimes, os ladrões levam o carro, já que são particulares e não há logo, o que facilita a fuga. “Tem muita gente boa que mora em regiões periféricas e usam esse tipo de serviço, mas infelizmente são prejudicadas. Muitos motoristas estão com medo”, disse o chefe de investigação do 10º Distrito Policial (DP), no Jardim Proença, Marcelo Hayashi. Esta delegacia é responsável por duas áreas consideradas de risco pelos prestadores de serviços e entre o final do ano passado e início deste ano, foram registrados seis boletins de ocorrência envolvendo roubos a motorista da Uber. Em todos os casos, os criminosos levaram o carro da vítima e pegaram objetos de valor. Os veículos foram recuperados, mas ficou a sensação de medo e insegurança. “Eu fui vítima justo em um dia em que eu mais estava necessitado de dinheiro. Sabia do risco daquela área, mas aceitei a corrida porque precisava pagar minhas contas. Tenho medo de voltar lá, mas a gente precisa trabalhar”, desabafou um motorista que não quis ser identificado. Segundo Hayashi, dos casos registrados no DP, cinco já foram solucionados com a identificação e prisão dos criminosos. Inclusive, três dos casos resolvidos já estão em fase de sentença dos acusados. Outros dois inquéritos estão em conclusão, mas já com identificação dos ladrões. “Um caso só está em aberto. A vítima foi vítima em duas situações diferentes e em uma delas, ela se sentiu desamparada pela lei e, apesar de reconhecer o ladrão, se recusa a confirmar isso em depoimento”, explicou o chefe de investigação. Hayashi orienta para que vítimas, mesmo quando levados poucos valores, registrem as ocorrências e acreditem no serviço da polícia para a identificação dos ladrões, uma vez que só assim será possível diminuir a criminalidade.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por