Uma das menores cidades da RMC tem explosão no registro de crimes: prefeitura reclama da falta de estrutura da polícia
O aumento da violência tem assustado Artur Nogueira, município da Região Metropolitana de Campinas (RMC) com cerca de 50 mil habitantes, localizado entre Engenheiro Coelho, Cosmópolis e Holambra. Ocorrências como homicídio doloso, tráfico de drogas, furto de veículos e tentativa de homicídio tiveram alta expressiva e mudaram a rotina dos moradores da cidade. A sensação de tranquilidade e calmaria foi substituída pelo clima de apreensão e medo.Nos três primeiros meses do ano, três casos em especial ganharam repercussão. Em janeiro, uma mulher de 49 anos foi estuprada em plena luz do dia. Segundo informações da Guarda Municipal, a vítima estava indo trabalhar à pé, por volta das 6h, quando foi agarrada por um homem no bairro Humberto Rossetti. A vítima foi levada para uma área verde próxima ao local da abordagem e violentada sexualmente. Após o ato, a mulher conseguiu escapar e correr até uma padaria. O suspeito está preso.Na madrugada do último dia 16, um Guarda Municipal à paisana reagiu a um assalto e baleou o bandido na Rodovia Professor Zeferino Vaz. O suspeito, o desempregado Moisés dos Santos Mendes, de 31 anos, foi atingido na boca, no braço esquerdo e no ombro, fugiu sem nada, mas foi preso quando buscou ajuda no Pronto-Socorro Municipal. O GM levou um tiro de raspão no braço.Já no último dia 19, um policial militar de folga reagiu à uma tentativa de assalto a um ônibus metropolitano e matou dois suspeitos. Eles haviam rendido o motorista e a cobradora, mas um PM à paisana passageiro do coletivo atirou nos criminosos, um de 36 anos e outro de 28. Foi instaurado inquérito e a Polícia Civil vai apurar as circunstâncias da ocorrência para avaliar se a ação foi legitima.O aumento da violência na cidade já vem ocorrendo desde o ano passado. Segundo dados da Secretaria de estado da Segurança Pública, em 2013 foram registrados 128 furtos de veículos, enquanto no ano anterior foram 86. Os homicídios dolosos passaram de dois para quatro, e a tentativa de homicídio de quatro, em 2012, para seis, em 2013. Já as ocorrências de tráfico de drogas praticamente triplicaram, saltando de 31 para 91 casos.O prefeito Celso Capato (PSD) criticou a atuação das polícias Civil e Militar em Artur Nogueira. Ele cobrou mais investimento e atenção do governo estadual para a segurança do município. “Falta pessoal para realizar trabalho de investigação e inteligência, e isso mesmo com a Prefeitura colocando de oito a dez funcionários. A Polícia Militar tem efetivo reduzido e percebemos que falta a presença da autoridade nas ruas”, diz Capato.Segundo o prefeito, a SSP é constantemente cobrada para ampliar a segurança no município, mas dá de ombros para as reivindicações. “Faz tempo que a cidade está assim, é preciso olhar com mais atenção para Artur Nogueira”, acrescenta Capato. CríticasAlvo de críticas nos últimos anos pela estrutura precária, a Delegacia da Polícia Civil de Artur Nogueira começou a funcionar em um novo prédio em janeiro, na Estrada São Bento. O prédio possui mais de 20 salas, que são utilizadas pelos investigadores, escrivães, assistente social e delegado, além do Juizado Especial Criminal e Plantão. O prédio é alugado e custeado pela Prefeitura, enquanto o mobiliário foi enviado pelo governo estadual.As novas instalações, no entanto, não são definitivas. O prefeito Celso Capato considera o local afastado da área central e seu objetivo é construir unidades das Polícias Civil e Militar em áreas próximas ao Centro. Ele afirma que já cedeu áreas para as construções e aguarda um posicionamento da SSP. Porém, não há um prazo para transferir a delegacia mais uma vez. “A Prefeitura vem pagando aluguel há dois anos e meio, são R$ 9 mil por mês, mas isso é obrigação da SSP. É uma área fora de mão, e se depender da Prefeitura vai mudar para um prédio definitivo, por isso já ofereci uma área para a secretaria construir um prédio”, planeja o prefeito.O delegado Roberto José Daher, titular da delegacia Seccional de Americana, explicou que existe um convênio firmado entre SSP e o Poder Executivo municipal, estabelecendo que a reforma e o aluguel do prédio são de responsabilidade da cidade e o mobiliário e recursos humanos responsabilidade da secretaria. Ele informou que há intenção de construção de novo prédio, porém, o terreno doado pela Prefeitura era muito pequeno e aguarda a doação de uma área adequada. RespostaA Secretaria de Estado da Segurança Pública rebateu as acusações e negou que a falta de efetivo e investimento seja a causa do aumento da criminalidade em Artur Nogueira. Segundo a SSP, a Polícia Civil do município conta com oito policiais civis, um delegado, dois escrivães, três investigadores, um auxiliar de papilocopista e um oficial administrativo. “A Polícia Militar esclarece que considera que o efetivo em Artur Nogueira adequado. Tal certeza é fundamentada em estudos da população fixa, flutuante, presença (ou não) de presídios. Em 2013, a PM recuperou 22 veículos roubados, deteve 29 pessoas e apreendeu 10 armas ilegais (na cidade)”, completa.