Câmara de Vereadores começa a discutir projeto que pode transformar o bairro Capela, incluindo também a região do Santa Cândida, em região distrital
Ercílio Menagari, de 72 anos, mora há 18 no Capela: para ele, serviços devem ser mantidos com qualidade (Janaina Ribeiro/ Especial para AAN )
A Câmara de Vereadores de Vinhedo começa a discutir a partir da próxima segunda-feira um projeto que pode transformar o bairro Capela, incluindo também a região do Santa Cândida, no primeiro distrito do município. A região abriga um terço da população vinhedense, hoje com aproximadamente 71 mil habitantes, e cerca de oito bairros que formam aquela região. O projeto de decreto legislativo (PDL 03/15) propõe um plebiscito para que os eleitores vinhedenses decidam a criação ou não do distrito durante as eleições municipais de 2016.Caso aprovada pela Câmara, a proposta será semelhante ao que decidiu na última eleição municipal pela criação dos distritos do Campo Grande e do Ouro Verde, em Campinas. O plebiscito deve ser conduzido pelo Tribunal Regional de São Paulo (TRE-SP), que decidirá quando ocorrerá a votação. A ideia não chega a ser uma novidade no município, pois em 1981 projeto semelhante foi apresentado, mas rejeitado.O Executivo afirmou que ainda não teve acesso ao projeto, e que não foram feitos cálculos que possam dar a dimensão do impacto com a criação do distrito da Capela. No entanto, o projeto de decreto legislativo ganhou forças nos bastidores da Câmara durante o recesso, e de acordo com o vereador autor do PDL, Rodrigo Paixão (PSOL), já teve a adesão de oito parlamentares — número que aprovaria a possibilidade de um plebiscito. A Câmara possui ao todo 15 vereadores.O bairro fica “separado” de Vinhedo pela Rodovia Anhanguera (SP-330). São cerca de 25 mil moradores em um local com características de cidade do interior. Enquanto o Centro e bairros na região central concentram grande quantidade de condomínios fechados, o Capela ainda conserva as características mais tradicionais do início da urbe. Porém, ao lado do Capela ergueu-se ao longo dos anos o distrito industrial, o que deu vida própria para aquela região, segundo os moradores ouvidos ontem pela reportagem.“A importância de criar um distrito, primeiramente, é pelo histórico cultural do bairro. Em segundo, pelo desenvolvimento econômico que acabou setorizando a cidade. Hoje um morador precisa se deslocar, por exemplo, até sete quilômetros para buscar serviços básicos, como vagas em creche, certidões. Nesse caso a pessoa vem para o Centro, que já está muito adensado”, explicou o vereador Paixão.“Queremos ouvir a população. Com a criação do distrito podemos economizar recursos humanos, melhorar a mobilidade urbana de todo o município, levando os serviços públicos aos moradores e evitando deslocamentos desnecessários”, disse o vereador. Segundo ele, a criação necessária de uma subprefeitura, caso o bairro se torne um distrito, não necessariamente implicaria em mais funcionários na folha — hoje em torno de 3 mil servidores. "Haveria um remanejamento de funcionários para atuarem no distrito. E o prédio da subprefeitura poderá ser algum imóvel que a Prefeitura já utiliza”, propõe o autor do projeto. Vinhedo seria a terceira cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) a possuir distrito caso haja o plebiscito e a população vote “sim”. Campinas possui seis, e Sumaré, um.PrefeituraA Prefeitura de Vinhedo informou por meio de nota que ainda não teve acesso ao projeto, e que se trata de autoria do Legislativo. “Ainda não fizemos cálculos que permitam analisar o impacto ou não da criação do Distrito. Precisaríamos estudar com mais detalhes.” A Administração frisou que a região do Capela recebe diariamente atenção e cuidados da Prefeitura em todos os setores, como limpeza, educação e saúde. “São ações como essas que qualificam Vinhedo como a 13ª melhor cidade do Brasil em qualidade de vida. Inclusive, sobre a questão do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em recente estudo divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o IDH Regional, das 10 regiões de Vinhedo, 9, incluindo a região da Capela, têm alto grau de desenvolvimento, analisando educação, longevidade e renda”, informou a Administração em nota.Ainda de acordo com a Prefeitura, a região tem equipamentos públicos como a Unidade Básica de Saúde (UBS) Von Zuben, Policlínica da Capela, Centro de Atenção da Saúde da Mulher, três quadras de grama sintética, Centro de Lazer ao Trabalhador, apartamentos do CDHU, apartamentos do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, academias ao ar livre, cinco Centros de Educação Infantil, cinco escolas municipais — incluindo o Complexo Educacional Norberto Elias, o maior de Vinhedo. “Em breve, iniciam-se as obras de construção de uma nova unidade básica de saúde que terá o 1° programa de Saúde da Família de Vinhedo”, antecipou a Administração.História se confunde com a do municípioDe acordo com moradores mais antigos que vivem na região do bairro Capela, a criação do local confunde-se com a história do município. Valter Manuel da Silva, de 58 anos, está há 32 anos no bairro e contou sobre o progresso nas últimas duas décadas. “O Capela hoje vive sozinho, e faltam algumas coisas que possam facilitar ainda mais a vida de quem mora aqui, como bancos por exemplo”, avalia o funcionário público. O colega Delço Pereira dos Santos, de 60 anos, também compartilha da mesma opinião. “Será muito bom a criação do distrito”, disse.O Centro de Lazer do Trabalhado Aurora Sudário, criado no ano 2000, é a porta de entrada do bairro para quem acessa o Capela. Campo de futebol, parque para as crianças, campo de bocha e muita área verde. Porém, para a comerciante Fernanda Kelly Moraes de Souza, de 33 anos, poderia ser bem mais cuidado se houvesse uma nova administração voltada para o bairro. “Poderia ter assim como no Centro uma pessoa designada para cuidar da praça. Hoje o Centro tem muitas lâmpadas queimadas e os banheiros depredados. Com a praça assim afugenta nossos clientes”, afirmou a dona da sorveteria.O morador há 18 anos do Capela, Ercílio Menegari, de 72 anos, acredita que não fará diferença a criação de um distrito no bairro. O que interessa, para ele e a esposa Izilda, é o bairro se manter em boas condições e com serviços que atendam a população com qualidade. Entretanto, ele cobra uma maior efetividade nas rondas da Guarda Municipal pelo local. “Aqui tudo era mato. O bairro cresceu demais e se desenvolveu. As autoridades precisam estar atentas e acompanhar esse desenvolvimento”, frisou.