Música, pintura e desenho garantem qualidade de vida de duas mulheres com quase 100 anos
Lar dos Velhinhos, uma das entidades de referência em Campinas: incentivo à música, desenho e pintura torna o cotidiano mais inspirador e ajuda na longevidade (Leandro Ferreira/AAN)
Apesar da ameaça do novo coronavírus e das enfermidades características da idade, Campinas conta com exemplos de idosos que estão prestes a chegar aos 100 anos e com qualidade de vida para dar inveja a muitos jovens. É o caso da dona Elza da Conceição Mendes Medeia, que nasceu no Rio de Janeiro e veio morar em Campinas aos dez anos de idade com o tio, após perder o pai. Aos 96 anos, ela celebra hoje a longevidade em meio a pandemia e a data em que o mundo comemora o Dia Internacional do Idoso, em 1º de outubro. De acordo com dados do último boletim epidemiológico da Prefeitura, cerca de 71% dos mortos pelo Covid-19 na cidade são idosos. Casada por 45 anos e hoje viúva, dona Elza mora há oito anos no Lar Vicentino, onde tem bons vínculos com todas as idosas da casa, em especial, com uma amiga que considera como filha do coração, a Aninha. “Ela diz que sou a mãe adotiva dela. Gosto muito dela e da família dela. Assistimos às notícias e acompanhamos todas as novelas”, conta a idosa, que diz não perder um jogo de futebol sequer do Corinthians ou da Seleção Brasileira. “Eu quando era mocinha cantava muita música do Roni Von e marchinhas de Carnaval. Hoje, ainda canto um pouco, lembra a minha infância”, ressalta ela. Muito apegada à família, dona Elza mantém contato constante com eles. Com a suspensão das visitas em decorrência da pandemia, ela vem mantendo o vínculo e acompanhando o crescimento dos bisnetos por meio de chamadas de vídeo. Ela também tem um irmão que sempre telefona e conversa sobre as memórias da infância e da vida adulta. Sua memória é tão boa que se lembra até da comida preparada pela mãe no dia do batismo do irmão: a carne de porco. “Perdi meu pai cedo, estudei em um convento, trabalhei em casa de família. Tive uma ótima criação. Eu quero muita saúde, viver para ver meus bisnetos crescerem. Se Deus quiser essa coisa (a pandemia) toda vai passar e vou vê-los pessoalmente. Vi minha bisneta de um ano e dois meses andando pelo celular. Estou com saudade da turma.” Outra idosa quase centenária, mas não menos carismática, é Olga Bontempo de Oliveira, que completa 94 anos no próximo dia 16. Nascida em uma fazenda em São Carlos, no Interior de São Paulo, ela se mudou para Campinas, cidade onde sua filha cresceu e reside nos dias de hoje. Muito atenta e sensível, dona Olga revela ser apaixonada por pintura e desenhos feitos à mão. Na pandemia, como maneira de manter o vínculo com a família, além das chamadas de vídeo, seus bisnetos fazem e enviam desenhos para que ela os devolva coloridos para a família. A idosa conta que faz isso para se divertir e presentear quem ama com lindos desenhos de flores e paisagens. “Eu desejo saúde e quero ensinar coisas boas para meus netos e bisnetos. Ainda tenho muito desenho para pintar”, diz ela. PUC-Campinas lança centro de pesquisa A Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) lançou na última terça-feira, em cerimônia on-line exibida no YouTube, um Centro de Longevidade com foco na elaboração de programas voltados ao bem-estar dos idosos. O Vitalità, nome dado ao projeto, promoverá pesquisas internas, por meio dos cursos de pós-graduação, visando diagnosticar as principais demandas relativas ao envelhecimento e apresentar soluções aos problemas encontrados. Haverá, ainda, oferecimento de cursos de capacitação e oficinas voltadas à atenção aos idosos, bem como incentivo para criação de negócios focados no público com mais de 60 anos. Segundo o Censo Demográfico 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Brasil conta atualmente com 28 milhões de idosos (13% da população total).