INDAIATUBA

Vigilância Sanitária investiga 9 mortes após hemodiálise

Mortes ocorreram este ano no Instituto Thompson, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

Felipe Tonon
18/02/2013 às 12:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:10
Instituto Thompson, em Indaiatuba, não foi interditado (Alessandro Rosman/AAN)

Instituto Thompson, em Indaiatuba, não foi interditado (Alessandro Rosman/AAN)

A Vigilância Sanitária de Indaiatuba, na Região Metropolitana de Campinas, está investigando a morte de nove pessoas que realizaram tratamento de hemodiálise na cidade. As mortes ocorreram este ano no Instituto Thompson, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Cinco pacientes morreram em janeiro e outros quatro óbitos foram registrados na primeira quinzena deste mês.

A Clínica não foi interditada. O médico nefrologista Carlos Machado, diretor da clínica, informou que as mortes ocorreram por fatores esperados a pacientes de risco, e não foram provocadas por qualquer tipo de infecção contraída na clínica. “Fomos denunciados por alguém, mas a Vigilância Sanitária não encontrou irregularidades. Somos muito criteriosos e trabalhamos com as melhores máquinas e materiais do mundo para hemodiálise. O nosso controle de qualidade é rigoroso”, justificou. Ele ainda tranquilizou os pacientes que fazem o tratamento. “Quem faz hemodiálise no Brasil pode ficar tranquilo. Não existe motivo para pânico”.

Segundo o médico, pessoas que fazem hemodiálise têm fatores de risco o que aumenta a probabilidade de morte. “O que aconteceu foi que tivemos cinco óbitos em janeiro, quando normalmente temos dois ou três.” A clínica atende 200 pacientes, sendo 95% do SUS (80% idosos) e realiza três mil hemodiálise/mês.

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nota sobre o assunto.

A Secretaria de Estado da Saúde esclarece que cabe à Vigilância Sanitária Municipal fazer a investigação dos fatos ocorridos na clinica de hemodiálise em Indaiatuba. Os grupos de Vigilância Sanitária (GVS) e de Vigilância Epidemiológica (GVE) de Campinas já tomaram conhecimento da situação e vão auxiliar os trabalhos de investigação dos fatos. Uma inspeção conjunta deve acontecer nos próximos dias.

Em entrevista à emissora de televisão local, o diretor da clínica, Carlos Machado, que também atua e, Atibaia e Itatiba, no Interior do Estado, negou qualquer problema no procedimento."

A Prefeitura de Indaiatuba divulgou nota informando que constantemente são realizadas vistorias em estabelecimentos de saúde, como a Clínica Thompson. A última inspeção no local foi em 29 de janeiro por uma equipe da Vigilância Sanitária acompanhada de uma médica infectologista, averiguou itens como equipamentos, condições de atendimento, operacionalização, prontuários, fluxos e recursos humanos, de acordo com o roteiro de inspeção padronizado pelo Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de Campinas.

Durante a inspeção não foi verificada nenhuma inconformidade quanto às condições de operação que implicasse em risco de vida aos pacientes. Em janeiro foram registrados cinco óbitos de pacientes que passaram por tratamento na clínica, desses, um foi causado por cirrose hepática, um por doença renal em estado terminal, um em decorrência de arritmia cardíaca e um por infecção do trato urinário. O outro óbito ocorreu em paciente residente em outro município e não tivemos acesso ao atestado de óbito.

Em fevereiro ocorreram quatro óbitos, um causado por infecção do trato urinário e um por infecção renal crônica. Até o momento não recebemos os atestados de óbitos dos outros dois casos para avaliação.

Mortes em Campinas

A Polícia Civil de Campinas também investiga a morte de três pessoas ocorridas em 28 de janeiro após serem submetidas a um exame de ressonância magnética, da empresa Ressonância Magnética Campinas, que atua no Hospital Vera Cruz.

O resultado preliminar dos exames de sangue feitos nos três pacientes indicaram disfunção hepática em todos os casos. “As três pessoas tiveram um grande sofrimento hepático. Há indícios de necrose no fígado”, informou o secretário de Saúde de Campinas, Cármino de Souza, a ocasião.

Entretanto, o resultado não é conclusivo e nenhuma das hipóteses está descartada. Ainda há várias linhas de investigação e as autoridades que investigam o caso dizem que qualquer afirmação seria precoce e leviana.

Os três pacientes morreram por parada cardiorrespiratória. Eles apresentaram sintomas como mal-estar, convulsão, dores de cabeça, desmaio e formigamento no corpo. Segundo apurou a reportagem, os sintomas foram os mesmos nos três. Entre o início do procedimento e o óbito foram cerca de 90 minutos para cada paciente.

Outras 83 pessoas foram submetidas a exames de ressonância com contraste no hospital no mesmo dia e nenhuma delas apresentou problema, segundo o diretor do hospital Gustavo Sérgio Carvalho.

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