INVASÃO

Vídeo em UTI será tratado como crime

Jonas avisa que quem seguir a orientação do presidente responderá pelo ato na Justiça

Maria Teresa Costa
13/06/2020 às 10:10.
Atualizado em 29/03/2022 às 08:29
Campinas tem 100% dos leitos ocupados (Cedoc/RAC)

Campinas tem 100% dos leitos ocupados (Cedoc/RAC)

O prefeito Jonas Donizette (PSB) informou que pessoas que seguirem a orientação do presidente Jair Bolsonaro, e entrarem nos hospitais para fazer vídeos de leitos vazios, responderão pelo ato na Justiça. Bolsonaro pediu, em vídeo, na quinta-feira, que seus apoiadores arranjem um jeito de gravar o interior dos hospitais usados na Covid-19. Segundo o presidente, o pedido é para verificar se há desperdício de dinheiro público com leitos desocupados. Jonas informou que não irá reforçar, nesse momento, a segurança nos hospitais, que já têm segurança própria e apoio da Guarda Municipal em caso de necessidade. No Hospital de Campanha, o Exército, que tem como uma das missões a segurança do local, poderá ser acionado se for necessário. O prefeito afirmou que espera o bom senso da população. Em live, ontem, ele disse que já houve tentativa de invasão no Hospital de Campanha quando estava sendo construído e um grupo filmou as tendas de triagem vazias no Hospital de Clínicas da Unicamp. “O que o presidente fez é algo muito ruim. Ele não é uma pessoa qualquer e muita gente tem como verdade o que ele fala. Para que isso? Quem tentar entrar em hospital para fazer vídeo vai atrapalhar a rotina do trabalho e correr risco de se contaminar”, disse. Segundo Jonas, invadir hospitais é um despropósito. “Presidente, estamos em uma pandemia, com mais de 41 mil brasileiros mortos, 800 mil infectados confirmados. O senhor tem mesmo duvidas de que os hospitais estão abarrotados ou é apenas jogo de cena e mais uma cortina de fumaça”, afirmou. Para o secretario de Saúde, Carmino de Souza, invadir uma área de UTI será desastroso, especialmente para os pacientes que estão internados. “Espero que as pessoas tenham bom senso e não atendam o presidente”, disse. Jonas convidou Bolsonaro a visitar os hospitais de Campinas e testemunhar o sofrimento da população e a bravura dos profissionais de saúde. Em transmissão ao vivo na quinta-feira, Bolsonaro incitou a população a invadir hospitais. “Tem hospitais de campanha perto de você, tem um hospital público, né? Arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente vem fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados, ou não. Se os gastos são compatíveis, ou não. Isso nos ajuda. Tudo o que chega para mim nas mídias sociais, fazemos um filtro e encaminho para a Polícia Federal ou para a Abin, e lá eles veem o que fazem com os dados. Não posso prevaricar. O que chega ao meu conhecimento, passo para frente para diligência deles para análise e processo investigatório, ou não”, afirmou. Governadores rechaçam declaração Governadores dos nove estados do Nordeste divulgaram ontem uma carta conjunta em que rechaçam o incentivo de Jair Bolsonaro à invasão de hospitais e os ataques do presidente direcionados aos gestores estaduais. O grupo mandou um recado ao presidente: "Não é invadindo hospitais e perseguindo gestores que o Brasil vencerá a pandemia". Ontem, pouco antes da divulgação da carta dos governadores, um grupo formado por pelo menos seis pessoas entrou no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, unidade de referência no tratamento do novo coronavírus no Rio, e invadiu alas restritas a médicos e pacientes. Relatos davam conta de que os membros do grupo queriam checar se havia leitos disponíveis - exatamente como orientou Bolsonaro. Na carta, os governadores destacam ainda o esforço de suas gestões para o combate ao coronavírus e a falta de diálogo por parte do governo federal. A carta é assinada pelos governadores Rui Costa (BA), Renan Filho (AL), Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA), João Azeredo (PB), Paulo Câmara (PE) Wellington Dias (PI), Belivaldo Chagas (SE) e Fárima Bezerra (RN).

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