NOVO CASO

Vídeo de confusão entre alunos e professor causa polêmica

Um novo vídeo divulgado nas redes sociais amplia o cenário de tensão e divergências na greve dos estudantes da Unicamp. As imagens mostram bate-boca entre um grupo de estudantes e um professor

Inaê Miranda
12/07/2016 às 20:51.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:40
Briga entre alunos e professor (Reprodução de vídeo)

Briga entre alunos e professor (Reprodução de vídeo)

Um novo vídeo divulgado nas redes sociais nesta terça-feira (12) amplia a polêmica em torno da greve dos estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). As imagens gravadas na entrada do Instituto de Física Gleb Wataghin mostram uma confusão envolvendo alunos e um professor. O caso foi parar na delegacia. Estudantes em greve tentaram impedir que o docente aplicasse a prova e ele reagiu. Teve empurra-empurra, xingamentos e acusações de agressões dos dois lados. Foram registrados dois boletins de ocorrência, pelos estudantes e pelo professor. O docente ainda pretende acionar a ouvidoria da Unicamp e os alunos pretendem pedir a abertura de sindicância à universidade. No vídeo é possível ver o professor alterado. Num primeiro momento ele empurra um aluno e diz que o que eles (os estudantes grevistas) estão fazendo é “tirania”. O professor chama o aluno de cretino e, em seguida, empurra uma aluna que estava na porta da sala tentando impedir o seu acesso. A estudante empurra o professor de volta. Nesse momento professor e alunos estão alterados. Alguns alunos tentam retirar o professor da situação e, por um momento, parece que ele vai desistir do embate. Mas depois retorna e a confusão continua, mas as imagens são interrompidas após o celular da estudante que estava gravando cair. Os estudantes registraram o boletim na noite de segunda-feira. Duas alunas foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML) para exame. “Nós estávamos realizando os piquetes e o professor já chegou transtornado dizendo que iria aplicar os exames e que era para liberarmos a entrada. Tentamos conversar, mas ele não aceitou e começou a ir para cima de todos os alunos, e fazendo ameaças”, afirmou a estudante Carolina Bonomi. “Eu estava gravando com o celular, e ele veio pra cima de mim e tentou pegar o aparelho. Estou com o meu braço cheio de hematomas. Cerca de 15 pessoas tentaram segurá-lo, mas ele gritava muito”, contou a estudante Ana Emília. O professor também diz que foi agredido pelos estudantes. “A tática deles foi colocar dois homens na minha frente, cara a cara, e, por trás, as meninas me agrediam com joelhada, canelada, cotovelada. Eu estava subindo a escada para ir embora e puxaram o meu pé. Entrei na secretaria para me acalmar e foram lá na frente tripudiar em cima de mim, me xingando de machista, fascista, porco, homofóbico, misógino. Fui até a porta e mandei todos embora porque tinha o direito de ficar sozinho”, disse. Ele admite que perdeu a paciência, mas nega as agressões. “Não dei tapa. Tirei a menina da porta da sala. Concordo que perdi a paciência, mas ela (a paciência) não foi embora em cinco segundos, está sendo minada cotidianamente por ações autoritárias dos estudantes. Depois de um mês eu perdi a paciência”, afirmou. Ele diz que os alunos feriram as liberdades individuais ao tentar impedi-lo de exercer sua profissão e ao tentarem impor a greve aos demais estudantes que não concordam com o movimento. O professor conta que fez uma enquete na sala e apenas três dos 37 alunos concordavam com a greve. “Querem impor a greve por meio da força. Quando meus alunos tentam assistir à aula são coagidos, intimidados por alunos de outros institutos. Pergunto: onde está a democracia? Quem é fascista nessa história toda? A minha categoria não está em greve. Eu não estou em greve. Por que não posso exercer minha profissão? Assumo que perdi a paciência, mas as coisas chegaram num limite, ainda mais sabendo que as pautas mais importantes da greve deles foram atendidas”. A advogada do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Cristiane Anizeti dos Santos, afirma que no boletim de ocorrência (BO) registrado pelos alunos constam os crimes de lesão corporal, ameaças, injúria simples e injúria racial. A advogada considerou o fato grave e disse que pretende fazer representação. O BO será encaminhado para 7ª Delegacia de Polícia e os casos das alunas serão encaminhados para Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). “Ontem (segunda-feira) foi muito grave, fomos ao 1º DP com seis estudantes. Duas delas, com lesão corporal. Fizeram corpo de delito hoje pela manhã (terça-feira)”, contou. O vídeo com a confusão foi publicado na rede social, na página do movimento Ocupa Tudo da Unicamp e em sete horas já tinha 34 mil visualizações. Também foi publicado um relato dos estudantes. Nos comentários, os alunos são criticados. “Tirar o direito de ir e vir do professor também é uma agressão”, comenta um dos internautas que deixaram mensagens na publicação. A reitoria da Unicamp informou que tomou conhecimento do vídeo pelas redes sociais. “A universidade aguarda a formalização de eventual denúncia para tomar as medidas necessárias”, diz em nota. Calendário acadêmico Cristiane diz que por trás da confusão está a postura de omissão da Unicamp em relação ao calendário acadêmico, desconsiderando o período de greve dos alunos, professores e funcionários. “Teve um período de greve com as três categorias. Há cerca de duas semanas, docentes suspenderam e estão em estado de mobilização. Tiveram um mês de greve. Permanecem na greve trabalhadores e estudantes da Unicamp. Nesse período as aulas não ocorreram e os cronogramas inicialmente combinados não foram cumpridos”, afirmou a advogada. (Colaborou Shana Pereira)  

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