gravação

Vice rompe silêncio e nega 'negociata' em Paulínia

Sandro Caprino se pronuncia pela 1ª vez após vazamento de áudio

Renato Piovesan
30/07/2018 às 22:21.
Atualizado em 23/04/2022 às 08:14
Sandro Caprino chama de clandestina a gravação divulgada de uma conversa entre ele e suplente de vereador (Cedoc/RAC)

Sandro Caprino chama de clandestina a gravação divulgada de uma conversa entre ele e suplente de vereador (Cedoc/RAC)

O vice-prefeito de Paulínia, Sandro Caprino (PRB), negou participar de qualquer tipo de “negociata” e chamou de clandestina a gravação vazada de uma conversa entre ele e o suplente de vereador Marcelo Domingos de Souza (PRTB) repercutida no Correio Popular semana passada. Num dos trechos do áudio, Caprino teria admitido dar uma ajuda ao também suplente de vereador Sargento Camargo (PDT), que integra a Comissão Processante (CP) que pode afastar o prefeito Dixon Carvalho (PP) e 13 dos 15 vereadores da Câmara de seus cargos — não foi detalhado que tipo de ajuda foi essa e se envolveu dinheiro. Os dois avisaram que vão lavrar boletim de ocorrência para se resguardar sobre a gravação vazada. Advogados especialistas em direito administrativo e penal ouvidos pela reportagem apontaram indícios de crimes de corrupção ativa e passiva no episódio, caso seja confirmado o oferecimento ou pagamento de qualquer tipo de vantagem para um agente público para fazer o que a lei determina ou agir de forma contrária a ela. Caprino quebrou o silêncio segunda-feira e publicou um vídeo de 15 minutos no Facebook em que desabafou sobre a guerra política existente em Paulínia. “É uma gravação clandestina, sem autorização da Justiça, gravada numa padaria, que é local público. A verdade é que em Paulínia a única coisa que não conseguem achar é algo contra mim. Eu estou cansado de ser ameaçado, de tentarem me colocar na mesma laia que eles”, disse, se referindo ao grupo político do prefeito Dixon Carvalho, com quem está rachado desde o início do mandato. Sobre a ajuda oferecida a Sargento Camargo, o vice-prefeito explicou que pediu sim a colaboração de alguns amigos ao suplente de vereador, mas negou ter oferecido seu dinheiro a ele como forma de motivação para dar andamento à Comissão Processante. “O Sargento tem uma grande índole na cidade. Como ele foi para a comissão, precisou se afastar da polícia e ficou dois meses sem receber salário. Aí todo mundo começou a se reunir, principalmente policiais, e isso tem lista com os nomes de quem ajudou. Eu ajudei pedindo para as pessoas ajudarem, só”, justificou. Na gravação vazada, Caprino teria dito que “se ele (Sargento) sai da comissão, acaba a comissão” e que “era uma questão de vida ou morte”. A conversa ocorreu enquanto Marcelo Domingos de Souza lamentava sua situação financeira complicada e pedia dinheiro a ele. “Eu como homem público tenho que zelar pela verdade. Por que é importante ele (Sargento Camargo) não sair da comissão? Porque tem que ser investigado. E tenho que exigir que, se houve erro do prefeito ou dos vereadores, eles tenham que pagar. E se nada for provado, como já ocorreu em duas CPs abertas contra mim, que sejam absolvidos”, afirmou. Ao Correio, Caprino manteve o desabafo. “Ficam tentando me destruir porque nunca me vendi na política. Eu sou contra o sistema. Não me conformo com uma cidade com orçamento de R$ 1,5 bilhão estar abandonada desse jeito. E agora ficam tentando dar a impressão que a CP está sendo conduzida por mim. Tenho quatro filhas e estão seguindo elas, ficam me gravando. A cidade está um caos.” O jornal já havia procurado Caprino quinta-feira passada, antes da publicação da reportagem, mas na ocasião o gabinete do vice-prefeito se recusou a informar seu telefone celular. O Correio também ligou para um número de Caprino na sexta, mas segunda-feira ele alegou não ter atendido pois estava fora da cidade e não teve como falar.

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