Moradores do Ouro Verde estão assustados com informações sobre o suposto fim do serviço de atendimento domiciliar
A possibilidade do fim do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da região Sudoeste motivou quatro vereadores de Campinas a ingressarem com uma representação junto ao Ministério Público (MP) em busca de uma solução para o problema que vem gerando preocupação e colocando em alerta os moradores que vivem nos bairros do distrito do Ouro Verde. O documento, elaborado pelos vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Mariana Conte (PSOL), Carlão do PT e Pedro Tourinho (PT), aguarda assinaturas de outros parlamentares para ser encaminhado ao MP até o começo da semana que vem. Segundo os moradores, uma informação vinda de funcionários do programa dá conta de que o serviço será desativado ainda em setembro. O SAD, que existe desde 1993, tem como objetivo realizar o atendimento domiciliar a pacientes acamados, com patologias incapacitantes, terminais e sujeitos a internações recorrentes, já que eles não possuem condições de se deslocarem até um hospital. O programa é vinculado ao Complexo Hospitalar Ouro Verde. De acordo com relatos dos moradores, os próprios profissionais do serviço estão informando que vão parar os atendimentos no próximo dia 19, porque estão cumprindo aviso-prévio depois que a Prefeitura optou por demiti-los com o objetivo de abrir um processo de licitação para contratação de uma nova empresa que possa administrar o programa. Em nota, a Prefeitura de Campinas confirmou que trocará a equipe do SAD da região Sudoeste e que uma licitação está sendo feita para contratar uma nova empresa que prestará o serviço. “Os atuais funcionários que são da empresa contratada continuarão realizando as visitas domiciliares durante este mês, enquanto cumprem aviso prévio”, informou em nota. O documento, no entanto, em nenhum outro trecho, informou a data em que o processo licitatório vai começar e quando a empresa vencedora começa a atuar. “Os médicos do SAD disseram que nós vamos ficar mais de um ano sem o atendimento”, afirmou a diarista Luana dos Santos, 33 anos, que depende dos médicos do programa para cuidar da irmã, de 19 anos, que tem paralisia cerebral. Questionado, o prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB) garantiu ontem não haver a possibilidade de qualquer corte no Serviço de Atenção Domiciliar. “O que pode estar acontecendo é uma troca de empresa que presta o serviço. Muita gente se aproveita disso para tumultuar e ficar inventando histórias. Não tem nenhuma coisa que corte esse serviço”, explicou o chefe do executivo. [INTERTITULO]Protesto [/INTERTITULO]Os moradores marcaram para hoje um protesto em frente ao Paço Municipal. O ato ocorrerá às 8h30 e contará com o apoio de alguns vereadores da cidade. A ideia é fazer com que o secretário de Saúde de Campinas, Carmino de Souza, receba alguns representantes. Moradora do bairro Eldorado dos Carajás, a dona de casa Lúcia Angelina Vitório, de 49 anos, estará presente no protesto. Ela cuida praticamente sozinha do filho Lucas, de 18 anos. Em 2005, ele sofreu um acidente doméstico — um tanque caiu em sua cabeça. Desde então, o garoto vive em estado vegetativo e necessita dos cuidados da mãe e dos médicos do SAD para sobreviver. “A Prefeitura nunca deu uma informação ou explicação sobre nada. Queremos ouvir o que eles têm a dizer. Estamos juntando um mutirão de pessoas para comparecer amanhã no protesto. Além dos moradores do Ouro Verde, os funcionários do SAD também estarão lá pela nossa causa”, afirmou a dona de casa.