Aliados de Jonas desistem de abrir comissão para analisar custos da tarifa do transporte
Os vereadores da base governista na Câmara de Campinas decidiram após conversa com o prefeito Jonas Donizette (PSB) nesta terça-feira (2), substituir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da tarifa de ônibus por uma audiência pública.
No encontro, o prefeito afirmou aos parlamentares que disponibilizá técnicos para explicar os valores da planilha do custo do transporte. O governo continua com o discurso contrário à abertura da comissão, seja ela governista ou da oposição, sob a justificativa de que se trata de um ato partidarizado. Dos 27 integrantes da base, apenas dois não compareceram ao encontro com o chefe do Executivo.
Jonas chamou os vereadores para uma conversa na qual fez um balanço das ações dos primeiros seis meses do seu governo. Em meio ao discurso, o chefe do Executivo passou a falar da instalação da CPI do Transporte, inicialmente proposta pela oposição e, mais tarde, arquitetada por parte da base governista sob a justificativa de dar uma resposta à população. A abertura da comissão foi um dos pedidos dos manifestantes de Campinas que integram a Frente Contra a Aumento da Passagem.
Segundo os parlamentares ouvidos pelo Correio, Jonas afirmou que o governo liberou todas as informações e que é favorável à realização de audiências públicas para que as planilhas que norteiam os custos do transporte público sejam avaliadas, mas que a CPI iria favorecer e dar palanque ao núcleo de opositores. Segundo o líder de governo, Rafa Zimbaldi (PP), o Legislativo ainda não decidiu se a audiência ocorrerá este mês durante o recesso ou se a reunião será marcada para agosto.
Engaveta
A decisão de engavetar a CPI dos governistas veio após a repercussão negativa de que a comissão não iria apurar com rigor supostas irregularidades no documento. A imagem negativa da CPI, desta vez no Transporte, levou a parte da base que concordava com a proposta a repensar o assunto. Antes disso, os vereadores chegaram a cogitar a possibilidade de abrir uma comissão de estudos sobre o caso.
A ideia também surgiu após aliados do governo na Câmara sinalizarem com a possibilidade de assinar a comissão proposta por Paulo Bufalo (PSOL). Até agora o requerimento do parlamentar da oposição para a abertura da comissão conta com cinco assinaturas. Artur Orsi (PSDB) foi um dos nomes da base que chegou a sinalizar que assinaria o pedido. O temor era de que o tucano conseguisse levar com ele parte dos aliados e emplacasse o requerimento da oposição.
Apuração
A adoção de CPIs propostas por governistas foi comum durante o governo do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT). A mais polêmica, instaurada em 2010 para apurar as denúncias do que posteriormente ficaria conhecido como Caso Sanasa, terminou meses depois sem que o presidente, na época Sergio Benassi (PCdoB), e os outros integrantes da Câmara identificassem qualquer irregularidade nos contratos ou conduta irregular de dirigentes públicos.
Cinco meses depois da apresentação do relatório final da CPI inocentando o governo, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou uma megaoperação que levou para a cadeia vários empresários e integrantes do primeiro escalão do governo Hélio e resultou na sua cassação.