VIOLÊNCIA E TORTURA

Vereadores acompanham apuração em caso de menino torturado

Secretária e membros dos cinco conselhos tutelares devem ser chamados para explicar caso do menino que ficou preso em um barril, em pé, com sinais de desnutrição, no Jardim Itatiaia

Da Redação
25/02/2021 às 13:30.
Atualizado em 22/03/2022 às 00:20
Menino de 11 anos encontrado preso pelo pai e madrasta, em pé, em um barril, com sede e sinal de desnutrição  (Reprodução)

Menino de 11 anos encontrado preso pelo pai e madrasta, em pé, em um barril, com sede e sinal de desnutrição (Reprodução)

A Comissão de Representação da Câmara Municipal de Campinas, formada para acompanhar a apuração do caso de tortura a uma criança no Jardim Itatiaia, informou ontem, durante a primeira reunião dos vereadores em plenário, que está previsto convidar a secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, Vandecleya Elvira do Carmo Silva Moro, e os membros dos cinco conselhos tutelares para os próximos encontros.

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Segundo o vereador Paulo Haddad (Cidadania), a intenção do convite e da presença da secretária e dos membros do conselho tutelar é apurar responsabilidades no caso do menino e discutir propostas para melhorar as ações de assistência social no município.

"O país todo ficou estarrecido com a crueldade por parte de familiares do menino que ficou acorrentado e com sinais de desnutrição em uma laje. Queremos convidar os atores envolvidos na assistência social da cidade para discutir propostas, entender melhor o cenário e apurar as responsabilidades", disse o vereador que é médico e preside a Comissão Permanente de Política Social e Saúde da Câmara.

Ele ressaltou que a intenção a comissão não é investigar e sim compreender tudo o que aconteceu, discutir e colaborar com medidas que possam evitar que novas situações do tipo aconteçam na cidade, já que tanto a criança quanto a família eram acompanhados pelos serviços de assistência social do município.

Entre os apontamentos levantados pela comissão na reunião de ontem estão o de discutir o déficit estrutural que possa existir na rede de assistência social municipal, além da ampliação do Conselho Tutelar da cidade. "O trabalho passa também por uma análise criteriosa do orçamento", explica.

O vereador ressaltou que, com a repercussão do caso, a atuação do Conselho Tutelar foi questionada e dados do próprio órgão mostram que o atendimento na região do menino torturado caiu 64% em 2020.

Ele comentou também sobre os recentes anúncios feitos pela Prefeitura na área da assistência social, onde novos protocolos de notificação e casos foram criados para facilitar a leitura e o encaminhamento de situações suspeitas identificadas na rede de assistência do município.

Além do vereador Paulo Haddad, a Comissão de Representação tem como integrantes as vereadoras Paola Miguel (PT) e Débora Palermo (PSC) e os vereadores Gustavo Petta (PCdoB) e Paulo Bufalo (PSOL).

O caso

No dia 30 de janeiro, equipes da Polícia Militar foram acionadas por vizinhos que denunciaram a situação em que o garoto de 11 anos vivia no bairro Jardim Itatiaia, região Sul de Campinas. Na ocasião, a criança foi encontrada nua e acorrentada nos pés e nas mãos dentro de um barril na parte externa da casa onde vivia com a família, o pai, a esposa e uma jovem de 22 anos.

O menino relatou à Polícia Militar que estava com fome e que tinha sido preso porque pegou comida da casa sem pedir autorização aos pais. O casal e a jovem de 22 anos foram presos em flagrante acusados de tortura.

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