EM CLUBE

Vereador pede para sócios não furtarem talheres

Dona de casa que guardava na bolsa prato e colher de metal que levou de casa ao evento, para que a mãe dela, que sofre de demência, pudesse comer, se sentiu ofendida

Alenita Ramirez
12/10/2016 às 18:41.
Atualizado em 22/04/2022 às 21:59

O vereador Cid Ferreira (SD), de Campinas, voltou a aprontar e desta vez causou revolta a uma dona de casa de 67 anos, que participava com a mãe, uma idosa de 94 anos, uma amiga e uma conhecida, de um almoço para "aniversariantes do mês" do Clube Vila Marieta, sede da Associação dos Aposentados, Pensionistas, Metalúrgicos e Outras Categorias. O evento ocorreu na tarde da última terça-feira, e, durante discurso de encerramento, Cid teria dito para cerca de 400 convidados que não gostava que as pessoas levassem garfos e facas para casa, já que os talheres custavam caro. No momento da fala, a dona de casa Marlene Maria da Silva, que estava em uma mesa em frente ao palco, guardava em sua bolsa um pratinho de metal e uma colher, que costuma levar de casa para a mãe brincar. Segundo Marlene, em razão da idade avançada, a mãe sofre de demência e tem por hábito ficar batendo com a colher no prato. "Eu estava sentada de frente, mas com o corpo virado para o vereador, pois mexia na minha bolsa. Minha mãe estava do lado e fazia um rolinho com um pedaço de papel toalha. Ele pensou que nós duas estávamos levando os objetos para casa. Minha amiga ouviu o que o vereador falou no microfone e me avisou. Eu cheguei a falar para ele que o prato e a colher eram meus e que no papel que estava na mão da minha mãe não tinha nada. Mesmo assim ele a fez mostrar. Ele me chamou de ladra", disse. A dona de casa é sócia do clube e disse que a festa é realizada todos mês, mas nem sempre participa. Como nem ela e nem a mãe eram aniversariantes, elas compraram convites. No entanto, todas as quintas-feiras ocorre o baile da 3ª Idade, o qual ela e a mãe não perdem. "Tudo o que quero é que o Cid se retrate publicamente, pois fui constrangida diante de um monte de pessoas que não conheço. Saí do local chorando", contou Marlene que pretende fazer um boletim de ocorrência contra o vereador. Cid Ferreira confirmou para o Correio que usou do microfone e pediu para os convidados não levarem os garfos para casa, já que nos últimos tempos é registrado o sumiço de oito a dez garfos e facas durante os eventos. "Não fiz por maldade. Não me direcionei a esta senhora que nem sei quem é. Me dirigi a todos que estavam no local. Infelizmente, quando é recolhido os pratos e talheres faltam, e isso nos causa prejuízo", disse. Segundo o vereador, a associação tinha seus próprios talheres, mas devido aos sumiços constantes foi necessário contratar uma empresa para alugar as peças. "Por conta desses sumiços, vou mudar o sistema de uso. As pessoas vão ter que fazer um cadastro que informa a retirada e a entrega, pois os talheres custam caro", falou. Cid disse que se houver necessidade até se retrata em público, mas não pediria desculpas para a dona de casa, já que o aviso não foi direcionado a ela, mas para os que estavam presentes. Racismo Em junho do ano passado, o vereador foi acusado de crime de racismo, preconceito e abuso por grupos ligados ao movimento negro de Campinas. Na época, após suas falas na audiência pública realizada no Legislativo, o parlamentar discutiu com um jovem negro e teria afirmado que o rapaz era feio e ele era bonito, e que ele tinha olhos azuis, e o rapaz não.

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