CRISE HÍDRICA

Verão chuvoso reduziu risco de racionamento, diz Estado

Chamada vazão afluente dobrou em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o que faz com que um certo clima de otimismo chegue as Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e do Alto Tietê

Maria Teresa Costa
29/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:10
Risco é se a seca for mais severa, com 3% da média de afluência, como ocorreu no ano passado (Luís Moura/ AE)

Risco é se a seca for mais severa, com 3% da média de afluência, como ocorreu no ano passado (Luís Moura/ AE)

Apesar do volume de água que tem chegado aos reservatórios do Sistema Cantareira nos primeiros três meses do ano estar 55,8% abaixo da média histórica dos últimos 84 anos, registrada entre 1930 e 2014, a chamada vazão afluente dobrou em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o que faz com que um certo clima de otimismo chegue as Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e do Alto Tietê.   O risco de racionamento a partir do final de abril, quando começa o período da estiagem, está cada vez menor para a região de Campinas e a Grande São Paulo. Na sexta-feira (27), os reservatórios operaram com 18,4% da capacidade. Pode ser que os reservatórios cheguem ao início da estiagem operando apenas com volume morto, mas a água existente vai permitir o abastecimento como vem ocorrendo até agora.   “Todos estamos mais otimistas, mas é um otimismo precavido. Temos que lembrar que estamos ainda saindo do subsolo (volume morto). Recuperamos a segunda cota, estamos recuperando a primeira, mas só depois disso poderemos começar a recuperar o volume útil. Mas a situação é muito melhor que em janeiro, que foi um mês muito complicado para nós”, disse o secretário de Estado de Recursos Hídricos, Benedito Braga, em um programa sobre o Dia Mundial da Água, há uma semana, na TV Cultura. O vice-presidente dos Comitês PCJ e diretor técnico da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), Marco Antônio dos Santos, também acredita que se São Paulo mantiver a redução de retirada de água do sistema, de forma que no período de estiagem as Bacias PCJ possam receber uma volume a mais, em torno de 3 a 4m3s, será possível passar a estiagem sem grandes problemas. O volume de água existente abaixo da cota de operação do volume útil, e que precisa ser captada por bombas, estava em 200,3 bilhões de litros — em maio do ano passado, quando começou a operação da primeira cota do volume morto, 182 bilhões de litros foram adicionados à operação, seguidos de mais 105 bilhões de litros da segunda cota que começaram a ser bombeados em outubro.   Nesse período, as chuvas repuseram a segunda cota e a primeira está começando a ser recuperada.   “Se não chover, ainda assim teremos nos reservatórios um bom volume de água que dará para chegar até outubro, início do período de chuvas, desde que a retirada de água do sistema se mantenha em queda”, disse Santos. Segundo o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, se a vazão afluente se mantiver em 51% da média histórica, será possível chegar a outubro com 150 bilhões de litros, que é praticamente o volume que existe hoje no sistema.   O risco é se a seca for mais severa, com 3% da média de afluência, como ocorreu no ano passado: nesse caso, os reservatórios chegarão a outubro com 29,4 bilhões de litros e em situação muito delicada.   “Há o risco de não termos um Verão chuvoso, como ocorreu em 2014, e então termos uma condição de operação dos reservatórios muito ruim, com possibilidade de racionamento nas duas regiões”, afirmou. Na sexta-feira (27) entraram nos reservatórios 64,22m3s e foram retirados 0,45m3/s para as Bacias PCJ e 10,72m3s para a Grande São Paulo.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por