COM MUITO OTIMISMO...

Vendas de final de ano podem injetar até R$ 6,3 bi na economia

Expectativa leva em conta apenas o que será comercializado no período do Natal

Isadora Stentzler/ isadora.stentzler@rac.com.br
09/10/2022 às 11:55.
Atualizado em 09/10/2022 às 12:01

Comerciantes apostam suas expectativas nas datas comemorativas, como o Dia das Crianças, Black Friday e o evento esportivo da Copa do Mundo para manter o equilíbrio das contas e lucrar neste 4˚trimestre (Rodrigo Zanotto)

As vendas de fim de ano devem injetar até R$ 6,3 bilhões na economia local, segundo estimativa da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic). O valor diz respeito apenas aos produtos que devem ser comercializados no período do Natal. Antes disso, as expectativas recaem sobre as datas comemorativas do Dia das Crianças, Black Friday e Copa do Mundo, que podem manter a balança em alta neste quarto trimestre.

Segundo estimativa da Acic, apenas para o Dia das Crianças, comemorado no dia 12 de outubro, deve haver um crescimento de 3,2% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado. Para a data, o preço médio do presente deve atingir R$ 158, representando uma alta de 2,6% sobre os R$ 154 de 2021.

Já o comércio eletrônico deverá participar com 15,5% das vendas para a data, registrando um faturamento de R$ 146,7 milhões este ano, contra os R$ 127 milhões atingidos no ano passado. 

Em relação à mão de obra temporária, a previsão é do crescimento de 9% sobre as contratações de 2021 em Campinas e região, sendo, 1.385 vagas em Campinas e 2.550 em toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Na avaliação do economista da Acic, Laerte Martins, os números refletem o poder e importância que a data representa para o comércio e consumidores. "Apesar das condições adversas geradas pela inflação e a perda do poder de compra, os consumidores não deixam de prestigiar as crianças", apontou. 

Para as próximas datas comerciais, a prospecção é a de que o comércio da região siga aquecido. Quando o assunto é a Copa do Mundo de 2022, que ocorre de 20 de novembro a 18 de dezembro, no Catar, a perspectiva é otimista: uma movimentação financeira de cerca de R$ 250 milhões nos setores do Comércio e Serviços de Campinas e região. O montante representa 25% mais que o registrado na edição do evento de 2018, na Rússia, que movimentou R$ 200 milhões.

Nesse período, as vendas de materiais esportivos deverão movimentar R$ 15 milhões, contra R$ 10 milhões em 2018 (50% a mais). O mesmo ocorre com aparelhos de TV, desejados para assistir aos jogos e que deverão representar R$ 155 milhões, o equivalente a 19,2% acima dos R$ 130 milhões vendidos em televisores na Copa do Mundo anterior. 

No setor de Serviços, a projeção para os segmentos de Viagens e Turismo é de uma alta de 50% na movimentação financeira, passando de R$ 60 milhões em 2018 para R$ 80 milhões este ano.

Outra data muito aguardada é a Black Friday 2022, que ocorre na sequência, no dia 25 de novembro. Para ela, a expectativa é a de movimentar aproximadamente R$ 988 milhões, uma expansão de 21,23% em relação a 2021. 

Somente em Campinas, o montante deverá girar em torno de R$ 508 milhões, enquanto na Região Metropolitana de Campinas (RMC) o valor pode chegar a R$ 480 milhões. 

A data também deve contribuir para a contratação de 355 empregos temporários em Campinas e região: sendo 125 em Campinas e 230 na RMC, contra 114 e 211, respectivamente, em 2021, o que perfaz um crescimento de 10% em Campinas e de 9% na região.

Para os últimos dias do ano, o pagamento do 13º salário deve alavancar as vendas no comércio. Para este ano, a previsão é de um crescimento de 4,10%, com movimentação financeira de R$ 3,7 bilhões na RMC e de R$ 2,8 bilhões em Campinas, totalizando R$ 6,5 bilhões. No Natal de 2021, o faturamento fechou em R$ 6,3 bilhões, o equivalente a 3,51% acima dos R$ 6,1 bilhões faturados na mesma data de 2021.

A contratação de mão de obra temporária para o período natalino neste ano deve movimentar cerca de 101 mil contratações, conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). 

As contratações temporárias em Campinas e região para o Natal são de 12.695 vagas, cerca de 7,26% mais que as 11.836 contratações de 2021. Apenas em Campinas serão gerados 5.830 empregos temporários. "Mesmo com a queda do poder de compra, da elevação dos preços, aceleração da inflação, desvalorização do dólar e elevada Taxa Selic em 13,75% ao ano, as compras do quarto trimestre de 2022 são otimistas frente às dificuldades para festejar o Natal, tradicionalmente a maior data de vendas do comércio no país. O otimismo é complementado pela entrada positiva dos recursos do 13º salário, que deverão liberar cerca de R$ 3,95 bilhões na economia de Campinas e Região neste 4° trimestre", avalia Martins. 

Comerciantes inseguros 

Apesar da perspectiva positiva em relação às datas, os comerciantes ainda se sentem inseguros, devido à queda no poder aquisitivo dos brasileiros. Mônica Tan, de 42 anos, gerente de uma loja de artigos diversos, não se sente tão otimistas. Ela avalia que as vendas, neste momento, estão menores que nos primeiros meses do pós-pandemia. 

"A inflação está muito alta, então, não estamos conseguindo recuperar o caixa nos mesmos patamares de antes. O Dia das Crianças, por exemplo, não está sendo expressivo como imaginávamos. A expectativa agora se concentra no Natal, quando, com o pagamento do 13º salário, os consumidores tenham uma ‘gordura’ para gastar", avaliou. 

Gerente de uma loja de roupas, Bruna Ramos acredita que somente após o resultado das eleições as compras vão voltar a crescer. "Já nos recuperamos das perdas da pandemia, porém, não retomamos os patamares anteriores. Acredito que o comércio sentirá melhor a realidade após as eleições, quando esperamos um incremento de 20% nas vendas", apontou. 

Cenário 

De acordo com o economista da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Cândido Ferreira da Silva Filho, o que tem segurado o mercado ativo no momento são os pacotes emergenciais e os auxílios pagos pelo governo, uma vez que o cenário político local e internacional não estão favoráveis para a recuperação econômica. 

"O que nós estamos observando é uma recuperação da economia muito lenta. Ainda reina muita insegurança. Questões como a guerra entre Ucrânia e Rússia e as eleições que estão sendo realizadas agora no Brasil geram muita incerteza, reduzindo-se os investimentos. O setor público está muito desequilibrado, com gastos excessivos e o endividamento muito alto. Tudo isso tem afastado os investidores e, desse modo, não estamos criando empregos suficientes, no volume que precisaria. E, muito menos, com rendimento, salário, adequado. Por tudo isso, a recuperação da economia tem sido lenta. É lógico que, lentamente, estamos voltando aos patamares pré-pandemia. Houve alguma recuperação. O setor de serviços tem crescido e gerado empregos, mas tudo muito lento. Temos que esperar algumas definições no campo político para então acreditar que a economia voltará a crescer", analisou. 

Com as datas comemorativas previstas para este 4° trimestre, a avaliação de Filho é de que o maior impacto deve ser sentido no Natal, sobretudo pela chegada do 13º salário. "Essas datas comemorativas são importantes na economia. No caso brasileiro, devemos destacar o Natal, porque ele estimula o consumo a partir do recebimento do 13º salário. Uma bolada que entra na economia e estimula o crescimento dela. Já tivemos um aumento nas vendas por conta do Auxílio Brasil, que já injetou mais de R$ 50 bilhões na economia. Então as vendas no comércio também têm se mantido graças a isso", frisou.

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