CAMPINAS

Venda de troncos ajudará na manutenção de parques

Serão vendidas toneladas de galhos e troncos de árvores danificadas, ou totalmente arrancadas, pela tempestade que levou destruição a diversos bairros

Cecília Polycarpo e Gustavo Abdel
13/06/2016 às 21:11.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:00

A Secretaria de Serviços Públicos de Campinas recolheu até a tarde desta segunda-feira (13) mais de 2 mil toneladas de galhos e troncos de árvores danificadas, ou totalmente arrancadas, pela tempestade que levou destruição a diversos bairros, há uma semana. Parte do material que está sendo depositado no aterro Delta será adquirido por uma empresa que possui contrato com a Administração, e o valor da compra desses troncos será revertido para o Fundo aos Parques — verba empregada em melhorias de espaços públicos. O aterro recebeu até o momento 600 caminhões. A previsão, de acordo com o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella, é que até o final de junho o aterro receba 1,5 mil caminhões, totalizando cerca de 10 mil toneladas de material. No aterro, a cena das centenas de galhos empilhados em uma enorme área mostra a dimensão do estrago causado pelo fenômeno chamado pelos especialistas de microexplosões: ventos com mais de 120km/h e chuva forte. “É algo inédito em Campinas a quantidade de árvores que caiu. Até o fim de junho estaremos envolvidos na limpeza dos locais afetados”, frisou Paulella. Cerca de 1,2 mil homens auxiliam nos trabalhos. Em área pública houve queda de 1,3 mil árvores, e em terrenos particulares, estima-se que mais de 600. O trânsito de caminhões entrando e saindo do aterro é constante. Na área de descarte, três funcionários auxiliam na retirada do material. Chegam no aterro somente os troncos maiores e mais grossos. De acordo com Paulella, galhos finos e menores passam por um processo de trituração e seguem para a compostagem. Posteriormente o material é destinado para a adubação de canteiros e correção de solo de praças públicas. Troncos maiores são vendidas por metros cúbicos a uma empresa que já está contratada pela Prefeitura. Segundo Paulella, a empresa usará o material para fazer os chamados “cavacos” e alimentar grandes caldeiras. O valor da compra desse material será revertido para a Secretaria de Serviços Públicos, que depositará no Fundo aos Parques. Primavera Paulella explicou também que o plantio para substituir as árvores será feito somente daqui três meses, na Primavera, e em dobro. Ou seja, se houve a queda de 1,3 mil espécies, serão replantadas 2,6 mil, afirmou o secretário. Já a opção para o plantio na Primavera é por causa das dificuldades que as mudas podem encontrar no Inverno. A seca desse período dificulta a recomposição da cobertura vegetal perdida na cidade. O secretário explicou que, no Inverno, a maioria das espécies entra em estado de hibernação, quando caule e raízes param de crescer. “Na Primavera já está mais quente e começa a chover. É um quadro mais favorável para as árvores. Se plantarmos agora, vai morrer muita muda. Ela sofrerá com a ação do frio, vento e tempo seco.” As mudas, de acordo com o secretário, seguirão o padrão do guia de arborização da cidade e terão tamanho suficiente para resistirem à intempéries do tempo. As plantas terão de 1,5 a 2 metros de altura e mais de três anos. Técnicos da Prefeitura ainda estudam as espécies mais adequadas para cada região, mas já sabem que terão raízes pivotantes (mais profundas) e copas colunares. “Isso tudo ajuda a resistir ao vento”, explicou Paulella. O pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, de Campinas, Ivan André Alvarez, disse que a decisão da Prefeitura de plantar as mudas na Primavera está correta, e que o ideal é que as mudas estivessem ainda maiores que 2 metros. “Elas vão demorar de três a quatro anos para terem uma copa interessante”, disse. Alvarez acredita que uma forma de a Prefeitura conseguir mais mudas adultas e acelerar o processo de recomposição vegetal seria utilizar o Banco de Áreas Verdes, em que empresas fornecem plantas como contrapartida de obras na cidade. “Seria uma medida interessante, até para a situação econômica da Prefeitura.”

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