BOLSO

Vem aí o quarto aumento do preço do gás apenas em 2021

Estimativa é que o botijão de 13kg chegue a R$ 100 para entrega em domicílio

Gilson Rei/ Correio Popular
09/04/2021 às 14:55.
Atualizado em 21/03/2022 às 22:47
O revendedor Guilherme Buck , que deixou de repassar os dois últimos  aumentos ao preço do botijão de gás: situação ficou insustentável (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

O revendedor Guilherme Buck , que deixou de repassar os dois últimos aumentos ao preço do botijão de gás: situação ficou insustentável (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

O preço do gás de cozinha em Campinas vai sofrer mais um aumento na próxima semana e o botijão deverá chegar a R$ 90 na revendedora e a R$ 100 na entrega em domicílio. Será o quarto aumento do ano, no intervalo de pouco mais de três meses. Em janeiro, o botijão custava ao consumidor R$ 65, em média. Atualmente, o produto está com a média de R$ 85; um aumento de R$ 20 em três meses, representando evolução de 30,7%. Com o novo reajuste previsto para os próximos dias, o preço do gás de cozinha vai atingir evolução de 38,46% em apenas 100 dias neste ano.

O s três aumentos no preço do botijão de 13 kg ocorreram nos meses de janeiro, fevereiro e março. O quarto reajuste já começou a vigorar no dia 2 de abril passado nas distribuidoras que fornecem o produto para as revendedoras. O quarto reajuste anunciado pela Petrobrás em quase 5% do produto não afetou ainda o bolso do consumidor porque as revendedoras estão segurando o preço de março.

A reportagem do Correio Popular apurou, entretanto, que as revendedoras não vão conseguir manter essa situação por mais de uma semana. A expectativa e que o repasse nas revendedoras seja feito a partir de segunda-feira, dia 12. Com isso, o botijão vai chegar a R$ 90 pelo sistema de pronta entrega e a R$ 100 na entrega em domicílio.

Em 20 revendedoras pesquisadas ontem em Campinas, o preço do botijão variou entre R$ 80 e R$ 85. O valor da entrega a domicílio chegou a R$ 90 na maioria. Guilherme Buck, proprietário da Vilac Gás, na Vila Industrial, explicou que manteve o preço em R$ 80 até o momento para manter sua clientela, mas reduziu a sua margem de lucro em 30%. "Este valor é referente ao segundo aumento praticado pela Petrobrás, em fevereiro deste ano. Não houve repasse do terceiro e do quarto aumento ainda. Porém, algum repasse deverá ser aplicado em breve porque a margem de lucro está muito baixa", disse.

Buck afirmou que as pessoas estão evitando comprar por causa da alta constante dos preços e os comerciantes da área de alimentação reduziram os pedidos devido à pandemia. "Muita gente está economizando ao máximo e os clientes estão demorando um pouco mais para voltar à revendedora. Muitos estabelecimentos comerciais que compravam grandes quantidades antes da pandemia diminuíram a compra", comentou o revendedor.

Morador da região do Castelo, Valdir de Rossi, mecânico de refrigeração, foi ontem buscar dois botijões para deixar de reserva em sua casa. "Estou me reservando para economizar. O preço do botijão está sendo reajustado pelo dólar mensalmente e o meu salário é em real e não está acompanhando. Com a reserva de botijões, posso respirar um pouco e equilibrar as contas", comentou.

Edméia Bratfisch, aposentada, moradora da Vila Joaquim Inácio, disse que pagou R$ 77 pelo botijão há 12 dias e que ontem já estava R$ 85. "Estou pensando em ter que me antecipar para comprar um botijão de reserva, afinal o aumento acontece todo mês e a renda não aumenta", ponderou. Ela disse que mora com o irmão e que ambos usam um botijão a cada 90 dias. "A minha aposentadoria só dá para pagar o convênio médico e o meu irmão paga o restante dos gastos, mas está ficando cada vez mais difícil. Temos que cortar muitas coisas básicas para sobreviver. Fico pensando nas famílias maiores, com crianças e sem renda para pagar um gás de cozinha", afirmou.

Distribuidoras

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) esclareceu que a Petrobras e as empresas associadas não reportam à entidade informações sobre o preço do GLP. Por meio de nota, o Sindigás informou que: "O sindicato acompanha somente os preços publicados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), cujo monitoramento mais recente apontou que o produto subiu menos de 8% para o consumidor final ao longo dos 12 meses de 2020".

A entidade explicou também que "os valores do GLP são livres em todos os elos da cadeia, e, portanto, não é possível projetar um percentual de ajuste para o consumidor final. Observa-se, no entanto, que os reajustes do produto na refinaria são diluídos ao longo da cadeia de distribuição e revenda, fazendo com que recaiam com menos força sobre o consumidor final, devido à disputa pela preferência dos clientes, movimento típico de mercados em que vigora a livre concorrência. O Sindigás recomenda aos consumidores que pesquisem entre suas marcas de confiança excelência em serviço e preço justo".

As altas do dólar no mercado internacional, aliadas à desvalorização da moeda brasileira, o real, são as principais causas destes aumentos. A Petrobrás explicou, por meio de nota, que "os preços praticados pela estatal têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor do produto no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo". A nota continua explicando que: "o alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento".

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