NA REGIÃO

Vazão de rios e umidade do ar despencam e estiagem vai piorar

Sem fortes chuvas há 40 dias, Campinas encontra-se em estado de atenção

Gilson Rei
28/04/2022 às 08:49.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:54
Operação Estiagem 2022 será iniciada em 1˚ de maio para monitorar queimadas e combater incêndios (Kamá Ribeiro)

Operação Estiagem 2022 será iniciada em 1˚ de maio para monitorar queimadas e combater incêndios (Kamá Ribeiro)

A falta de chuva significativa durante 40 dias em Campinas já reflete em níveis de vazão 45% abaixo da média histórica nos rios da região e no registro de estado de atenção por 11 dias consecutivos no município em virtude do baixo índice de umidade relativa do ar. A situação é preocupante: os institutos de pesquisa climática alertam que a estiagem será bastante severa este ano, uma vez que o período tradicional de falta de chuvas — de 1° de maio a 30 de setembro — ainda nem se iniciou. Além disso, o registro de queimadas urbanas e em áreas verdes é crescente no município, agravando ainda mais a situação.

As estatísticas não mentem. Segundo dados do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a umidade relativa do ar em Campinas completou na última quarta-feira (27) 11 dias seguidos em estado de atenção — entre 18% e 29% —, bem abaixo do índice mínimo de 60% recomendado para a saúde humana.

A Defesa Civil de Campinas informou que, nos últimos 40 dias, houve precipitação de apenas 40 milímetros no dia 8 de abril, verificada somente na região dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio. Depois disso, não houve volumes de chuva importantes na cidade.

Embora a previsão para os municípios das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí fosse de 57 milímetros de chuvas em abril, essa região atingiu 37 milímetros até ontem (27). A previsão apresentada pelos técnicos do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp, é de tempo seco nos próximos dias em Campinas, sem possibilidade de chuvas. Além disso, apontam que o índice pluviométrico ficará abaixo da média em maio, junho e julho, assim como ocorreu em abril.

José Cesar Saad, coordenador de projetos do Consórcio PCJ, afirmou que a falta de chuvas já reflete nos níveis de vazão dos rios da região. Em abril, as chuvas na área do PCJ atingiram apenas 65% do volume da média histórica. Chama a atenção a baixa vazão do Rio Atibaia — responsável pelo abastecimento de 95% da população de Campinas — que está 45% abaixo da média histórica para abril no ponto de captação em Paulínia e 33% abaixo no ponto em Valinhos, segundo o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) "No sistema Cantareira, que é o principal fornecedor de água para a região, as chuvas atingiram apenas 16% do volume previsto na média histórica", alertou.

Queimadas

Sidnei Furtado Fernandes, coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, alerta que, além da falta de chuvas, outro fator preocupante é a temperatura alta na maior parte do dia, na casa dos 30 graus centígrados.

Fernandes ressaltou que "alguns focos de queimadas em áreas verdes e em área urbana começaram a ser registrados, mesmo estando em abril, um mês antes do início do período de estiagem", disse. "Essa situação gera um risco maior para a ocorrência de incêndios", disse. No domingo passado, um incêndio em área de mata na Avenida Ruy Rodrigues provocou transtornos ao trânsito e aos moradores da região. Outras queimadas ocorreram na Rodovia Magalhães Teixeira (SP-83), perto de Valinhos, assim como às margens da Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101) na sexta-feira. Também os balões — que podem gerar queimadas e mortes — causaram transtornos e incêndios no feriadão de Tiradentes. Um balão de grande porte caiu, domingo, na Rodovia Zeferino Vaz, no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Ninguém ficou ferido.

A Operação Estiagem 2022 terá início em 1° de maio com o objetivo de intensificar o monitoramento e combate a incêndios. As ações estão previstas até 30 de setembro. No ano passado, a operação constatou um aumento de 76% em focos de incêndio em relação a 2020. De acordo com a Defesa Civil, foram registrados 471 focos de incêndios no período, um aumento de 76% em relação ao ano passado, quando o total foi de 268.

A Secretaria do Verde emitiu 22 multas a infratores que provocaram incêndios para preparar terreno ou fazer a limpeza de mato e lixo orgânico. Em Campinas, a lei n° 10.024, de 2020, proíbe isso. As multas previstas são de R$ 19 mil para os infratores. A Operação Estiagem emitirá boletins de estado de atenção, alerta e emergência. No ano passado, foram emitidos 170 boletins do tipo frente aos 105 em 2020 - aumento de 62%. Denúncias de soltura de balões devem ser feitas pelo fone 181.

Umidade do ar em Campinas

Dia 17 ..................... 26,19% 

Dia 18 ..................... 21,82% 

Dia 19 ..................... 29,56% 

Dia 20 ..................... 28,37% 

Dia 21 ..................... 25,91% 

Dia 22  .....................18,79% 

Dia 23  .....................23,35% 

Dia 24  .....................23,60% 

Dia 25  .....................23,76% 

Dia 26 ..................... 24,31% 

Dia 27 ..................... 25,47% 

Fonte: Instituto Agronômico de Campinas (IAC) 

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