Resquício do incêndio na Lagoa do Taquaral; Dário observa pichações feitas terça-feira na Lagoa (Rodrigo Zanotto e Divulgação PMC)
A Prefeitura de Campinas anunciou que está preparando um mapeamento dos bens e monumentos vandalizados na cidade para encaminhar um relatório à Polícia Civil. A ideia é investigar e instaurar de inquéritos para apurar os recentes casos de vandalismo na cidade. A inteligência da Guarda Municipal também foi acionada para identificar, por meio de assinaturas deixadas nas pichações e imagens nas redes sociais, as pessoas que participaram da última ação de vandalismo, na terça-feira, em prédios e placas da Lagoa do Taquaral. No mesmo dia, houve um incêndio em uma touceira de bambu no parque.
Considerando apenas as ações de quarta-feira (13), a Prefeitura estima um prejuízo da ordem de R$ 60 mil. A inteligência da Guarda Municipal (GM) de Campinas anunciou que está trabalhando para identificar os vândalos por meio de assinaturas deixadas nas pichações e imagens nas redes sociais.
“Nós não vamos tolerar atos de vandalismo na cidade. Além da GM, já acionamos as forças policiais para que o patrulhamento seja intensificado e que haja agilidade nas investigações”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos) na quarta-feira, acrescentando que solicitou reforço da Polícia Militar no patrulhamento do entorno da Lagoa e lembrando que já alinhou com a Polícia Civil as investigações para identificar os responsáveis pelos atos de vandalismo.
O infrator em casos de vandalismo está sujeito a uma multa de 800 Unidades Fiscais de Campinas (UFICs), o equivalente a R$ 3.584,24, com base na Lei Municipal 15.111/2015. Além disso, caso seja condenado por dano ao patrimônio público, a pena é de 6 meses a 3 anos de prisão.
SÉRIE DE ATAQUES
A cidade de Campinas tem registrado uma série de ataques a bens públicos nos últimos dias. O último ato de vandalismo aconteceu na terça-feira. Sanitários e placas informativas da Lagoa do Taquaral, uma das áreas de lazer mais procuradas na cidade, foram pichados. O local ainda foi palco, à noite, de um incêndio na área do bambuzal. O incêndio, no início da noite, atingiu uma aérea de 100m² do bambuzal, segundo o Corpo de Bombeiros. Há suspeita de que o incêndio tenha sido criminoso. Um grupo de pessoas teria ateado fogo propositalmente em uma touceira de bambu, localizada nas proximidades do posto da Guarda Municipal. As altas labaredas chamaram a atenção de moradores da localidade e de quem utilizava o espaço para exercícios físicos. Os bombeiros foram acionados e controlaram rapidamente as chamas. Não houve registro de feridos.
MUDAS
Um dia antes dos atos de vandalismo na Lagoa, na segunda-feira, mais de 40 mudas de árvores nativas foram vandalizadas na Rua Soldado Percílio Neto, no Taquaral. Elas foram repostas ainda na terça-feira (12) pela Secretaria de Serviços Públicos, no trecho que vai da Av. Heitor Penteado até o balão da caixa d´água, na Praça Ludwig Winkle, nas calçadas da via. As mudas de espécies nativas, como ipês- amarelo e branco, aldrago, entre outras, estavam plantadas nos chamados berços (buracos na terra) e amarradas em bambus. Eles davam sustentação às mudas (tutores) e foram quebradas. Algumas tiveram até o caule cortado, restando apenas tocos.
O secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, disse que é a quarta vez, em dois anos, que há vandalismos de mudas de árvores neste local. “A gente planta e alguém quebra tudo."
Busto de César Bierrenbach (Praça Bento Quirino); Monumento à Bento Quirino, que dá nome à praça (Alessandro Torres)
MONUMENTOS
No final do mês de agosto, o jornal Correio Popular publicou reportagem abordando o fato de que Campinas tem um dos mais importantes acervos nacionais de monumentos públicos artísticos no seu território, um conjunto de 105 monumentos tombados pelo patrimônio histórico e outros cerca de 20 não tombados, mas sem uma política de segurança, valorização e preservação efetiva.
A reportagem percorreu praças e áreas públicas e mostrou pedestais sem o busto de bronze, sem as placas, com pedaços faltando e muitas pichações. Na ocasião, haviam sido furtadas algumas preciosidades históricas, como o busto do Padre Anchieta (em frente ao colégio Carlos Gomes), o monumento da Companhia Mogiana (em frente à Estação Cultura) e peças do monumento-túmulo de Carlos Gomes (na Praça Bento Quirino).
O secretário Ernesto Paulella explicou, na ocasião, que as equipes do departamento de Parques e Jardins fazem a manutenção mensal das praças e os encarregados comunicam quando há algum problema de vandalismo nos monumentos instalados nesses locais. “Temos, em média, dez intervenções por mês, entre pichações e depredações”, afirma. "Quando conseguimos recuperar as pedras quebradas ou pedaços das peças, guardamos e comunicamos a Secretaria de Cultura porque a reposição tem que ser acompanhada por técnico do patrimônio histórico. As lavagens das peças em granito ou mármore são feitas em média duas vezes por ano por uma empresa especializada contratada para isso, a Camp Ambiental."
No início de setembro, o Departamento de Limpeza Urbana (DLU) de Campinas da Pasta passou a intensificar a lavagem dos monumentos, as estátuas de figuras importantes da história da cidade, especialmente na região central. A Secretaria de Serviços Públicos gasta R$ 1 milhão por ano por causa de atos de vandalismo. O valor corresponde a árvores de pequeno porte, equipamentos de academias ao ar livre, monumentos, roubo de grades de boca de lobo e de fiações da iluminação pública.
TRANSPORTE
O transporte público de Campinas sofreu com o vandalismo que aconteceu, de maneira insistente, em terminais de ônibus da cidade, resultando em prejuízo para a população que usa o transporte coletivo. Além do vandalismo, principalmente com banheiros sendo danificados propositalmente, acidentes também colaboram para prejudicar o transporte público.
No domingo, dia 10, um motorista embriagado chocou o carro contra o portão da estação de transferência, localizada no cruzamento da Av. Ruy Rodriguez com a Rua Líbero Badaró, e causou estragos. A Guarda Municipal estava próxima e logo removeu o veículo. O local ficou interditado por 50 minutos.
Durante o feriado da Independência, no dia 7 de setembro, houve registro de mais um ato de vandalismo contra instalações de terminais de ônibus. O sanitário público feminino do Terminal Mercado, recém-reformado, foi danificado durante a noite. Segundo a Prefeitura, como foi de menor proporção, o próprio encarregado da empresa de limpeza providenciou o reparo e a equipe da manutenção restabeleceu prontamente o serviço.
No Terminal de Barão Geraldo, desde agosto ocorre a vandalização de gradis. Em duas situações, nos dias cinco e seis de setembro, o local sofreu com a depredação dos banheiros femininos. Neste caso, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) registrou Boletim de Ocorrência.
Outras ocorrências envolveram estações e corredores BRT. Entre julho e agosto, a área de Segurança Patrimonial da Emdec já tinha registrado 20 tentativas de furto de cabos e afins, quatro furtos de cabos, cinco casos de vandalismo e cinco acidentes. Quatro pessoas foram detidas. Um totem usado para a compra de Bilhete Único ou QR Code já havia sido depredado e no dia cinco de setembro, foi consertado e devolvido por uma equipe da Transurc. O equipamento, muito utilizado, tinha ficado interditado por duas semanas para a realização de perícia pela Polícia Civil. O autor dos danos foi encaminhado ao distrito policial.
A Emdec calcula que, desde 2022, foram gastos cerca de R$ 50 mil apenas com a troca de vidros que foram quebrados. Em relação aos atos de vandalismo em abrigos, foram 156 manutenções no ano passado, com custo estimado de R$ 1,8 mil para cada correção. O custo abrange a mão de obra, veículos, ferramentas e insumos utilizados. A soma dos gastos ficou em torno de R$ 280 mil.