ESTIAGEM

Valinhos faz a lição de casa e dá exemplo no uso da água

Cidade economiza o equivalente a 16 dias de abastecimento com racionamento

Maria Teresa Costa
01/04/2014 às 23:05.
Atualizado em 27/04/2022 às 00:59

O Consórcio Intermunicipal das Bacias PCJ defende a imediata redução do consumo de água pela população, estimulada por campanhas maciças ou por cortes no fornecimento, para que as cidades que necessitam da água do Sistema Cantareira, caso da região de Campinas e da Grande São Paulo, possam atravessar a estiagem que já começa com o sistema operando em apenas 13,03% da capacidade. Para o consórcio, um dos bons exemplos de uso racional da água está sendo dado por Valinhos, onde os moradores, duas vezes por semana, ficam sem água entre 10h e 4h do dia seguinte. A cidade já estuda ampliar o racionamento a partir deste mês.A água que foi economizada desde o início da restrição daria para abastecer Campinas por dois dias ou Valinhos por 16 dias. Nos 53 dias de rodízio, a população poupou 20% da água. “Valinhos está fazendo a lição de casa”, disse o secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Carlos Lahoz, que cita também Vinhedo, Cosmópolis e Santo Antônio de Posse como exemplos de ações a serem seguidas.O racionamento tem apoio na cidade, como dos cabeleireiros Donizete Bueno e Andreza Bueno, que mesmo ficando dois dias da semana sem fornecimento, dizem não sentir a restrição. “A gente se programa, faz economia e sobrevive muito bem. Eu apoio o rodízio porque é preciso garantir água para todo mundo na estiagem”, disse Andreza. A comerciante Terezinha Caloi da Silva também apoia. “Sempre fiz economia. Uso água da máquina de roupa para lavar o quintal, fecho o chuveiro enquanto me ensaboo. Agora com o racionamento continuo e nem estou sentindo que tem rodízio”, disse.Entre as cidades que adotaram restrição de abastecimento, Valinhos é a que está com menor disponibilidade de água por causa da estiagem. Santo Antônio de Posse, com 21,9 mil habitantes, passou a cortar o fornecimento entre 7h e 16h, por causa da baixa vazão do Rio Camanducaia e do Córrego Benfica, responsáveis pelo abastecimento da cidade.Em Vinhedo, que é abastecida por 36 reservatórios, o fornecimento vem sendo interrompido toda vez que há aumento de consumo. A empresa de abastecimento, a Saneamento Básico Vinhedo (Sanebavi) está fazendo o monitoramento do consumo da população e cortando o fornecimento por três a quatro horas nas regiões onde há aumento de uso da água. Cosmópolis interrompe o fornecimento de água das 22h às 7h, intercalando diariamente as duas áreas em que a cidade foi dividida.“Essas cidades estão fazendo, desde fevereiro, o que todas já deveriam ter adotado. Ou reduzimos o consumo, ou em pouco tempo não haverá água para ninguém”, disse Lahoz. Cenários traçados pelo grupo de assessoramento aos gestores do Cantareira, o Gtag-Cantareira, mostram que o volume morto do sistema poderá ter que ser usado já a partir de meados de julho se ocorrem chuvas abaixo dos volumes mínimos históricos. Se ficar na média, essa água que só consegue ser retirada com bombas, começará a ser usada em setembro.O presidente do Departamento de Água e Esgoto de Valinhos, Luiz Mayr Neto, disse que já poderia ter alterado ou interrompido o rodízio desde 20 de março, quando as chuvas levaram a uma melhora sensível no nível das barragens. “A gente não tem como saber como será abril e decidimos manter a restrição no fornecimento porque a população aderiu à campanha de uso racional de água desde o primeiro dia, em 7 de fevereiro”, disse. Como a estiagem continua, a ampliação do racionamento voltou à pauta do Daev, que poderá restringir o fornecimento três por semana.Apesar da resistência de algumas pessoas, que foram denunciadas por desperdiçar água, as reclamações diminuíram e o consumo segue nos mesmos níveis de 20% de redução observados no início da operação, informou. “O rodízio foi uma forma justa de garantir o abastecimento para todos. As pessoas apoiam também por saber quais dias da semana ficarão sem água, principalmente aquelas que residem nas regiões mais altas e distantes das estações de tratamento”, disse.

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