Baixa adesão levou Saúde a ampliar a aplicação a partir de seis meses de idade
Gripe em crianças pode evoluir para quadro de insuficiência respiratória aguda grave e levar ao óbito (Alessandro Torres)
A Secretaria de Saúde de Campinas prorrogou a campanha de vacinação contra Influenza (gripe) até o dia 30 de junho para a população a partir de seis meses seguindo a determinação da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A aplicação do imunizante foi ampliada devido à baixa adesão. Desde o início da vacinação, no dia 10 de abril, até 25 de maio, data do último balanço divulgado, foram aplicadas 200.961 doses na metrópole, que abriga cerca de 1,2 milhão de pessoas. No dia 15 de maio, a Secretaria de Saúde abriu a vacinação contra a gripe para toda a população com mais de seis meses de idade. O grupo com menor cobertura vacinal é o das crianças entre seis meses e cinco anos, com apenas 20%. Os idosos foram os que mais procuraram pelo imunizante, a cobertura é de 64%. Em segundo lugar, vem as puérperas, com 49%. Seguido pelos trabalhadores de saúde, com 40% de cobertura. Por fim, apenas 26% das gestantes de Campinas compareceram aos postos.
A vacina protege contra as gripes A (H1N1 e H3N2) e B/Victoria e continuam disponíveis nos 66 centros de saúde da cidade sem necessidade de agendamento. Basta apresentar documento com foto e carteira de vacinação, caso a pessoa tenha. A vacina pode ser administrada com outras do Calendário Estadual de Vacinação.
A pediatra Silvia Helena Viesti Nogueira apontou as complicações que a doença pode causar. “A gripe é uma doença causada pelo vírus influenza e que pode ser fatal, principalmente, nos extremos de idade, como os bebês e crianças pequenas e os indivíduos maiores de 60 anos. Temos que ter cuidado também com as gestantes que são consideradas grupo de risco para desenvolver casos graves de influenza, e ao se vacinar ela transmite passivamente anticorpos para seu bebê”.
Com relação às crianças, explicou os impactos da doença na saúde das crianças. “A gripe em crianças, principalmente em bebês e mais novas, pode evoluir para quadro de insuficiência respiratória aguda grave e isso levar ao óbito. Esse risco existe em menor escala nas crianças maiores e adolescentes, que também não deve ser desprezado”.
As vacinas desempenham um papel importante na qualidade de vida das pessoas, segundo indicou a especialista. “Podemos acreditar na vacinação, o aumento da expectativa de vida em 30 anos. Além de ser um importante fator de redução da mortalidade infantil. É importante não vacinar apenas as crianças, mas também adolescentes, adultos e idosos, pois só assim conseguiremos manter sob controle doenças previníveis através da vacinação”, disse a médica.
Silvia avaliou esse cenário de baixa cobertura vacinal. “Infelizmente as vacinas são vítimas do seu próprio sucesso. As pessoas não têm visto mais casos de moléstias. Algumas já eliminadas no nosso País pelo sucesso de campanhas passadas, como o sarampo, a rubéola e a poliomielite, e deixam de se preocupar com a doença como se ela não existisse mais e não houvesse o risco de retorno dessas enfermidades”.
A disseminação de mentiras sobre vacinas é uma das causas para esse descrédito, segundo a médica. “Os grupos anti vacinas espalhando fake news e desinformação. As baixas coberturas vacinais que estamos acompanhando estão sendo analisadas por diversos especialistas. A recusa vacinal tem o poder de trazer de volta o fantasma de doenças eliminadas como tivemos em 2018 a volta do sarampo, por exemplo”.
A especialista indicou uma solução para esse problema. “Um ponto importante é reforçar a comunicação dos meios de imprensa, redes sociais, informes locais tanto para divulgar informações confiáveis, assim como para alertar sobre as campanhas e o risco da não vacinação”.