Último balanço divulgado nesta quinta-feira (21) pela Secretaria de Saúde mostra que apenas 47,3% dos grupos prioritários foram vacinados até agora
O volume de antiviral solicitado pelo governo de São Paulo dá uma ideia do alcance do surto atual, mesmo sem que o número total de casos seja conhecido ( Dominique Torquato/ AAN)
Apesar dos prontos-socorros estarem com alta demanda por causa do tradicional aumento de casos de doenças respiratórias nesta época do ano, a campanha de vacinação contra a gripe não decolou em Campinas. O último balanço divulgado nesta quinta-feira (21) pela Secretaria de Saúde mostra que apenas 47,3% dos grupos prioritários foram vacinados até agora. A campanha terminaria nesta sexta-feira, mas foi prorrogada pelo Governo do Estado por mais duas semanas, até 3 de junho. A expectativa é que se atinja o percentual de 80% de imunização. A preocupação é maior por causa da baixa vacinação de gestantes e crianças de seis meses a cinco anos.Também podem se vacinar contra a influenza os idosos acima de 60 anos, funcionários da área da saúde, mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias, portadores de doenças crônicas, indígenas, presos e trabalhadores do sistema carcerário. Até agora foram vacinadas 115.624 pessoas na cidade - longe ainda da expectativa, que abrange 195.280 pacientes. A vacina pode ser encontrada nos 64 centros de saúde de Campinas.Segundo a Secretaria de Saúde, o grupo das grávidas era o que tinha menor percentual de vacinação, com apenas 37,9%. Para a coordenadora do Programa de Imunização de Campinas, Andrea Barbosa, a preocupação é grande já que a vacina, além de proteger a mãe, também tem impacto positivo na saúde das crianças. "A chance dela passar a gripe para o bebê é grande e o recém-nascido sempre é frágil, fica em uma situação mais complicada. Se ela toma (a vacina) durante a gestação há uma transferências de anticorpos para o bebê" , disse.No Centro de Saúde do Centro a procura se intensificou nesta última semana, principalmente desde terça-feira. Foram aplicadas 7.500 vacinas desde o início da campanha, que começou no dia 4 de maio. Na tarde de quinta-feira (21), quando a reportagem esteve no local, a todo momento chegavam idosos e crianças para serem imunizados. Em Campinas, apenas 41,8% deste último grupo está vacinado. Pai da pequena Isabela, de 2 anos, o editor de vídeo Elvis Eric Felipe disse que só levou a filha para ser vacinada ontem porque não teve como antes. "Eu vinha ontem (quarta-feira), mas choveu e a gente ficou preso em casa. Acho que vai doer um pouco nela, mas com certeza vai valer a pena", contou. A Lara, de três anos, abriu um berreiro antes de tomar a vacina. Nada que não fosse contornado pela enfermeira do Centro de Saúde. Depois de imunizada, a mãe dela, a dona de casa Amanda Lima Andrade confessou que foi a "preguiça de sair de casa" que a impediu de levar a pequena para vacinar antes. "Trouxe agora para não perder o prazo mesmo" , afirmou. "A vacina para a criança reduz significativamente as complicações da gripe e reflete, com certeza, no atendimento. O vírus está circulando e quanto antes tomar, melhor vai ser. Tem pesquisas que demonstram a queda no índice de internação por complicações da influenza" , disse a coordenadora da Programa de Imunização da cidade. No limiteNesta semana o Correio mostrou que os hospitais da cidade tem trabalhado no limite para atender os casos de doenças respiratórias, que tradicionalmente aumentam entre o começo do Outono e o início da Primavera. O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp chegou a suspender por uma semana as internações de crianças com quadros graves destas enfermidades. A demanda na unidade por esse tipo de atendimento foi a maior em 30 anos, segundo a direção. Na última segunda-feira, casos de gripe e resfriado ajudaram a lotar o pronto-socorro do Hospital Mário Gatti. Pacientes relataram uma espera por atendimento médico que chegou a dez horas. A Prefeitura de Campinas disse que a demora foi em média de quatro horas.Boa EsperançaA vacina, no entanto, não será encontrada hoje no Centro de Saúde Boa Esperança, na região do Jardim Flamboyant. O local teve a rede de esgoto rompida ontem e precisou suspender o atendimento. Ainda não há previsão para a reabertura. As consultas agendas serão reagendadas e os casos urgentes estão sendo encaminhados para o Centro de Saúde 31 de Março. Quem precisar retirar medicamentos pode procurar qualquer outro centro de saúde. Por dia, o Boa Esperança atende cerca de 150 pessoas e funciona das 7h às 16h.SAIBA MAISA vacina contra a influenza só é contraindicada para as pessoas que tenham alergia a ovo ou já apresentaram reação grave depois de serem imunizados contra a gripe. Ela só passa a produzir os efeitos no organismo 15 dias após tomar a dose.