PÓLIO E OUTRAS DOENÇAS

Vacinação contra a paralisia infantil continua até o dia 30

Ministério da Saúde prorroga campanha devido à baixa participação de crianças

Ronnie Romanini/ [email protected]
09/09/2022 às 09:56.
Atualizado em 09/09/2022 às 09:56
Desde o início da campanha, em 8 de agosto, 17.384 crianças de 1 a 4 anos foram vacinadas contra a pólio em Campinas, menos de um terço das 58.813 pessoas dessa faixa-etária (Rodrigo Zanotto)

Desde o início da campanha, em 8 de agosto, 17.384 crianças de 1 a 4 anos foram vacinadas contra a pólio em Campinas, menos de um terço das 58.813 pessoas dessa faixa-etária (Rodrigo Zanotto)

Com o término anteriormente previsto para hoje (9), a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação foi prorrogada pelo Ministério da Saúde até o dia 30 de setembro. A medida levou em conta a baixa participação de crianças de 1 a 4 anos para receber a vacina contra a poliomielite (paralisia infantil). No início da semana, apenas 34% das crianças da faixa etária alvo receberam a vacina no Brasil, número semelhante à adesão do Estado de São Paulo (33,4%). Em Campinas, menos de um terço (29,55%) do público-alvo recebeu o imunizante. Os dados são de terça-feira (6). 

Desde o início da ação, em 8 de agosto, Campinas vacinou 17.384 crianças de 1 a 4 anos contra a pólio. O público elegível na faixa etária é estimado em 58.813 pessoas. Além da prorrogação, o município adotou outras estratégias para aumentar o comparecimento, como levar a vacinação para dentro das escolas e utilizar a ação de busca ativa. A articuladora do Programa Municipal de Imunização, Chaúla Vizelli, explicou como funciona a busca pelos faltosos.

"É uma estratégia utilizada frequentemente nas nossas unidades. É uma ação de rotina que é intensificada durante a campanha. Quase todas as unidades possuem cadastros informatizados da população, então quem frequenta aquele Centro de Saúde é cadastrado. Nós puxamos o relatório dessas crianças para a convocação. Ou então fazemos pelo cartão espelho. As nossas unidades fazem uma lista e guardam o arquivo quando a criança vai receber a primeira vacina. Se houver atraso ou falta, as equipes ligam e enviam mensagens. Na impossibilidade de um contato telefônico, encaminhamos agentes comunitários até as residências para que eles chamem essas crianças para vacinar."

Em relação à campanha dentro das escolas, Chaúla disse que foram feitas algumas parcerias também com ONGs, mas quase todas as 84 instituições visitadas pelas equipes dos Centros de Saúde foram mesmo escolas e creches da educação municipal. Ultrapassando a meta que era de pelo menos 60 escolas visitadas, Chaúla confirmou que mesmo assim a campanha continuará dentro das unidades.

"As ações nas escolas foram bem positivas. Claro que não houve o avanço esperado, mas a vacinação nas escolas - que concentram um número maior de crianças - facilita o acesso aos pais. Ter uma equipe do Centro de Saúde na porta da escola para a vacinação facilita muito". Ela estimou que cerca de 2,7 mil crianças foram vacinadas durante a ação nas unidades de ensino.

Doença desconhecida

São vários os fatores analisados para explicar a baixa adesão até o momento, como a própria dificuldade de acesso. Entretanto, um dos principais fatores na avaliação do município é a diminuição da percepção de risco. Muitos não tiveram contato com essas doenças justamente pelo sucesso que as vacinas tiveram no Brasil nas políticas de combate e prevenção realizadas ao longo de décadas. Portanto, muitos julgam não haver um risco iminente e menosprezam a importância da imunização.

"Muitos pais desconhecem a poliomielite ou acham que a doença não existe mais, não é importante, não tem relevância. Há décadas não se ouve falar ou não se vê pessoas novas nessa situação e muitos não entendem que é uma doença importante, transmissível, que causa sequelas para a vida toda e pode levar até à morte", concluiu Chaúla.

Desde 1990, o Brasil está livre da poliomielite. Quatro anos depois, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. A OPAS considera o Brasil como um dos países em que há alto risco de retorno da doença. No dia 21 de julho, a OPAS emitiu um alerta epidemiológico aos países e territórios dos continentes americanos para reiterar a importância da união das forças para o fortalecimento das ações de combate. Isso aconteceu após os Estados Unidos registrarem um caso de poliomielite em um jovem não vacinado.

Em relação às demais vacinas, 8.264 crianças menores de um ano compareceram aos Centros de Saúde de acordo com a Prefeitura de Campinas. A atualização da carteirinha ocorreu em 6.729 delas. Já entre crianças com idade a partir de cinco anos e adolescentes, 10 mil visitaram as unidades e quase metade, 4,8 mil, regularizaram as doses atrasadas.

Em todo o Estado, aproximadamente 800 mil doses contra a poliomielite foram aplicadas até a terça-feira, quando o governo anunciou a ampliação do período da campanha. Para aqueles que têm até 15 anos, o comparecimento foi de 8% e, destes, 57,5% receberam algum imunizante para atualizar a caderneta de vacinação.

"A prorrogação deste prazo é mais uma oportunidade para que os responsáveis levem crianças e adolescentes a um posto de vacinação para serem imunizados. Esse cuidado é fundamental para a proteção destes jovens e para evitar que doenças erradicadas voltem a circular", afirmou a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Tatiana Lang D'Agostini.

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