CAMPINAS

Usuários da rodoviária reclamam de estacionamento

Reclamam dos preços altos, da falta de segurança e da estrutura precária do local; valor por quatro horas é quase o triplo do cobrado pelos três maiores shopping da cidade

Cecília Polycarpo
22/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:01
Estacionamento tem dois bolsões principais: principal queixa de usuários é pela falta de segurança, já que local não tem muros ou grades para limitar o acesso de quem vem da rua ( Elcio Alves)

Estacionamento tem dois bolsões principais: principal queixa de usuários é pela falta de segurança, já que local não tem muros ou grades para limitar o acesso de quem vem da rua ( Elcio Alves)

Usuários da Rodoviária de Campinas que precisam deixar o carro no estacionamento do local reclamam dos preços altos, da falta de segurança e da estrutura precária do local. O serviço tem apenas cinco minutos de tolerância, que não são suficientes para que alguém chegue até o terminal, a 200 metros de distância, e consiga voltar a tempo. Cada carro paga R$ 4,25 por até 30 minutos e R$ 7,50 de 31 minutos até uma hora — as demais horas valem mais R$ 3,25 cada. O valor por quatro horas é quase o triplo do cobrado pelos três maiores shopping da cidade (R$ 6,00 por até 12 horas de permanência). Já a diária na rodoviária é de R$ 25,50, superior às de estacionamentos do entorno do Aeroporto Internacional de Viracopos, que custam de R$ 15,00 a R$ 22,00, com transfer até o terminal.Mas apesar do preço salgado, os clientes não têm conforto. Não há cobertura no trajeto até o terminal, o que dificulta a vida dos usuários em dias de chuva e de sol forte. O estacionamento não tem carrinhos para levar as malas e, à noite, a iluminação é precária. A falta de muros ou grades altas para cercar o estacionamento aumenta a sensação de insegurança dos clientes. A equipe do Correio passou cerca de uma hora no local na manhã de quinta-feira (21) sem encontrar um único segurança.As falhas no estacionamento foram apontadas em sondagem feita pelo Correio anteontem com 100 usuários da rodoviária. Os problemas de estrutura no Terminal Rodoviário Ramos de Azedo foram relatados em sete reportagens do jornal só neste ano. Usuário frequente do estacionamento, o motorista Jurandir Silva, de 53 anos, vai até o terminal somente para buscar e levar funcionários ou comprar passagens para a empresa em que trabalha. Na quinta, ele ficou exatos 15 minutos no local, mas teve que pagar R$ 4,25. “Acho muito caro. Nos shoppings, a tolerância é de 20 minutos”, disse. O motorista contou também que, em dias de chuva, é um “transtorno” deixar seus passageiros no terminal. “Desço com eles para ajudar a levar malas. Aqui nunca tem carrinhos. Chegamos sempre ensopados na rodoviária.”Com 400 vagas, o estacionamento ocupa dois bolsões. A área é aberta: qualquer um que passa pela rua tem fácil acesso aos carros. Para o estudante Rodrigo Peres, é este o principal problema do estacionamento. “Não tem segurança nenhuma. Pagamos muito caro pelo estacionamento e não vejo guardas ou câmeras de segurança.” O economista Luís Teixeira também se sente inseguro ao deixar seu carro no local pelo menos uma vez por semana. “Quando chego à noite, está completamente escuro e ermo.”A técnica de enfermagem Edneia Granciana afirmou que nunca encontra carrinhos para levar bagagens do estacionamento até o terminal. “Venho com minha avó idosa, com duas ou três malas. Temos que contar com a boa vontade de outra pessoa para nos ajudar a levar tudo.” Outro ladoEm nota, a Socicam alegou que a tabela de preços no estacionamento do Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo é inferior à de outros empreendimentos que recebem grande fluxo de passageiros e usuários, mas não especificou quais. Ainda de acordo com a empresa, o tempo de tolerância de cinco minutos é apenas para casos de desistência de permanecer no local. Em relação à segurança, a Socicam informou que o estacionamento tem sete câmeras de monitoramento, que funcionam por 24 horas, “além de uma equipe treinada que realiza rondas constantes”. Sobre as queixas pela falta de cobertura neste espaço, a Socicam disse que o terminal foi construído de acordo com o projeto da própria Prefeitura de Campinas, mas que vai analisar formas de melhorar a questão.Taxistas Taxistas da Rodoviária de Campinas reclamam que são impedidos pela Socicam, empresa responsável por administrar o terminal, de instalar sinalização na saída do local para organizar a fila de passageiros. Todos os motoristas entrevistados pelo Correio disseram que ocorre confusão em relação à ordem de chegada dos clientes, principalmente nos horários de pico da rodoviária. Segundo os taxistas, a Socicam teria proposto cobrar R$ 100 menais de cada veículo para deslocar um funcionário para organizar a fila. Como a rodoviária tem 90 táxis cadastrados, o valor total por mês seria de R$ 9 mil.Um dos trabalhadores, que preferiu não se identificar, disse que os motoristas tinham colocado uma pequena placa no local que dizia “fila única”, mas foram obrigados retirá-la pela companhia. “Eles disseram que não pode ter nada aqui de sinalização. Nem mesmo de solo. Eles querem ganhar dinheiro até em cima disso”, contou. Outro taxista disse que, além da confusão com a fila de passageiros, motoristas não cadastrados entram na área restrita nos momentos de maior movimento. “Eles chegam e escolhem. Perguntam quem vai pra Viracopos ou outras cidades da região”, falou.A Socicam rebate as reclamações e diz que não houve proibição de colocação de placas de sinalização no local. “Porém, vale destacar que estamos abertos ao diálogo com eles, no intuito de prestar o melhor serviço. Tanto que vamos estudar junto ao Poder Concedente a implantação dessas mudanças”, diz a nota enviada pela empresa. 

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