Determinação passou a valer sexta-feira em ambientes fechados nos campi e colégios
Para o estudante de educação física Samuel Adario Rodrigues, de 20 anos, e sua namorada, a estudante do curso de ciências biológicas, Giovanna Felette, de 18 anos, a medida é bem-vinda e aprovada por todos no campus (Kamá Ribeiro)
O Comitê Científico de Contingenciamento do Coronavírus na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) determinou o retorno da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados da universidade. A medida passou a valer na sexta-feira (11) e inclui locais como salas de aula, bibliotecas, laboratórios, restaurantes universitários e outros ambientes que não sejam ao ar livre nos campi e colégios de Campinas, Piracicaba e Limeira.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, apontam que, nas últimas duas semanas, o número de casos positivos de covid-19 detectados pelo Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) saltaram de 17 para 281.
No Hospital de Clínicas (HC), esse aumento ainda não se reflete no número de internações. De acordo com informações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HC, até o fechamento desta reportagem, a unidade tinha apenas dois pacientes internados com covid-19. "Alguns estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que as escolas que mantiveram o uso de máscaras, apesar da queda geral expressiva no número de casos, registraram muito menos casos em comparação a escolas que afrouxaram as medidas de prevenção e controle. Por isso, tomamos essa decisão para reduzir a transmissão do vírus", explicou a coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti.
Outra medida adotada para conter o avanço da covid-19 é a obrigatoriedade do esquema vacinal completo, incluindo a primeira e segunda doses de reforço disponíveis para maiores de 18 anos.
Até então, a universidade exigia apenas as duas primeiras doses ou a dose única da vacina. Professores, funcionários e estudantes podem atualizar o seu esquema vacinal no Cecom, que oferece a imunização das 8h30 às 17h30, mediante agendamento no site da Unicamp.
Além do uso de máscaras, Maria Luiza orienta que a comunidade evite aglomerações. "Toda vez que as pessoas se aglomeram, independentemente dos motivos, há a possibilidade de aumento no número de casos. O vírus Sars-CoV-2 não tem um hospedeiro intermediário, ele precisa de gente. Onde há aglomeração, ele consegue se disseminar, por isso ele sobrevive", continuou. "O Comitê ainda recomenda que a comunidade universitária mantenha a higiene constante das mãos com água e sabão ou álcool 70%, que as refeições nos restaurantes universitários sejam mais rápidas, evitando-se conversas no ambiente interno, e que se evite as aglomerações nos espaços da universidade", orienta a Unicamp por meio de nota.
Os alunos da Unicamp, apesar de pegos de surpresa, aderiram ao uso da máscara logo no primeiro dia de validade da determinação. Caso o estudante não tenha o equipamento de prevenção, basta ir até às secretarias ou diretórios acadêmicos e fazer a retirada. A estudante do curso de ciências biológicas, Giovanna Felette, de 18 anos, avalia que a medida será benéfica. “Acho boa essa medida, porque, se os casos estão aumentando mesmo, é melhor a gente se prevenir do que voltar a ter todos aqueles problemas que tivemos quando a pandemia estava em uma fase mais aguda", afirmou.
Para o estudante de educação física Samuel Adario Rodrigues, de 20 anos, apesar de a medida ter sido implantada de bate-pronto, valendo já no dia seguinte, não vejo problemas em usar o equipamento. A medida evita que a doença se espalhe entre os alunos e quem trabalha aqui na Unicamp também. Pelo que percebi, a medida já pegou, porque os alunos estão colaborando e usando. Aqueles que não têm a máscara, podem pegar uma na secretaria do curso. Ao meu ver está tudo sendo bem-feito", disse.
A pesquisadora Paola Carvalho Mota, de 21 anos, ligada ao instituto do curso de educação física, entende que o uso de máscara jamais deveria ter sido abolido e aprova a volta obrigatória dela novamente. "Cursei biomedicina e trabalho na área hospitalar, então, para mim, é muito comum e rotineiro usar máscara. E, no trabalho, vejo que ainda há muita gente doente, que precisa de internação. Nunca deveria ter deixado de ser obrigatória. Pelo que observo, aqui, todo mundo pensa igual", opinou.
O estudante de engenharia elétrica, Ramon Godinho, de 20 anos, confessou que foi pego de surpresa, porque não imaginava que a situação estivesse nesse nível, mas que aprova a medida e conseguiu se preparar para assistir às aulas. "Nem imaginava que a situação estivesse assim... Não sabia que precisava voltar a máscara. Mas eles divulgaram adequadamente e consegui pegar o meu pacote na secretaria do curso", contou.
Na rede municipal
No município, o atendimento por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos Centros de Saúde (CS), segundo dados da Secretaria da Saúde, é o maior desde o dia 1º de outubro. Na chamada Semana Epidemiológica (SE) 39, que vai de 25 de setembro até 1º de outubro, 1.325 pessoas procuraram atendimento na unidade básica de saúde, enquanto nesta semana foram 1.355 atendimentos. Quando comparada à semana passada, o número de atendimentos subiu 194%, quando foram registrados 460 nos CSs de Campinas.
Por outro lado, nos hospitais e unidades de pronto atendimento houve uma queda de demanda. Na semana passada foram 2.636 pessoas que procuraram as unidades de emergência, contra 2.345 até sexta- um decréscimo percentual de 11,03%.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andréa von Zuben, analisa que, por enquanto, os dados mostram que não há, na cidade, a necessidade de mudar as atuais orientações e que a Unicamp decidiu tomar as novas medidas por conta própria. "Na verdade, a Unicamp iniciou o uso de máscaras sem conversar com o município. Não temos dados epidemiológicos neste momento que justifiquem qualquer medida. Não registramos aumento de internação - seja em UTI ou enfermaria - ou sintomáticos respiratórios nas portas das unidades. Pode ser que venha essa cepa e aumente a circulação da doença, mas, para agora, mantemos as mesmas orientações, como uso de máscaras nas unidades de saúde, assim como para idosos, gestantes e imunossuprimidos. E se for em aglomeração, usar máscara. Se tiver com algum quadro respiratório, ficar em casa ou usar alguma máscara", orientou.