Em carta à população, funcionários da unidade de saúde pedem condições "dignas de trabalho"
Usuários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Centro de Campinas receberam, na semana passada, um comunicado que justificaria a demora no atendimento na unidade, uma das principais reclamações dos pacientes que procuram o serviço. Segundo panfleto distribuído, denominado “carta aberta à população”, os trabalhadores da UPA exigem da Secretaria de Saúde “condições dignas para atendimento.”A unidade de saúde funciona no prédio da Rua Irmã Serafina desde novembro de 2012, mas segundo funcionários, a mudança, que deveria oferecer melhores condições físicas, não surtiu efeito. “A situação aqui é feia”, disse uma funcionária, sinalizando com um sinal de negativo. Ela não quis ser identificada.“Tem banheiro quebrado, faltam macas, uma série de coisas”, disse Claudio Trombeta, conselheiro da UPA Centro e do Distrito Leste. “Esse problema vem desde o prédio antigo. Só mudou de endereço.”A UPA Centro atende, em média, 500 pessoas por dia. Nesta segunda-feira (5), quem precisou de atendimento, criticou a demora, que aumentou nas últimas semanas por causa do surto de dengue. “Está péssimo. Eu cheguei ao meio-dia e não sei que horas vou embora”, disse o eletricista Luiz Carlos Cordeiro, de 34 anos, que acompanhava a mulher, que estava com dor de garganta e aguardava por atendimento há mais de quatro horas. “Quem fica doente hoje e precisa do SUS, morre”, disse.“Já vim aqui outras vezes e é sempre a mesma demora”, disse a recepcionista Alessandra Aparecida dos Santos, de 35 anos, que aguardava há apenas dez minutos. “Mas já me informaram que ela deve ser atendida em, pelo menos, oito horas”, afirmou o noivo de Alessandra, Carlos Augusto Gonçalves, que a acompanhava.Sobre a carta alegando más condições de trabalho, e que estaria ocasionando atrasos no atendimento, o secretário de Saúde de Campinas, Carmino de Sousa, afirmou que não recebeu nenhum tipo de demanda dos gestores da unidade. “Eu acho estranho. É uma unidade relativamente nova, a escala médica é a que sempre está mais em ordem. Eu quero que eles digam o que é que está faltando. Esse discurso me parece muito genérico. O PA Centro tem dois gestores e eles têm que prover. Não sei o que eles querem, gostaria de saber para que pudesse responder.” ReclamaçõesA demora por atendimento na unidade já foi mostrada diversas vezes. No dia 6 de abril, o Pronto-Atendimento do Centro ficou superlotado e precisou dispensar pacientes que aguardavam para serem atendidos. Naquela data, apenas dois médicos faziam o plantão (um para emergências e outro para a demanda geral), quando a escala previa quatro.Em janeiro, houve um princípio de tumulto no local após um enfermeiro anunciar na recepção que apenas os casos graves seriam atendidos.