Universitária denuncia racismo durante recital

Estudantes do curso de Ciências Sociais da PUC-Campinas denunciaram ontem um episódio de racismo que teria corrido no Campus I da universidade, durante um sarau literário. De acordo com relato da estudante Ariane Tomas - que é presidente do Centro Acadêmico do curso de Sociais - um rapaz, estudante do curso de Direito, passou a imitar macaco, com gestual e ruídos, no momento em que ela recitava o poema "Me Gritaram Negra", de Victória Santa Cruz. “Em determinado momento, em que o poema repete várias vezes a palavra negra, o indivíduo subiu as escadas fazendo gestos animalescos. Começou a gritar e a uivar de um forma que a gente nem conseguiu assimilar o que estava acontecendo”, afirma. “Depois ele começou a subir as escadas, com gestos que lembravam os primatas”, relata Noemy. O sarau marcava a reabertura do Centro Acadêmico de Ciências Sociais. Noemy conta que uma aluna, revoltada, chegou a interpelar o rapaz, até que uma inspetora de alunos interveio. Segundo ela, o rapaz chegou a dizer que as pessoas não tinham como provar que ele tinha promovido um ato de racismo. Alunos do curso de Ciências Sociais e de outros cursos da PUC, marcaram para ontem à noite, uma reunião para decidir sobre eventuais atos de protesto. O Centro Acadêmico emitiu uma nota em que se solidariza com a aluna e registrou repúdio à atitude do colega. “Queremos que a PUC -Campinas se pronuncie sobre o caso e expulse esse racista da universidade”, informou a nota do CA. “São tempos obscuros, do qual os fascistas encontraram um terreno fértil para mostrarem sua cara, mas a universidade é diversa, e não podemos permitir que os alunos pretos se sintam ainda mais inseguros neste espaço”, finalizou o documento. A reitoria da instituição se pronunciou também por meio de nota e disse que já determinou a abertura de uma sindicância interna para apurar o caso. “A PUC-Campinas tomou conhecimento das denúncias de um suposto caso de racismo envolvendo alunos durante a realização de um evento cultural no dia 12 de setembro dentro das dependências da Universidade. A instituição já determinou a abertura de uma sindicância para apurar o ocorrido. Assim que o caso for esclarecido, a Universidade divulgará quais providências serão tomadas.”