Por decisão da Justiça, trecho foi novamente fechado na manhã de ontem
Bloqueio da via deixou moradores do bairro confusos (Alessandro Rosman/AAN )
O acesso à Rua Sergio Carnielli, no Parque das Universidades, pela Rodovia D. Pedro I, voltou a ser interditado às 9h30 de ontem, após decisão do Tribunal de Justiça, que aceitou um recurso da concessionária Rota das Bandeiras. Trata-se da segunda vez que a via é bloqueada em duas semanas. A Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Hospital e Maternidade Madre Theodora irão recorrer. Mais de 80 mil pessoas são diretamente afetadas com o fechamento.
Por volta das 9h, o trecho, na altura do Km 135,6, foi sinalizado com cones e uma placa orientava o motorista a utilizar a próxima saída para a PUC-Campinas e o hospital. Uma máquina da concessionária começou as escavações. Segundo a Rota das Bandeiras, a interdição teve como reflexo uma lentidão no trânsito da pista marginal de 500 metros, entre 9h e 10h30. Mas o reflexo maior deve acontecer a partir da próxima semana, quando serão retomadas as aulas da PUC-Campinas e da Unicamp.
O tráfego naquela região foi transformado em uma briga judicial entre as entidades e a concessionária. O primeiro bloqueio foi feito no dia 7. A PUC-Campinas, Madre Theodora e Unicamp recorreram à Justiça para pedir a reabertura, alegando que não houve tempo hábil para que o Município participasse das discussões em relação aos impactos que a medida traria. O juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública em Campinas, Wagner Roby Gídaro, decidiu pela reabertura do acesso no dia 19. Uma nova decisão, desta vez do relator do Tribunal de Justiça, Paulo Dimas Mascaretti, derrubou a liminar e autorizou novamente o fechamento.
A PUC-Campinas, a Unicamp e o Hospital Madre Theodora informaram que vão recorrer novamente. “Tudo que estiver ao nosso alcance nós vamos fazer”, afirmou Ricardo Panaim, pró-reitor de administração da PUC-Campinas. O Madre Theodora luta pela abertura permanente. Já a PUC-Campinas tenta pelo menos a abertura provisória durante seis meses, enquanto constrói uma rota alternativa entre a Rua Ana Silvestre Abad e o portão 3 da universidade. “Isso vai ajudar a desafogar o nosso balão principal, que hoje todos os nossos acessos convergem para ele. Mas o ideal seria a permanência definitiva do acesso que está sendo fechado”, afirmou.
O secretário de Gestão e Controle da Prefeitura de Campinas, Flávio Costa, afirmou que aguarda o projeto executivo da PUC-Campinas para a construção da rota e que em até 60 dias acredita que esteja aprovado.
A concessionária Rota das Bandeiras informou que não tem escolha em insistir pelo fechamento do acesso por uma questão de segurança e porque não teria como viabilizar a construção da marginal sem a interdição. A Rota das Bandeiras ressaltou ainda que atende a um Termo de Ajustamento de Conduta, firmado antes da concessão da rodovia.
Os moradores e as demais pessoas que acessam diariamente o bairro pelo Rua Sergio Carnielli se disseram confusos com o abre e fecha e reclamaram da queda de braço entre concessionária, hospital e universidades. “Trabalho na Unicamp e o fechamento está prejudicando bastante a gente. Estou precisando percorrer oito quilômetros a mais e perco pelo menos 15 minutos. Com a volta às aulas na semana que vem vai piorar bastante”, afirmou Antônio Seixas.
O conferente Alex Alves Taveira levou a mulher, que entrou em trabalho de parto ontem pela manhã, ao Hospital Madre Theodora e ainda pegou o acesso aberto. “Ela estava sangrando e sentindo dores fortes. Passei pelo acesso e chegamos rápido. Ela foi atendida e o nosso filho nasceu bem. Se eu tivesse que dar a volta eu ia entrar na buraqueira com ela sangrando. Demos sorte que chegamos antes de fecharem. Vai ser um problema para os pacientes que tiverem urgência de chegar ao hospital”, disse Alex Alves.
Moradora da Rua José Geraldo Christóforo, Ana Paula Fernandes reclama dos transtornos. “Acho um absurdo isso que estão fazendo. Concordo que têm que ser feitas melhorias, mas existem formas de manter o acesso aberto. Essa medida vai ser prejudicial para muita gente, principalmente para nós moradores. Estamos isolados. E quem pediu para fechar, certamente não utiliza o acesso”, diz. O morador João Fernandes reclama da “queda de braço”. “Até ontem, o acesso estava aberto. Passei hoje e não sabia que já estava fechado de novo. Virou uma disputa de poder”, afirma.