superação

Unido, casal vence o coronavírus

Difícil não se emocionar ao ouvir o relato de superação do casal de aposentados José Roberto Reducino, 64 anos, e Eunice Reducino, 63 anos

Katia Camargo
08/04/2020 às 10:03.
Atualizado em 29/03/2022 às 18:25

Difícil não se emocionar ao ouvir o relato de superação do casal de aposentados José Roberto Reducino, 64 anos, e Eunice Reducino, 63 anos, que passou por momentos difíceis durante os dez dias em que eles ficaram internados no hospital Vera Cruz Casa de Saúde, ao testar positivo para a Covid-19. Os moradores de Sumaré, que receberam alta no último sábado, saíram do hospital em meio a aplausos de médicos, enfermeiros, atendentes, profissionais de limpeza e seguranças. Outra história de recuperação é a da administradora de empresas Stela Maris Pagano Landucci, 47 anos, que foi o segundo caso confirmado da Covid-19 em Campinas e ficou internada na PUC-Campinas. Esses três casos servem como um alento em meio à pandemia que tem se alastrado pelo mundo. O aposentado José Roberto conta que ele e a esposa participaram de uma excursão de oito dias com um grupo da terceira idade para Fortaleza, no Ceará. “Voltamos dia 15 de março e ficamos bem assustamos ao descer no aeroporto e ver todo mundo usando máscaras. Depois de uns quatro dias comecei a ter sintomas parecidos com os de uma gripe. Achei que era por causa do ar-condicionado do avião, mas foi piorando, comecei a sentir falta de ar, febre alta. Fui ao hospital e já fiquei internado. Como sou do grupo de risco, tenho diabetes e mais de 60 anos, fiquei muito assustado, achando que iria morrer. Com a piora do quadro eu sentia como se estivesse afogando, a sensação era horrível. Depois que melhorei, o médico contou que por pouco não fui para o respirador”, diz. José lembra que depois de dois dias, sua esposa também foi internada, mas em ala diferente. Eunice também é grupo de risco, pois tem hipertensão, bronquite e mais de 60 anos. “Quando estávamos internados em locais separados ficávamos muito aflitos para saber como o outro estava. Quando foi constatado que nós dois estávamos com a Covid-19, os profissionais do hospital tiveram a sensibilidade de nos deixar ficar no mesmo quarto. Isso foi muito importante até para a melhora do nosso quadro, pois somos casados há 42 anos e nunca ficamos longe um do outro. No mesmo quarto, um cuidava do outro. Eu olhava ela dormindo e ficava feliz ao ver que ela estava melhorando. Quando ela estava com frio eu colocava o cobertor nela. Além dos remédios, eu acredito que estarmos juntos, um cuidando do outro, ajudou que a gente a se recuperar”, conta José. Desde sábado o casal se recupera em casa. Para evitar contato com outras pessoas, eles foram levados por uma ambulância. “Nosso filho traz a comida, vemos nossa nora e netos pelo celular. Estamos descansando bastante, pois ainda nos sentimos fracos. Mas nosso apetite está voltando e a cada dia nos sentimos um pouco melhor”, diz. José conta que teve o cuidado de ligar para a operadora que organizou a excursão e relatar que eles tiveram a Covid-19. “Como não conheço as pessoas, achei importante avisar as outras pessoas que estiveram na excursão”, diz. E, para ele e para a esposa, a contaminação mostrou a fragilidade humana. “Depois dessa experiência não tem mais como ver o mundo e as pessoas do mesmo jeito. Mas, nunca vou esquecer do carinho e atenção que recebemos de cada pessoa que ajudou a cuidar da gente dentro hospital, sem medo, com muito profissionalismo e carinho”, diz. A recuperação do casal emocionou toda a equipe do hospital. “Ver a melhora e o amor deles nos motivou muito, pois, neste momento, muitos profissionais que estão dentro dos hospitais têm procurado ficar longe da família como forma de proteção a ela. Vejo esse enfrentamento da pandemia como um chamado humanitário e presenciar casos de recuperação é muito importante para seguirmos em frente”, destaca Bruno Gonçalves de Araújo, diretor, médico e técnico do Vera Cruz Casa de Saúde. Aliás, o Vera Cruz Casa de Saúde já enfrentou outras pandemias, entre elas, a febre amarela, gripe espanhola e agora o coronavírus. “O casal recebeu a hidroxicloroquina e não precisou ir para a UTI, mas vamos continuar fazendo o acompanhamento deles. Os exames do José já deram negativação para o vírus e estamos aguardando os resultados da esposa dele”, destaca o médico. Administradora permaneceu sete dias na UTI A administradora de empresas Stela Maris Pagano Landucci, 47 anos, foi o segundo caso confirmado da Covid-19 em Campinas. Ela conta que fez uma viagem para a Europa, onde passou por Paris, Londres, Brugge, Bruxelas e Amsterdã, e que quando estava lá começou a sentir uma tosse seca, por volta do dia 4 de março. “No começo eu achei que era um resfriado, mas foi piorando e ao voltar para Campinas acabei ficando internada por sete dias na UTI. Não tive que usar o respirador, mas tive que usar máscara de oxigênio”, diz. Apesar de não fazer parte do grupo de risco, não ter doenças crônicas, não ser cardiopata, hipertensa ou diabética, Stela conta que a recuperação da doença é muito lenta. “Me sinto cada dia melhor, mas a Covid 19 realmente é algo bem complicado, você se sente muito cansada, indisposta”, diz. Stela conta que nem o marido, nem o filho tiveram sintomas da doença. Por isso ela acha que o distanciamento social, neste momento, é muito importante. “A recuperação é lenta, por isso é muito importante se cuidar. Neste momento, o distanciamento social é essencial para proteção das pessoas, da saúde, da vida”, diz. Para Stela esse também é momento de olhar para a necessidade do outro, tentar ajudar as pessoas que estão passando por dificuldades. “Ajudem um vizinho, ajudem seus familiares, ajudem comunidades carentes, temos que pensar como indivíduo na proteção do vírus, mas devemos pensar no coletivo para enfrentarmos os problemas econômicos que virão. Não podemos perder a fé, essa é primordial para vencermos essa batalha”, diz.

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