INVESTIMENTOS

Unicamp vai atrás de apoio contra PL

Reitor da universidade se reúne com prefeitos da RMC para tentar evitar impactos do projeto

Francisco Lima Neto
29/08/2020 às 09:48.
Atualizado em 28/03/2022 às 17:27
A Unicamp está em déficit desde 2014 e as reservas são o que têm possibilitado à Universidade a sobreviver nos últimos anos (Cedoc/RAC)

A Unicamp está em déficit desde 2014 e as reservas são o que têm possibilitado à Universidade a sobreviver nos últimos anos (Cedoc/RAC)

Os prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) se reuniram na última quarta-feira com o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, para tratar do Projeto de Lei (PL) 529/2020. No encontro, o reitor explicou que o artigo 14 do projeto causaria forte impacto no orçamento das universidades paulistas, colocando em risco seu funcionamento. Segundo a universidade, os prefeitos presentes na reunião demonstraram concordância e pretendem enviar um documento à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) relatando a contrariedade ao teor do PL. Segundo a Unicamp, além do documento, os prefeitos também concordaram em buscar diálogo com deputados da Alesp, onde o PL tramita, para sensibilizá-los. O reitor da Unicamp ressaltou a importância da ampliação desse movimento, especialmente no que se refere ao artigo 14, que afronta diretamente as universidades paulistas e a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp). "Em particular para as três universidades públicas e para a Fapesp nos preocupa muito o artigo 14, que propõe simplesmente um confisco de todo os recursos que temos do final de 2019 para 2020. O governo simplesmente pegaria o dinheiro e usaria para outros fins", apontou. Ele também explicou que a Unicamp está em déficit desde 2014 e as reservas são o que têm possibilitado à Universidade a sobreviver nestes anos sem contrair mais dívidas. "Com o PL, teríamos o confisco de todos os recursos, o que impossibilitará de realizarmos nossas atividades. Nós não vamos poder planejar nada, teremos uma situação muito dramática em todas as universidades. Em particular na Unicamp isso afetaria diretamente o atendimento da área de saúde", disse. Como exemplo de atividades afetadas, o reitor pontuou que a Unicamp hoje é responsável por cerca de 25% dos testes de Covid-19 do estado, com mais de 1.300 testes realizados diariamente. Denis Andia (PV), prefeito de Santa Bárbara d'Oeste e presidente do CD-RMC, disse que a reunião contou com a participação de 11 municípios da RMC. "Houve concordância geral de todos em relação às suas justificativas e sobre a necessidade de uma melhor discussão exclusivamente desse artigo", afirmou. Contudo, ele ressaltou que não se discutiu o projeto como um todo, portanto, não existe posição contra ou a favor do PL. "É consenso também que o esforço do Estado para ajustes se faz necessário. Em relação à preocupação da Unicamp, nos solidarizamos, pois a universidade, além de cumprir relevante papel de formação e pesquisa acadêmica, é uma importante parceira dos municípios da região na prestação de serviços de diversas ordens, sobretudo da saúde pública", destacou. Ainda de acordo com a universidade, caso o PL seja aprovado como está, o prejuízo imediato para a Unicamp seria de cerca de R$50 milhões. "Com a previsão de uma perda de arrecadação de R$275 milhões devido à crise relacionada à pandemia, as consequências seriam desastrosas para o funcionamento da Universidade. Assim, a articulação para que o projeto não seja aprovado torna-se urgente", concluiu.

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