DISPUTA NA ACADEMIA

Unicamp vai às urnas para escolher o novo reitor

Três candidatos concorrem ao cargo; vencedor terá mandato reduzido por causa de ajustes no calendário da instituição

Guilherme Ferraz/ Correio Popular
09/03/2021 às 13:53.
Atualizado em 22/03/2022 às 02:59
Biblioteca Central da Unicamp: instituição escolhe novo reitor (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

Biblioteca Central da Unicamp: instituição escolhe novo reitor (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

O Colégio Eleitoral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), formado pelos docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes de graduação e pós-graduação, começa a escolher, entre esta quarta e quinta-feira, quem será o reitor da instituição. O eleito cumprirá, excepcionalmente, um mandato mais curto, por causa de uma alteração promovida no calendário pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo deliberativo da universidade. O dirigente tomará posse em 19 de abril e exercerá o cargo até 31 de dezembro de 2024. Os demais reitores permanecerão quatro anos.

Quem pode concorrer à função são os docentes de nível máximo na carreira ou da parte permanente ou da parte suplementar, que está em extinção do quadro da Unicamp. O novo reitor toma posse em 19 de abril de 2021. A Comissão Organizadora da Consulta (COC) é responsável por coordenar a eleição a reitor da Unicamp. A COC é indicada pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo deliberativo da universidade.

O presidente da COC, Pascoal José Giglio Pagliuso, explica como funciona o processo eleitoral. "A Consulta mostra, em ordem de votação, quem são os três candidatos mais votados, que comporão a Lista Tríplice. Esse ano são apenas três candidatos, então eles já formaram a Lista Tríplice. Essa lista será enviada ao governador do Estado para que ele escolha, através de decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), o novo reitor na Unicamp", esclarece.

Para Pagliuso, é importante que o governador João Doria (PSDB) acate a vontade da maioria da comunidade acadêmica e escolha o candidato mais votado, embora ele tenha a prerrogativa de indicar quaisquer dos nomes. "O governador escolher o candidato mais votado garante a autonomia da universidade em relação às suas escolhas. Nós contamos com o bom senso do governador e com o compromisso dos nossos candidatos de que isso aconteça de acordo com a maioria da comunidade, afinal democracia é isso", afirmou.

Ele também ressalta que o voto do Colégio Eleitoral, formado pela comunidade acadêmica, é ponderado. "O voto do docente é igual a 3/5, dos servidores técnicos administrativos 1/5 e dos discentes 1/5. Ou seja, o voto dos docentes vale três vezes mais, porém é o menor colégio eleitoral". Segundo o Anuário Estatístico da Unicamp de 2020, são 1.782 docentes, 7.135 funcionários e 20.085 discentes na universidade.

O vice-presidente da Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp), Paulo Centiducatte, pede que a nova reitoria seja democrática. "A expectativa é que a nova reitoria, independente de quem seja eleito, tenha diálogo com as categorias. Não uma reitoria que passe as decisões pelos órgãos institucionais sem ouvir as entidades, como está acontecendo nas últimas gestões da Unicamp", declara.

Para o coordenador de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), João Raimundo Mendonça de Souza, as três candidaturas estão comprometidas com a defesa da universidade. "Achamos que a Unicamp está bem representada nessa disputa, pois as três candidaturas estão compromissadas com a defesa e autonomia da universidade pública, além de valorizar o dever social da institui8ção. Nossa expectativa é que a nova reitoria dê mais atenção para a comunidade ao invés de canetadas", desejou.

O que dizem os três concorrentes

A reitoria da Unicamp será disputada pelo professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FMC) e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Obesidade e Diabetes, Mario José Abdala Saad; pelo diretor do Instituto de Geociências (IG) e professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do mesmo instituto, Sergio Salles Filho; e pelo professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Antonio José de Almeida Meirelles.

. Antonio José Meirelles

"Queremos atuar junto à comunidade acadêmica, valorizando a progressão das carreiras dos docentes e funcionários e também valorizando a política de permanência estudantil. Em relação à sociedade, queremos reforçar o diálogo, aumentando o contato com as entidades representativas, para que a administração também contemple toda a população ao entorno da universidade".

. Mario Saad

"Quero defender a universidade pública gratuita e de qualidade dos ataques externos, voltar a valorizar os recursos humanos competentes que nós temos aqui dentro e tornar a Universidade mais útil à população no sentido educacional de formação de pessoas, como área da saúde, como cultura e difusão de conhecimento".

. Sergio Salles

"Nossa proposta é uma mudança de patamar na universidade, tendo uma política institucional que valorize de forma equilibrada e interativa a excelência no ensino, a excelência na pesquisa e a excelência na extensão, que são os três grandes deveres da universidade pública. Avançando assim, teremos um maior envolvimento com a sociedade".

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