Ideia é detectar as doenças de forma precoce por meio de relógios inteligentes
Cerimônia de inauguração do novo laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento do Projeto Viva Bem - Hub de Inteligência Artificial para Saúde e Bem-Estar da Unicamp (Kamá Ribeiro)
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) inaugurou o laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento do Projeto Viva Bem - Hub de Inteligência Artificial para Saúde e BemEstar -, que tem por objetivo promover pesquisas na área de Inteligência Artificial (IA) para a saúde e bem-estar, por meio da coleta de dados de dispositivos de uso individual, como relógios inteligentes (smartwatches). A expectativa é desenvolver pesquisas na área de inovação da saúde individual, de forma a impactar na saúde coletiva, por exemplo, diminuindo filas dos centros de saúde e hospitais.
Os objetivos do Projeto Viva Bem, a longo prazo, são a elaboração de novos serviços voltados ao bem-estar e à saúde baseados em tecnologias móveis e também o desenvolvimento de novos métodos e algoritmos de saúde para incorporação em dispositivos móveis e vestíveis. Portanto, as pesquisas são voltadas para assegurar que o conhecimento produzido na universidade pública seja transferido para a sociedade.
O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, conhecido como Tom Zé, defendeu que o conhecimento seja transferido para a população, durante a cerimônia de inauguração do laboratório, que ocorreu na tarde de quarta-feira (29) no Auditório do Instituto de Computação (IC) e depois os convidados foram conduzidos até o novo laboratório. "Nós precisamos que nosso conhecimento gere impacto na sociedade. A inovação precisa impactar na vida das pessoas. Por exemplo, na detecção de problemas de saúde de forma precoce", declarou o reitor da Unicamp.
Como forma de tentar transferir o conhecimento para a sociedade, os pesquisadores do Hub de Inteligência Artificial para Saúde e Bem-Estar visam trabalhar na área da medicina preventiva, um dos mecanismos para a promoção do bemestar, uma vez que o indivíduo consegue detectar os primeiros sinais de uma determinada doença, assim ele consegue buscar tratamento nos estágios iniciais da doença. Essa detecção precoce pode ser feita através da captação de biossinais, que são reações involuntárias que mantém os seres humanos vivos, como os batimentos cardíacos, por meio de sensores instalados em relógios inteligentes.
Segundo explicou o coordenador do Hub de Inteligência Artificial para Saúde e Bem-Estar, Anderson Rocha, os dispositivos utilizados nas pesquisas do laboratório são dois modelos da marca Samsung, parceira do Projeto Viva Bem. "São relógios com diversos sensores que captam movimentos. Nós analisamos os dados que são captados, para buscar resolver algum problema e desenvolver novas tecnologias", explicou Rocha. Além dos dados fornecidos pela empresa, os pesquisadores do Projeto Viva Bem também realizam a coleta de dados através de voluntários.
Os resultados das análises são transferidos para a iniciativa privada que os aplica em seus produtos, tornando a colaboração uma via de mão dupla. Rocha entende que essa é uma forma de devolver o conhecimento produzido nas universidades para a população. "Passar o conhecimento para a sociedade é natural, pois estão aplicados nos produtos", defendeu.
Rocha apontou que essa tecnologia, embora focada em dispositivos de uso pessoal, tem sim impacto na saúde coletiva. Embora ainda não tenha nenhuma ação específica nessa área, por isso o coordenador definiu esse impacto na saúde coletiva como um efeito colateral. "Se você imaginar que conseguimos melhorar a saúde dos usuários desses relógios, nós conseguimos diminuir a quantidade de pessoas que buscam os serviços de saúde de forma tardia", disse Rocha.
"Se existem mil pessoas e elas descobrem um problema muito tarde, elas vão procurar o serviço de saúde ao mesmo tempo. Agora, ao longo do tempo, fizemos o monitoramento do que está acontecendo com cada uma delas, naturalmente, teremos uma divisão ao longo do tempo. Assim é possível melhorar a saúde coletiva, porque foi feita uma divisão ao longo do tempo através da detecção de manifestações precoces de doenças", exemplificou o coordenador do Projeto Viva Bem.
Uma das ambições dos pesquisadores é elaborar tecnologias que atuem como ferramentas para detectar alterações nos níveis de glicose no corpo de um indivíduo, assim ele pode adotar um estilo de vida mais saudável antes que a condição se agrave e acabe virando um diabetes, por exemplo.
Eficiência
Anderson Rocha celebrou a implementação de um novo espaço, pois assim os pesquisadores poderão trabalhar de forma mais centralizada e integrada. Antes de ganhar esse espaço, os pesquisadores ficavam espalhados pelas quatro unidades de ensino e pesquisa, que são: Instituto de Computação (IC), Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), Faculdade de Educação Física (FEF) e Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC). Agora, com um espaço para centralizar todos os pesquisadores, a expectativa é promover maior interação, trocas de conhecimento e experiências, realização de testes com protótipos e coleta de dados. Ou seja, esse ambiente será um importante gerador de inovação científica e tecnológica. "Agora todos os 53 alunos que fazem parte do projeto poderão utilizar o mesmo espaço para realizar as pesquisas", disse o coordenador do Projeto Viva Bem.
O corpo técnico do projeto conta com alunos desde a graduação até níveis de pós-doutorado e docência. Essa ampla faixa de abrangência tem como objetivo gerar a formação de recursos humanos altamente capacitados para atender às demandas do setor tecnológico e de inovação, através de trocas de conhecimento e experiências. As pesquisas desenvolvidas no Projeto Viva Bem são coordenadas pelo Laboratório de Inteligência Artificial da Unicamp, o Record.ai, um dos maiores da América Latina.