NO MUSEU EXPLORATÓRIO DE CIÊNCIAS

Unicamp usa câmeras para fazer o registro de asteroides

Equipamentos possibilitarão registrar chuvas de meteoros e identificar riscos de colisão

Thiago Rovêdo/ [email protected]
30/06/2022 às 09:39.
Atualizado em 30/06/2022 às 09:39
André Santanché, diretor do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, mostra uma das câmeras que, pela primeira vez no País, monitorará meteoros, em vez de apenas observá-los (Gustavo Tilio)

André Santanché, diretor do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, mostra uma das câmeras que, pela primeira vez no País, monitorará meteoros, em vez de apenas observá-los (Gustavo Tilio)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) vai inaugurar, às 17h desta quinta-feira (30), duas câmeras de monitoramento astronômico no Museu Exploratório de Ciências. Instaladas há cerca de dois meses por meio da parceria com a Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), os equipamentos passaram por testes durante esse período.

A inauguração faz parte do Asteroid Day — Dia do Asteróide —, que é um evento internacional que ocorre anualmente e simultaneamente em todo o planeta no dia 30 de junho. Nessa data, no ano de 1908, um asteroide de aproximadamente 50 metros de diâmetro explodiu nos céus da região de Tunguska, na Sibéria, no maior acontecimento desse tipo registrado pela história moderna. Felizmente, a região era praticamente desabitada e não houve registro de vítimas, mas uma área de mais de 2 mil quilômetros quadrados de floresta boreal foi completamente destruída pelas ondas de choque decorrentes da explosão.

Segundo o docente titular de Geologia do Instituto de Geociências da Unicamp, Álvaro Crósta, o objetivo é incentivar a ciência por meio de projetos relacionados à astronomia e à comunicação científica. Além das câmeras, que funcionam no período noturno, é utilizado um software de registro dos meteoros. 

"Queremos desenvolver ciência, principalmente em projetos de alunos de graduação, e também para divulgação científica. A ideia é introduzir o tema para crianças e adolescentes que frequentam o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp", explicou o pesquisador.

As duas câmeras instaladas na Unicamp podem registrar desde meteoros pequenos até os gigantes sprites — uma descarga plasmática de imensos raios em formato de medusa marinha que se forma no topo das nuvens de chuva e se move em direção ao espaço.

Por se tratar de uma rede aberta, os dados coletados na Unicamp serão compartilhados. De acordo com Renato Poltronieri, da Bramon, não havia um trabalho de monitoramento de meteoros no Brasil, apenas de observação. "O hemisfério Sul não é tão estudado como o hemisfério Norte. Por isso, a Bramon montou câmeras para monitorar o espaço e descobrir novas chuvas de meteoros. Desde então, já foram descobertas mais de 20, todas reconhecidas pela União Astronômica Internacional", disse.

Desde o início da operação da rede de observação na Unicamp, diversos eventos espaciais já foram registrados, como o Earthgrazer capturado em 2015 no interior de São Paulo — um tipo de meteoro que atinge camadas mais altas da atmosfera da Terra, percorrendo imensas distâncias. Dependendo do tamanho, do ângulo de aproximação da Terra e da velocidade, o objeto pode voltar para o espaço, como uma pedra que ricocheteia quando atirada rente à superfície de um lago.

Asteroid Day 

O Asteroid Day é realizado mundialmente para conscientizar a humanidade sobre o risco de colisão de asteroides contra a Terra. O Instituto de Geociências (IG), o Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, a Prefeitura Municipal de Campinas e o Museu Dinâmico de Ciências de Campinas prepararam uma programação especial para a população entre os dias 29 de junho e 3 de julho.

"Em 1908, uma área maior que 2 mil quilômetros quadrados de floresta boreal foi destruída. Mais de 80 milhões de árvores foram derrubadas. Se isso acontecesse em uma cidade como São Paulo, as perdas humanas e os danos materiais seriam incalculáveis", explicou Crósta, destacando a importância do evento. 

No Brasil, foram comprovadas nove grandes crateras de impacto, localizadas nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste, com diâmetros que variam de 4,5 a 40 km. Todas são relativamente novas em escalas cosmológicas, com idades entre 100 e 250 milhões de anos.

Outro evento relacionado ao Dia do Asteroide é o Fórum Permanente: Olhe Para Cima! Desafios da Comunicação sobre Defesa Planetária. Ele ocorreu ontem e continua durante todo o dia de hoje. Também vão ocorrer uma oficina de astrofotografia e atividades no Planetário do Museu Dinâmico de Ciências, na Lagoa do Taquaral, com exibição de filmes, oficina de lançamento de foguetes e observação de astros.

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