POLARIZAÇÃO

Unicamp tem dia de manifestações opostas

Grupo ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), contrário à ocupação da reitoria, e estudantes grevistas fizeram atos simultâneos na universidade

Agência Anhanguera de Notícias
03/07/2016 às 11:18.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:39

Estudantes grevistas e membros do Movimento Brasil Livre (MBL), que organizam protestos em todo Brasil pedindo a cassação da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), fizeram neste domingo (3) manifestações no principal balão de acesso à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Avenida Romeu Tórtima, em Barão Geraldo. Com posições contrárias, os dois grupos ficaram lado a lado no local e manifestaram suas opiniões de forma pacífica. O MBL se posicionou contrários à greve e à ocupação do prédio da Reitoria e reuniu cerca de 40 manifestantes no campus de Barão Geraldo. “O nosso objetivo é denunciar para a sociedade que essa greve tem um fundo político. O MBL se solidariza com a causa dos professores, alunos e funcionários, em defesa da Unicamp e contra a greve política, pelo respeito, a liberdade e a democracia”, afirmou Paulo Gaspar, presidente do grupo em Campinas. Foram espalhados cartazes que exigiam “fim da greve política, à favor da democracia e a liberdade”, além de bandeiras do Brasil. Também levaram um carro de som para a manifestação. Os universitários, por outro lado, dizem lutar em defesa da universidade pública de qualidade para todos e do direito de greve. Eles pedem, entre outras coisas, que a universidade desista do plano de contingenciamento de gastos do orçamento. “Fizemos esse ato em defesa da universidade pública gratuita e o direito à greve”, afirmou a universitária Carolina Bonomi. Cartazes também foram espalhados pelos estudantes em luta pela educação e saúde pública para a população. Quatro viaturas da Polícia Militar (PM) foram até o local para monitorar os atos, a pedido do MBL. Em assembleia realizada no final da tarde de sexta-feira, estudantes decidiram manter a ocupação. Já os professores encerraram a greve da categoria durante a semana. Funcionários da Unicamp também mantêm sua paralisação. “A pauta dos estudantes também nos interessa, além da luta salarial. Nossa situação está a pior possível. Estamos em greve há mais de trinta dias e não teve nenhuma negociação ainda. Não tem previsão de nenhuma reunião de negociação com a Reitoria. Não comunicaram nada formalmente para nós”, comentou João Raimundo Mendonça de Sousa, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), que marcou presença no ato. Os funcionários da universidade reivindicam um reajuste de 12,34%, mas até o momento a oferta é de 3%. A Unicamp informou que reconhece que o reajuste de 3% é insuficiente para recompor os salários, mas que é o índice possível de ser dado, por conta da crise. Na manhã de ontem, os universitários fizeram um café da manhã comunitário para cerca de 100 pessoas. “Fizemos esse café da manhã comunitário para termos um espaço de discussão para que as pessoas vejam que a ocupação e nossas atividades não são fechadas. Queremos dialogar com toda a comunidade da Unicamp e a população de Campinas”, disse Guilherme Montenegro, coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Durante o dia foram promovidas atividades artísticas, com diversos grupos, principalmente da temática afro-brasileira, já que os estudantes também lutam contra o racismo. “Essas manifestações significam um embate com a política da universidade, que ainda é racista, de não ter cotas raciais, na nossa opinião”, completou. Dois homens e duas mulheres fizeram um protesto contra a homofobia e se beijaram durante as manifestações. Reitoria aceitou parcialmente as reivindicações A Unicamp aceitou parcialmente na semana passada a pauta apresentada pelos alunos que ocupam a reitoria. Os manifestantes, em assembleia, mantiveram o movimento. Em relação ao contingenciamento do orçamento, após a regularização das atividades no prédio da reitoria, ocupado quase dois meses, a Administração Central informou que está disposta a debater e esclarecer os pontos reivindicados. A reitoria destacou ainda que finalizou a conversação sobre a desocupação do prédio, cuja reintegração está a cargo da Justiça e polícia. 

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