ESTUDOS

Unicamp investe em dois novos laboratórios

Centros para pesquisar medicações contra a dor e doenças tropicais custarão R$ 3 milhões

Cecília Polycarpo
06/04/2013 às 07:16.
Atualizado em 25/04/2022 às 21:37
Placa do prédio onde ficará o laboratório de doenças tropicais (Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

Placa do prédio onde ficará o laboratório de doenças tropicais (Gustavo Tilio/Especial para a AAN)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) terá dois novos laboratórios dedicados ao estudo da dor e à pesquisa de doenças tropicais até o meio do ano. O objetivo principal do projeto é a criação de novas fórmulas de remédios para combater e prevenir as enfermidades. O prédio de mil metros quadrados que irá abrigar os dois centros de pesquisa foi inaugurado esta semana, e construído com recursos do governo do Estado. O investimento total em instalações e equipamentos chega a R$ 3 milhões.

Para que os laboratórios comecem a funcionar, empresas especializadas precisam fazer a instalação dos equipamentos. Muitos deles se encontram na própria universidade, mas só podem ser removidos pelos fabricantes. “Se uma pessoa que não seja das empresas fizer a mudança, perdemos a garantia dos aparelhos”, explicou um dos diretores do centro e professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Fábio Trindade Costa.

O laboratório de doenças tropicais irá recrutar pós-graduandos do Instituto de Biologia para produzir conteúdo científico sobre doenças bacterianas, malária e leishmaniose. Para Costa, essas enfermidades foram negligenciadas durante anos pelas autoridades. O número de pessoas acometidas anualmente de malária no mundo assusta: são mais de 350 milhões de pessoas infectadas, com um milhão de mortes. Somente no Brasil, são 300 mil casos anuais.

“Hoje pagamos o preço por décadas de descaso. Os primeiros registros de malária no mundo são do tempo do Antigo Egito. E ainda hoje não temos uma vacina. Faltou investimento governamental”, disse. A doença, causada por um protozoário transmitido pelo mosquito Anopheles, é comum na Ásia, África e América Latina. O número de mortos pelo protozoário supera o da Aids — a malária é considerada problema de saúde pública em mais de 90 países. No Brasil, ocorre no Norte e Nordeste.

Já a leishmaniose, antes era comum apenas nos estados nortistas ou em áreas rurais, mas desde os anos 2000 avança exponencialmente nos centros urbanos de São Paulo. “Além de pesquisar remédios e vacinas contra a doença, vamos fazer pesquisas e controle de casos, para ajudar o governo estadual em políticas públicas contra a doença”, disse o diretor.

Segundo Costa, já houve desinteresse por parte das grandes empresas farmacêuticas em relação a pesquisa de novos medicamentos para essas doenças. Porém, hoje todos os grandes laboratórios têm um braço para o estudo de enfermidades tropicais. “Eles perceberam que é uma área importante, onde estamos extremamente atrasados”, completou.

No laboratório de estudos da dor, uma equipe de dois docentes e 21 alunos de pós-graduação irá pesquisar sobre os mecanismos da dor crônica e as substâncias liberadas pelo cérebro que causam dores inflamatórias e neuropatológicas. A ideia é a criação e testes de fórmulas que impeçam a ação da dor no organismo. “Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, muitos vivem mais tempo com dor. É difícil encontrar um idoso que não se queixe de alguma dorzinha. Queremos que eles vivam com qualidade”, explicou o professor de neurobiologia e coordenador do centro de estudos, Carlos Almicar Parada.

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