DISPUTA

Unicamp: estudantes decidem votar nulo para reitor

Eleições iniciaram movimento estudantil que define ação de protesto para cobrar mudanças

Felipe Tonon
07/03/2013 às 08:39.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:50
Eleição na Unicamp, que termina hoje: votos de professores, alunos e servidores têm peso diferente (Dominique Torquato/AAN)

Eleição na Unicamp, que termina hoje: votos de professores, alunos e servidores têm peso diferente (Dominique Torquato/AAN)

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unicamp anunciou que os universitários irão votar nulo na consulta que irá ajudar a definir o novo reitor da universidade, e que começou ontem. Insatisfeitos com a metodologia da eleição e com o fato de terem o voto com peso menor que o dos professores, o movimento estudantil pede mudanças para os futuros pleitos. Os alunos decidiram anular os votos após assembleia realizada na terça-feira. A consulta prossegue hoje e o resultado final será conhecido apenas em abril, após a universidade enviar uma lista tríplice para decisão final do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Concorrem ao cargo os professores José Cláudio Geromel, Mario José Abdalla Saad, Edgar Salvadori De Decca e José Tadeu Jorge.

Estudante de Ciências Sociais, a coordenadora do DCE, Diana Nascimento, criticou a forma como é feita a escolha do reitor. Os três nomes mais votados são encaminhados ao governador, que toma sua decisão independentemente do número de votos que cada um teve. “Tem vários episódios na história de o mais votado não ter sido escolhido. A forma como se estrutura o processo de consulta não é correta.”

Pelas normas da consulta, o voto dos professores vale 3/5, o dos funcionários e alunos, 1/5. “Mas esse um quinto só valeria se todos os estudantes de graduação e pós-graduação votassem, o que é praticamente impossível, a estrutura do processo desestimula a participação dos estudantes”, disse.

A decisão pelo voto nulo também foi motivada pela, nas palavras da coordenadora do DCE, “falta de atenção dos candidatos para as demandas dos estudantes”. “O DCE organizou uma série de debates e sabatinas com os candidatos, onde apresentamos nossas reivindicações, como mais vagas na moradia estudantil em Campinas, contratação de mais professores, mas nenhum dos candidatos se mostrou interessado nas demandas”, afirmou Diana.

A votação logo no início do ano letivo também não agrada ao diretório. Por conta disso, muitos calouros não podem participar da consulta. “Houve pouco tempo para fazer essa discussão com os estudantes. Com os calouros os problemas vão além. Apenas os de primeira e segunda chamadas podem votar, mas hoje estamos na quarta chamada. Esperamos que isso mude, e que seja uma eleição, de fato, e não apenas uma consulta.”

A presidente da Comissão Organizadora da Consulta para Sucessão do Reitor (COC), Silvia Figuerôa, reconheceu a necessidade de modificar a data da consulta. “Como a campanha e a consulta ocorrem no começo do ano, muitas pessoas estão em férias e os alunos ingressantes ainda não tiveram tempo de se informar sobre muitas questões relativas à Universidade. A mudança no calendário seria benéfica nesse sentido, pois favoreceria uma maior participação por parte da comunidade no processo de escolha do reitor. Penso que é um ponto a ser discutido. Uma possibilidade é manter a posse em abril, mas antecipar a consulta para o final do ano”, exemplificou. A decisão sobre essa alteração caberá ao Conselho Universitário (Consu).

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