RANKING QS

Unicamp é considerada a 3ª melhor universidade da América Latina e Caribe

Universidade subiu duas posições em relação ao ranking divulgado no ano passado

Luis Eduardo de Sousa/ [email protected]
15/09/2023 às 08:53.
Atualizado em 15/09/2023 às 10:24
Para alcançar o pódio, a Unicamp superou universidades altamente reconhecidas, como a Universidade do Chile e o Tecnológico de Monterrey no México; o primeiro lugar foi da USP (Alessandro Torres)

Para alcançar o pódio, a Unicamp superou universidades altamente reconhecidas, como a Universidade do Chile e o Tecnológico de Monterrey no México; o primeiro lugar foi da USP (Alessandro Torres)

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é a 3ª melhor universidade da América Latina e Caribe segundo a edição de 2024 do ranking QS (Quacquarelli Symonds), que avalia as melhores instituições de ensino e pesquisa. A Unicamp subiu duas posições na comparação com a edição de 2023 do ranking, divulgado no ano passado, quando figurou na quinta posição. Na comparação com o ranking divulgado em 2021 são quatro posições a mais, uma vez que a universidade foi listada como a 7ª melhor no ranking 2022.

No Brasil, a Unicamp foi superada apenas pela Universidade de São (USP), considerada a melhor. O ranking analisou 430 instituições em 25 países. A segunda colocada foi a Pontifícia Universidade Católica do Chile, que já esteve na liderança e é considerada uma das melhores do mundo. Ainda entre as instituições paulistas figura a Universidade Estadual Paulista (Unesp), na 10ª colocação.

A boa notícia contrasta com delicado momento enfrentado pela universidade, que enfrenta uma greve dos funcionários do setor administrativo como resposta à implementação de ponto eletrônico para registro de jornada (veja no final da página).

Além da constar na 3ª posição da classificação geral, a Unicamp figurou ainda como a 3ª colocada na quantidade de docentes com doutorado, atrás da USP (2ª) e Unesp e Universidade Federal do ABC (UFABC). As duas empataram no 1º lugar. Já no quesito publicação científica dos docentes, a universidade campineira aparece na 2ª colocação, atrás apenas da USP, mesma configuração quando se considera apenas as instituições brasileiras (97 no total).

O ranking é um dos mais respeitados do mundo e avaliou 17,5 milhões de publicações científicas, 141,6 milhões de citações, 2 milhões de referências acadêmicas, além de ouvir a opinião de 617 mil empresas latino-americanas sobre a reputação das universidades. O avanço ao pódio se deu em um período de ataque às universidades públicas, durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL), e de sucessivos cortes no orçamento voltado à pesquisa e educação. Quanto à reputação acadêmica, critério que tem o maior peso no ranking (30%), a Unicamp obteve nota 99,8 de 100.

Em resposta à divulgação do ranking, o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, conhecido por Tom Zé, considerou que as políticas de internacionalização da universidade influenciaram o avanço de posições.

“O fato de a Unicamp estar entre as três melhores universidades da América Latina e do Caribe é motivo de orgulho para a nossa comunidade acadêmica. A subida de posição reflete a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, além de coroar os esforços da gestão para incrementar as políticas de internacionalização implementadas à instituição”, declarou.

Para alcançar o pódio, a Unicamp superou universidades altamente reconhecidas, como a Universidade do Chile e o Tecnológico de Monterrey, no México. No ranking de 2022, outras universidades estrangeiras figuravam à frente da instituição brasileira, como a Universidad de Los Andes, na Colômbia, e a Universidade Nacional Autônoma de México.

NO CAMPUS

Nos corredores dos institutos da Unicamp, a notícia foi bem recebida pelos estudantes.

Estudante de arquitetura, Delmo Neto, de 28 anos, saiu de Porto Seguro, ao sul da Bahia, para estudar em Campinas. Lá, ele tinha como opção outra importante instituição, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), situada em uma das cidades com maior patrimônio arquitetônico do país, Salvador.

“Ter vindo para cá já mostra que a Unicamp não é qualquer coisa. Aqui tive a possibilidade de participar, ainda na graduação, de diversas pesquisas na minha área, que é a arquitetura. Todos os meus professores são extremamente capacitados e os laboratórios muito bem estruturados. É um polo tecnológico muito forte e possui, também, toda a diversidade do Brasil e do mundo, visto que há estudantes de diferentes origens. O simples fato de estar inserido aqui já educa”, disse Neto.

Os colegas Lucas Oliveira, 26 anos, e Sabrina Santos, 23, são da área de ciências exatas. Ambos são de fora da cidade, mas viram na Unicamp a realização de um sonho, sobretudo pelo reconhecimento obtido para as áreas do conhecimento que eles cursam. Ele estuda engenharia mecânica e ela faz matemática.

“Para meu curso, é a melhor (universidade). Às vezes a gente não tem dimensão desse reconhecimento todo, mas não é fácil estar aqui, as matérias são difíceis, os professores exigentes, as provas muito difíceis. É mais difícil sair que entrar”, brincou Oliveira, que saiu de São Paulo para estudar em Campinas.

“Foi a realização de um sonho. Eu estive aqui antes de estudar (na universidade) e os olhos brilharam. Tudo era muito bonito. E há o reconhecimento. Quando você conta que estuda na Unicamp e faz um curso difícil as pessoas ficam surpresas. Isso traz gratificação, orgulha a família”, contou Sabrina, natural de Boa Esperança do Sul, município paulista a 211 km de Campinas.

Com apenas 19 anos, Beatriz Silva já cursa o 2º ano de química. A jovem avaliou como justa a boa posição da Unicamp no ranking da QS, mas alertou para o que ela considera deficiências que, se corrigidas, podem contribuir para uma evolução ainda maior.

“Penso que a universidade tem de ser inclusiva e, para isso, (ela precisa) estar próxima do que é mais acessível ao universo de alunos. Nesse sentido, poderiam ser feitos ajustes em carga horária, repensadas algumas abordagens e, o mais importante, aumentar ainda mais a inclusão. Já temos, hoje, uma participação muito maior de pessoas pretas, de baixa renda, indígenas e de outras minorias no campus, em comparação com outras épocas, mas penso que essa participação pode ser ainda maior. É isso que confere à universidade o caráter de universal”, disse.

Em 2019, a Unicamp foi a primeira estadual a incorporar um vestibular voltado aos estudantes indígenas. Quatro anos após a iniciativa marcante são mais de 400 estudantes de diferentes etnias em diversos cursos da graduação.

“Acho que a Unicamp tem se aberto para questões bastante importantes - e isso traz cada vez mais heterogeneidade. É uma abertura tardia, mas vem acontecendo com as cotas, com o ingresso de diversas minorias. Complementar o espaço com pessoas que frequentam outros espaços aprimora o conhecimento e isso pode ter colaborado”, avalia a doutoranda em educação Simone Gomes de Melo. “No entanto”, continuou, “há uma dificuldade para manter esses estudantes, pois a região tem elevado custo de vida e boa parte das pessoas vêm de longe. Acho que isso ainda precisa ser aprimorado”.

Ainda no Brasil, além das já citadas universidades, aparecem entre as 20 mais conceituadas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (8ª); Universidade Federal de Minas Gerais (14ª); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) (17ª) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (18ª).

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