Unicamp destina espaço para ambulantes

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) inaugurou na manhã de segunda-feira, uma “praça de alimentação” alternativa ao lado da entrada do Hospital de Clínicas (HC), próximo ao estacionamento das ambulâncias, onde ficarão alocados, provisoriamente, comerciantes que trabalhavam de forma irregular nos arredores da unidade de saúde. Ao todo, 23 ambulantes foram habilitados pela Serviços Técnicos Gerais (Setec), órgão ligado à Prefeitura de Campinas, que desde o ano passado — por meio de um convênio firmado com a instituição de ensino —, é responsável pela fiscalização e gestão do solo público no campus de Barão Geraldo. Em nota, a autarquia informou que foi montada uma comissão entre os comerciantes ambulantes, que conduziu o processo junto à Unicamp, definindo o número de 23 barracas desmontáveis a serem instaladas no local e uma taxa mensal de R$ 123,36, estipulada com base na metragem das tendas. Ficou determinado também que poderão ser comercializados salgados e bebidas. O texto diz ainda que a universidade “irá construir toda infraestrutura, como rede de água e esgoto, bem como barracas em alvenaria, garantindo assim uma boa prestação de serviços à população”. A revitalização do espaço foi confirmada por Joaquim Murray Bustorff, chefe de gabinete da reitoria da Unicamp, que ressalta, entretanto, que o processo ainda está em fase de análise e deve demorar mais alguns meses para ser concluído. Sobre a medida, Bustorff explica que ela implicará em uma maior organização no campus, beneficiando a logística dos pacientes que circulam na área. Anteriormente, a entrada do HC vivia congestionada. “Muitas pessoas passam o dia aqui esperando por uma consulta e eles demandam uma alimentação de baixo custo e boa qualidade. As lanchonetes no entorno são concessões da universidade, mas por alguma razão comercial praticam preços — aparentemente — superiores aos que os pacientes podem pagar”, comenta. Maria Cristina, dona de casa de 53 anos, conta que há 18 anos realiza um tratamento neurológico na Unicamp, percorrendo de duas a três vezes por mês os 173km que separam Mococa — município onde reside — de Campinas. A desgastante rotina implica em deixar a sua cidade por volta das 3h e retornar somente no final do dia, quando o último paciente da localidade é atendido, resultando na volta do micro-ônibus cedido pela prefeitura. Para ela, a manutenção dos comerciantes é extremamente vantajosa. “Nos restaurantes eu e minha filha gastamos em média R$ 22 para nos alimentarmos, enquanto com eles (ambulantes) o valor fica em torno de R$ 7”, afirma. Além dos pacientes, trabalhadores da própria universidade formam o público-alvo dos ambulantes. Há cinco meses atuando como servente de limpeza no HC, Elaine Fernandes, de 28 anos, enfatiza que toma café fora do hospital “porque lá dentro é bem mais caro”. Djalma José de Carvalho, de 50 anos, vende alimentos há dois anos no campus. Pernambucano, ele relembra que deixou sua terra natal em busca de melhores oportunidades profissionais. Porém, não conseguiu atuar como mecânico de suspensão na região. Então, o comércio ambulante foi a solução encontrada. Carvalho expressa que a situação estava complicada e que a regularização veio a calhar. “Agora, nós podemos trabalhar com tranquilidade, devido a não precisarmos mais correr da fiscalização”, diz. Fila de espera Contudo, nem todos conseguiram um espaço. Júlio César Araújo da Costa não foi contemplado e segue atuando em frente ao HC de forma irregular. Fato, que segundo ele, não vai mudar. “A minha esperança é alguém desistir e abrir uma vaga para mim”, diz o ambulante de 28 anos, que revela ter sido informado pelos seguranças que deve deixar a área.