Unicamp criará 18 leitos de enfermaria para tratar covid

O Conselho Administrativo do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp anunciou, no fim da tarde de ontem, a abertura até amanhã de 18 novos leitos de enfermaria destinados a pacientes com covid-19. A medida objetiva reduzir a superlotação da unidade hospitalar, registrada na terça-feira, o que provocou a suspensão de atendimentos por 24 horas e adiou todas as cirurgias eletivas até o dia 26 de março.

O superintendente do HC da Unicamp, Antônio Gonçalves de Oliveira Filho, informou que as medidas tomadas na terça surtiram efeito e causaram "uma melhora boa na situação" do hospital. Entretanto, o médico aponta que a ocupação de leitos ainda está em 200%. "Ontem, estávamos com 338% de ocupação. Havia 67 pacientes no pronto-socorro. Hoje, estamos com 45".

Oliveira Filho também disse que havia oito pacientes que estavam intubados e aguardando vagas, mas que o número foi reduzido para três. "As medidas tiveram efeito, mas ainda é muito preocupante, por isso seguimos com a suspensão de procedimentos e interações eletivas", justificou o superintendente do HC.

"Na reunião do Conselho do HC, definimos que vamos fazer uma mobilização interna com as equipes médicas para abrirmos 18 novos leitos de enfermaria covid-19. Com a suspensão das cirurgias eletivas, temos a possibilidade de ter leitos destinados para o tratamento de infectados pelo novo coronavírus. Então, estamos fazendo um redirecionamento interno com os médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para abrir esses leitos", revelou o superintendente, que apontou ainda que os 30 leitos de UTI do HC seguem com 100% de ocupação e que dos atuais 28 leitos de enfermaria, 27 estão ocupados.

"Para abrir leitos de UTI, nós até temos a estrutura, mas é necessária uma equipe muito grande e não é possível fazer a contratação rápida de novos profissionais. Por isso, neste momento, estamos mobilizados para abrir os 18 leitos de enfermaria, que vão ajudar a aliviar a demanda no HC, até porque atendemos a demanda de emergência e urgência de muitas cidades da região", acrescentou.

O HC é responsável pelo atendimento de casos de maior gravidade (urgência e emergência, atendimento de pacientes oncológicos, cirurgias complexas e transplante de órgãos sólidos) de Campinas e região. Na terça, o hospital atingiu sua capacidade máxima entre pacientes com covid-19 e outros oriundos dos atendimentos emergenciais. "O que causa muitos problemas é que não somos só um hospital para tratamento de covid-19. O HC é referência em oncologia, para transplantes de fígado, rins, coração, cirurgias neurológicas e para as emergências. Por isso nós não conseguimos ampliar ainda mais o atendimento para covid-19", justificou.

O coordenador de assistência do HC da Unicamp, Plínio Travassos destacou que os 18 novos leitos vão contribuir para que os 30 leitos de UTI covid-19 possam ser desocupados de forma mais rápida. "De uma forma geral, em se tratando de covid-19, metade dos pacientes precisam de leitos de UTI e a outra de leitos de enfermaria. Então, os 18 novos vão ajudar muito nesse momento porque são os leitos que atendem os casos agudos da doença, que não são tão graves, mas ainda exigem uma internação, e também recebem os pacientes com covid-19 que tiveram alta da UTI e não têm condições de ir para casa ainda", detalhou Travassos.

O coordenador de assistência esclareceu ainda que o HC promoverá uma "redução parcial" nos atendimentos ambulatoriais para poder "fazer esse rearranjo" nas equipes médicas do hospital. "A organização do sistema é bastante complexa. Vamos reduzir em no máximo 20% os atendimentos nos ambulatórios, com exceção nos casos oncológicos, para contribuir para essa mobilização. Claro que essa redução parcial é variável para cada especialidade. Dentro desse contexto, vamos suspender atendimento de novos casos ambulatoriais enquanto estivermos nessa situação catastrófica que estamos vivendo", observou Travassos.

Por conta da redução no atendimento dos ambulatórios, o coordenador de assistência disse que todos os médicos do HC vão "contribuir com 30% de sua carga horária" para atender os pacientes que serão atendidos pelos 18 novos leitos de enfermaria. "Decidimos que todos os médicos, a despeito da especialidade, vão atuar nos novos leitos, dentro do limite de carga horária, para compor essas equipes", finalizou.