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Unicamp cria programa para autistas

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou ontem, na Câmara Municipal, a criação de um programa de atenção especial ao autismo

Henrique Hein
06/04/2019 às 10:48.
Atualizado em 04/04/2022 às 10:08

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou ontem, na Câmara Municipal, a criação de um programa de atenção especial ao autismo, com o objetivo de ampliar a rede de cuidados e possibilitar o diagnóstico precoce, por meio da capacitação de pediatras, educadores municipais e profissionais da atenção básica da saúde. Na tarde de ontem, foram assinados os convênios para implantação do programa, que será viabilizado com recursos oriundos de emendas parlamentares, disponibilizados pela Frente Parlamentar que atua sobre o tema. O programa será instalado numa área de 350 metros quadrados ao lado do Hospital de Clínicas (HC) — as atividades estão previstas para começar no primeiro semestre de 2020. O projeto está orçado em R$ 1,7 milhão, que deverão ser disponibilizados ainda neste ano. Para 2020, está previsto outro investimento no mesmo valor. Os recursos federais, contudo, dependem de aprovação de emendas na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. O diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Luiz Carlos Zeferino, afirma que a unidade será importante porque vai multiplicar o conhecimento sobre as formas de tratamento do transtorno. Ele explica que a iniciativa visa capacitar os profissionais da rede pública para que eles possam conseguir identificar, com mais facilidade, quando uma criança apresenta sintomas do autismo. Após esse diagnóstico, escola, família e equipe de saúde são chamados para discutir o projeto terapêutico com a criança, a fim de oferecer o tratamento no novo espaço que está sendo construído. “Uma criança que tem o autismo detectado precocemente, os resultados terapêuticos são muito melhores”, avalia o diretor. Zeferino disse ainda que, assim que os recursos federais forem disponibilizados, o programa poderá oferecer alguns cuidados que não são possíveis com a estrutura atual da Unicamp, como, por exemplo, salas de avaliação com câmeras que permitam a observação remota dos atendimentos e de estimulação neurossensorial, onde a criança poderá aprender como processar sensações de forma diferente e enfrentar dificuldades comuns relacionadas a estímulos com tato e audição. O espaço, com isso, servirá para ajudar a criança que tem autismo a desenvolver comportamentos que ela não tem, como olhar no olho, se interessar pelo que o outro está fazendo, chamar atenção do outro e usar a linguagem para se comunicar. Renata Cruz Soares de Azevedo, chefe do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM, avalia que a parte fundamental do programa será capacitar os agentes dos municípios, tanto para identificar possíveis casos de autismo, quanto para prestar os cuidados necessários. “É muito difícil para um município não capacitado acolher e cuidar. O programa fará capacitações e, depois, matriciamentos, presenciais ou à distância, para discutir e acompanhar os casos. O objetivo é capilarizar o cuidado”, explica. A doença O autismo é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por padrões restritos de comportamentos e déficits marcantes na comunicação e na interação social. O autista, em geral, apresenta pouca flexibilidade para mudanças de rotina e problemas na percepção sensorial do ambiente, além de estereotipias e dificuldades para estabelecer conversas e compartilhar suas emoções. Atualmente, estima-se que a doença afete 70 milhões em todo o mundo. Um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) aponta também que uma em cada 160 crianças têm autismo no Brasil. Segundo dados epidemiológicos, cerca de 2 milhões de pessoas são autistas no País. Somente na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o número atinge aproximadamente 30 mil pessoas.

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